terça-feira, 30 de setembro de 2014

Nova publicação em TURISMO ADAPTADO

Idosos ‘aposentam’ cadeiras de balanço e curtem a vida depois dos 60

by Ricardo Shimosakai
Em baixa temporada, Porto Seguro (BA) recebe muitos turistas idososEm baixa temporada, Porto Seguro (BA) recebe muitos turistas idosos
Eles já trabalharam por muitos anos. Os filhos foram criados, e começam a construir a própria família. Com a saída da prole, a casa fica mais vazia. E agora, o que fazer? Comprar uma cadeira de balanço e aguardar a visita dos netos nos fins de semana? Não. Engana-se quem pensa que os maiores de 60 anos querem descansar ficando em casa em frente à TV. Depois de dar duro na vida, a ordem agora é se divertir. E para agradar esse público, conhecido como "Terceira Idade" ou "Melhor Idade", surgem cada vez mais novidades em várias áreas de entretenimento e saúde, por exemplo.
Em setembro deste ano, mês em que se comemora o Dia Nacional do Idoso e o Dia Internacional da Terceira Idade, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2013, que foi divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou que são 26,1 milhões de idosos no país, o que equivale a 13% da população brasileira. Além disso, a expectativa é que até 2060 sejam 58,4 milhões de pessoas maiores de 60 anos no país. No mundo, até 2050, a previsão são de 400 milhões de indivíduos com mais de 80 anos.
Há três anos, a aposentada Inêz Jacintho Baeta da Costa, de 80, começou a viajar com grupos para várias cidades do Brasil. "Sempre vou com a mesma empresa de turismo. Com eles já conheci Maceió, Natal, Gramado e algumas cidades do Sul de Minas, como Passa Quatro, São Lourenço e Caxambu. Tudo é muito animado, nos divertimos com jogos durante o trajeto, conversamos bastante e, além de sair durante o dia, conhecemos a vida noturna da cidade", contou a dona de casa, que chega a viajar até quatro vezes por ano.
Dona Inêz também ficou dois meses fora do país em uma viagem que fez com a irmã. "Fomos para o apartamento da minha sobrinha na França. No tempo que fiquei lá conheci também Mônaco, Itália, Alemanha, Suíça, Inglaterra, Holanda e Bélgica. Este ano só viajei uma vez. Já estou ficando estressada", brincou a dona de casa.
Morando sozinha, a idosa é totalmente independente. Pratica exercícios físicos, cuida da casa e ainda arruma tempo para cantar no coral da igreja e fazer artesanato uma vez por semana. Animada, ela já programa o próximo destino. "Me convidaram para ir ao Rio de Janeiro em outubro. Acho que vou aceitar e comemorar meu aniversário lá" disse.
Há 27 anos, a empresa Pampulha Turismo começou a investir em pacotes de viagens para pessoas com mais de 60 anos, após perceber que esse público busca cada vez mais novas experiências.
Os pacotes para a terceira idade correspondem a 40% das vendas da empresa. Cidades históricas mineiras, como Ouro Preto e Tiradentes são dois dos destinos mais procurados. Os clientes podem escolher viagens em três dias da semana.
Além de Minas,  Caldas Novas, em Goiás, Aparecida do Norte, em São Paulo, Porto Seguro, na Bahia, são os locais mais procurados pelos idosos. Já no exterior, muitos optam por Buenos Aires, na Argentina.
Além de conhecer novos lugares e pessoas, a facilidade na hora de adquirir um pacote de viagens também chama a atenção dos aposentados. Dependendo do destino, um pacote com transporte, hospedagem e alimentação inclusos pode sair por um preço acessível e ser pago em boleto bancário ou dividido no cartão de crédito.
Quem preferir, também pode aproveitar o programa "Viaja Mais Melhor Idade", criado pelo governo federal, onde é possível ter uma linha de crédito especial para viajar pelo Brasil. Para outras informações sobre o programa, clique aqui.
Dança
Enquanto alguns viajam, outros preferem se lançar em um novo desafio: a dança. Edvalde Brandão, de 71, mais conhecido como "Edvalde Forrozeiro", dança forró há nove anos e, há sete, se especializou no estilo pé de serra. "Sempre assistia e comecei a achar interessante. Olhei algumas escolas e me matriculei na Escola Catedral. Atualmente, faço uma aula por semana", contou.
Segundo o dançarino, o que ele aprende na aula coloca em prática em algumas casas noturnas da capital mineira. O idoso sai para dançar aos domingos, terças e sextas-feiras. Geralmente fica das 22h às 3h nas casas de show. "Devo muito a dança. É uma coisa que eu gosto e minha saúde está ótima. Enquanto estou dançando esqueço dos problemas. Volto para casa de alma lavada. E ainda quero aprender a dançar samba de gafieira", disse.
Benefícios de uma vida ativa na terceira idade
Se exercitar é fundamental para minimizar os efeitos negativos do avanço da idade. De acordo com o geriatra Flávio Aluízio Xavier Cançado, as ações para uma vida saudável devem começar ainda quando jovens. "Temos que nos preparar e aceitar o envelhecimento. A parte física e emocional devem ser trabalhadas para que, quando passar dos 60, os idosos tenham uma rotina estruturada e que possam fazer atividades do interesse deles", explicou.
Sair com os amigos, fazer exercícios físicos e trabalhos voluntários, por exemplo, pode ajudar no combate ou na prevenção de doenças. "A pessoa que fica mais isolada, parada, sem nenhuma atividade, está propícia a doenças celebrais, cardiovasculares, depressão, diabetes e ao sedentarismo", explicou o médico.
Alguns tratamentos terapêuticos também podem ajudar no combate a doenças. Entre eles está a hidroterapia. Segundo o especialista em fisioterapia aquática, Rogério Celso Ferreira, o método pode ser um bom aliado nos tratamentos de AVC, dores na coluna, artrose e fibromialgia.
"A hidroterapia é diferente da hidroginástica. Nela, o fisioterapeuta fica dentro da água com o paciente e passa exercícios específicos para cada pessoa. Durante o tratamento, a melhora é progressiva", disse o fisioterapeuta.
O geriatra Flávio também destaca a importância de um acompanhamento médico. "Mais que qualquer outra pessoa, os idosos devem fazer controles periódicos. O ditado de 'quem procura acha' é errado. Tem que cuidar da saúde e, se tiver que achar algum problema, que seja o mais rápido possível para que inicie o tratamento cedo. No mais, é aproveitar a vida e ser feliz", finalizou.
Fonte: O Tempo

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