segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Copenhague investe em semáforos que priorizam bicicletas e ônibus
Recentemente divulgamos que a cidade de Aarhus, na Dinamarca, está testando uma nova tecnologia para aumentar a segurança dos ciclistas nas ruas. A etiqueta RFID (sigla em inglês para “identificação por radiofrequência”), espécie de chip instalado nas bicicletas, aciona os semáforos para que fechem para os carros quando ciclistas se aproximam de um cruzamento. Copenhague, conhecida por ser a cidade mais ciclável do mundo, não vai ficar para trás nessa. A prefeitura da capital está investindo ainda mais nos semáforos da cidade, de modo a priorizar ainda mais os ciclistas e os usuários de transporte coletivo.
Gunnar Bothner-By / Flickr
A prefeitura da capital dinamarquesa anunciou que os semáforos em todos os cruzamentos da região central vão ser capazes de identificar o tipo do veículo que se aproxima. Dessa maneira, o tráfego poderá ser organizado de maneira mais eficiente. Dando sempre a preferência para a bicicleta e para o transporte coletivo. Segundo o blog Outra Cidade, o tempo de viagem dos ciclistas pode ser reduzido em 10%. Um ganho importante, mas menor do que o estimado para o usuário de transporte público, que poderia economizar até 20% do seu tempo de deslocamento.
Para os ônibus, o sistema será um pouco diferente. Os motoristas dos transportes coletivos vão informar seus trajetos e quantos passageiros estão levando. Dados que serão retransmitidos para os semáforos que estiverem em seus caminhos, que poderão, eventualmente prolongar o tempo de luz verde para o coletivo não precisar parar.
Serão 380 semáforos instalados. Com o novo sistema, grupos de ciclistas que estiverem andando a 20 km/h vão encontrar todos os semáforos pegarão todos os semáforos abertos na ida e na volta do trabalho. Assim, andar mais rápido não vai compensar, e quem pedala devagar vai ganhar mais tempo por conta do melhor fluxo. Espera-se que o tempo de deslocamento diminua em 10% para os ciclistas e de 5 a 20% para quem vai de ônibus.
(Fonte: OutraCidade e CityLab)
- See more at: http://thecityfixbrasil.com/2016/02/29/os-semaforos-inteligentes-de-copenhague-vao-dar-prioridade-para-bicicletas-e-onibus/#comments

Música e cores deixam moradias privadas e coletivas mais estimulantes

Escrito por  Maria Luisa Trindade Bestetti (*)
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musica-e-cores-deixam-moradias-privadas-e-coletivas-mais-estimulantes-fotodestaqueSe considerarmos o uso de melodias adequadas ao idoso morador e a composição de ambientes coloridos com tonalidades em tons suaves, certamente poderemos criar situações de conforto e prazer. Essa é uma prerrogativa para pessoas de qualquer idade, mas a fragilidade crescente de pessoas no período da velhice torna mais urgente que se tomem iniciativas assim, tanto em moradias coletivas como em habitações privadas. Animar o ambiente com música e cores pode servir de meio para a criação de vínculos através do prazer de estar num lugar significativo.
Quando entramos em um lugar todo branco, com poucos acessórios, qual a reação? Geralmente o que vem à cabeça é a semelhança com ambiente hospitalar, sempre associado à assepsia mas, também, à dor e à incerteza. E o silêncio? Pode ser um coadjuvante importante quando a mente necessita foco para atividades intelectuais, mas um inimigo perigoso quando a solidão sugere pensamentos negativos.
Há relatos sobre pessoas demenciadas que se mantinham alheias até ouvirem músicas importantes, chegando a cantar e dançar como reação ao estímulo. Visitei uma Assisted Living em Nova Iorque, no coração de Manhattan, e um sistema de som mantinha a execução de jazz em todas as áreas de estar e de passagem. O volume do som era audível mas sutil, animando os locais de encontro e de distração. Em setores de atividades o foco e a concentração são necessários e, portanto, não havia música.
Existem estudos sobre a psicodinâmica das cores e os efeitos que podem criar nos diversos ambientes que utilizamos. Cores quentes (amarelo, laranja e vermelho) são estimulantes mas podem irritar se a sua intensidade e a extensão das superfícies coloridas não estiver compensada por tons complementares. Cores frias (violeta, azul e verde) são relaxantes mas podem deprimir, caso não estejam equilibradas com tons quentes. Estampas em excesso podem desorientar, mas a falta de elementos dinâmicos pode tornar o conjunto extremamente frio e sem graça. E a luz é importante nesse ponto! Tanto a natural como a artificial enfatiza a cor e, portanto, o efeito pode ser positivo ou não, ainda havendo o risco de ofuscamentos se as superfícies brilhantes refletirem diretamente na linha de visão das pessoas.
Se considerarmos o uso de melodias adequadas ao idoso morador e a composição de ambientes coloridos com tonalidades em tons suaves, certamente poderemos criar situações de conforto e prazer. Essa é uma prerrogativa para pessoas de qualquer idade, mas a fragilidade crescente de pessoas no período da velhice torna mais urgente que se tomem iniciativas assim, tanto em moradias coletivas como em habitações privadas. Sabemos que há diferentes preferências nos grupos familiares, o que torna o resultado passível de discussões coletivas. 
Mas onde se estabelece a privacidade do idoso, ele e somente ele pode definir. Se estiver com poucas condições cognitivas para isso, há dinâmicas que permitem que participe da escolha, estimulando-se a colaboração com paciência e tolerância. Portanto, animar o ambiente com música e cores pode trazer bons resultados para a socialização do idoso, podendo servir de meio para a criação de vínculos através do prazer de estar num lugar significativo.
(*) Maria Luisa Trindade Bestetti - Sou arquiteta e pesquiso sobre as alternativas de moradia para idosos no Brasil, especialmente sobre a habitação mas, também, o bairro e a cidade que a envolvem. Ser modular significa harmonizar todas as etapas da vida, atendendo desejos e necessidades. Se você tem mais de 50 anos e está preocupado sobre como morar na velhice, participe: leia, comente, pergunte, discuta!... Estamos vivendo mais e melhor, é preciso que pensemos nisso com a tranquilidade e a  a confiança necessárias para podermos viver muito com segurança e conforto. Blog: Acesse  Aqui
http://www.portaldoenvelhecimento.com/moradias/item/3949-musica-e-cores-deixam-moradias-privadas-e-coletivas-mais-estimulantes

Supermercados aderem à acessibilidade com carrinhos projetados para deficientes

by Ricardo Shimosakai
A Oppacart, criadora do projeto, desenvolveu em parceria com o Grupo Pão de Açúcar os carrinhos que oferecem este tipo de acessibilidadeA Oppacart, criadora do projeto, desenvolveu em parceria com o Grupo Pão de Açúcar os carrinhos que oferecem este tipo de acessibilidade
Quando o assunto é deficiência, inúmeras questões sobre a falta de acessibilidade vêm à tona. Porém, aos poucos e positivamente, isso começa a tomar outro rumo.
Nas novas Arenas de futebol, como a do Palmeiras por exemplo, 1.400 lugares são reservados somente para deficientes. Neste mês de fevereiro, o tema voltou a ser discutido nas redes sociais por meio da postagem de uma mãe.
O caso começou após a mãe postar uma mensagem de dentro de uma rede de supermercados (na qual ela não costumava fazer compras), fazendo menção ao mercado que até então era cliente, seguida da imagem de seu filho deficiente sentado em um carrinho projetado especialmente para os mesmos. Demorou minutos para a notícia tornar-se viral e ser tema de debate.
Pensando nas dificuldades e descaso que diversas famílias convivem em relação às pessoas com necessidades especiais, a Oppacart, criadora do projeto, desenvolveu em parceria com o Grupo Pão de Açúcar os carrinhos que oferecem este tipo de acessibilidade, justamente para facilitar e trazer essa aproximação entre cliente e supermercado.
"A Oppacart é uma empresa que desenvolve carrinhos de compras e equipamentos de movimentação para o varejo. Estamos sempre buscando novidades que possam melhorar o dia a dia dos consumidores. Lançamos esse carrinho na feira APAS de 2015, e estamos muito felizes em poder fazer parte de um movimento que impacta positivamente a sociedade", revela Mario Schioppa Neto, sócio-diretor da Oppacart.
O poder de influência das redes sociais foi tão grande que os supermercados concorrentes entraram em contato um com outro para divulgar o fornecedor dos carrinhos acessíveis, neste caso a Oppacart. A postagem obteve a marca superior de 37k em curtidas e 41k em compartilhamentos de forma orgânica, isto é, sem os links patrocinados.
De acordo com a última pesquisa do Censo 2010, no Brasil, cerca de 23,92% da população possui alguma deficiência, sendo 65,74% homens e 34,26% mulheres.
Fonte: Exame
Ricardo Shimosakai | 28/02/2016 às 12:00 | Categorias: acessibilidade | URL:http://wp.me/pSEPi-6t6

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Marta Gil, consultoria em Inclusão, compartilha:

Acabo de ouvir uma entrevista pela CBN SP: programa Revista CBN, âncora Pétria Chaves 



O aplicativo visa substituir a clássica agenda e aumentar a interatividade escola/pais. Parece interessante; ganhou prêmio na Inglaterra.


Pensei na sua utilidade para alunos com deficiência, principalmente em casos de bullying; no caso de escolas particulares que estão contratando estagiários de Pedagogia como forma de cumprir  a lei (que proíbe que famílias paguem um professor auxiliar), mas de um jeito que compromete muito a qualidade... enfim, sou fã da parceria família/escola, que pode fazer a diferença na inclusão.

Vale conferir.

Deficientes visuais ganham emojis que falam

by Ricardo Shimosakai
Emoti Sounds. Para muitas pessoas, ouvir é uma forma de ver.Emoti Sounds. Para muitas pessoas, ouvir é uma forma de ver.
Uma nova associação cognitiva para pessoas com deficiência visual. É este benefício do novo projeto da Artplan para a Live TIM, ultra internet fixa da TIM, batizado de Emoti Sounds. Por meio de um plugin que torna a leitura dos emoticons mais emotiva para quem usa o leitor de tela livre NVDA (NonVisual Desktop Access) em desktop, a iniciativa traz uma sensibilidade maior à interpretação das imagens que até então eram lidas de maneira fria, por meio de uma gravação de voz que descreve a imagem.
Ao instalar o plugin associado ao leitor NVDA, a ferramenta permite que as pessoas com deficiência visual tenham uma experiência equiparada a qualquer outro leitor na utilização de uma linguagem tão usada hoje. Como exemplo prático, o leitor de tela reproduzirá o som de um beijo, em vez de dizer “Emoticon Beijo”, por exemplo, e assim sucessivamente com as 68 imagens ‘traduzidas’ pelo plugin. A concepção dos sons contou com a colaboração da equipe do Instituto Benjamin Constant, centro de referência nacional para questões da deficiência visual.
“O projeto é pioneiro no segmento e compreende todas as diretrizes que o Instituto valoriza, dentro do tripé que trabalhamos, alinhando Acessibilidade, Inclusão e Cidadania. Participamos da iniciativa ‘testando’ os sons e sugerindo algumas modificações. Os jovens com deficiência visual, que hoje já se comunicam através de muitos instrumentos, vão se sentir igualados ao irmão, a um amigo ou a qualquer outra pessoa, por meio desta nova leitura com os emoticons sonoros. Para quem não tem deficiência visual, este parece um projeto simples. Mas ele humaniza uma ideia. Afinal, a emoção não afeta apenas a determinados grupos de pessoas, atinge a todos os homens”, comenta Maria da Gloria Almeida, Assessora da Direção Geral do Instituto Benjamin Constant.
O projeto faz parte de uma iniciativa maior que permeou toda a comunicação da Live TIM no decorrer do último ano, com o conceito “Dá Pra Ser Assim”.
“Lançamos um novo posicionamento para o serviço Live TIM em 2015 que reforça o compromisso da marca com a integridade e a transparência. O Emoti Sounds se encaixa perfeitamente nesse conceito, porque entendemos que essa postura de respeito e parceria deve extrapolar as ações focadas somente no produto. A ideia é torna-la tangível à população, com um projeto de acessibilidade e inclusão relevante para tantas pessoas. Estamos orgulhosos dessa iniciativa e esperamos contribuir para que os deficientes visuais estejam ainda mais conectados em seu dia a dia”, explica Livia Marquez, diretora de Advertising & Brand Management da TIM Brasil.
“Acreditamos que estamos inaugurando uma nova forma de comunicação, socialmente relevante e acessível e que promove uma mudança na vida das pessoas. Nesse projeto, a qualidade do trabalho foi artesanal, e contamos com a colaboração de um instituto que é referência para a inclusão de pessoas com deficiência visual, que foi a equipe do Benjamin Constant. Esta colaboração foi indispensável para colocar o projeto Emoti Sounds para funcionar”, conta Rodolfo Medina, presidente da Artplan.
O plugin Emoti Sounds é gratuito, e está disponível para leitura em português e inglês, podendo ser utilizado por qualquer pessoa que tenha o NVDA em seu desktop. Basta instalar o plugin através da área de Add On do NVDA ou através do site do projeto Emoti Sounds no link http://www.emotisounds.com.
Gosto popular
Os emoticons têm se popularizado em todo o mundo como uma das diversas formas de comunicação na grande rede. No final do ano passado, o dicionário Oxford elegeu a figura “chorando de rir” como a palavra mais “falada” de 2015. Foi a primeira vez na história que uma imagem que representa uma ideia foi vencedora da categoria.
O Oxford elege a palavra do ano considerando países que falam inglês como a primeira língua. A escolha é feita a partir de termos mais abordados no último ano, que definam um retrato da sociedade a partir das ideias e palavras mais usadas.
Fonte: Bem Parana
NOSSO ESTUDO É CURTO. NOSSA FÉ É SEM TAMANHO.


   Quando começamos a trocar olhares mais demorados, eu Devanir, tinha 12 anos, e meu futuro marido, Osmar, tinha 17.
   Morávamos no sítio, casei com 16 anos. A lida envolvia café, laranja, amendoim, e horta para nosso consumo.
   Quando os filhos tinham 11 e 2 anos decidimos vir para cá, buscando estudo para eles. Osmar conseguiu emprego de vigia, e logo estruturamos uma horta. Trabalhávamos ambos, ele em seu período de descanso, e logo ganhava mais com a verdura que vendia em seu emprego do que sua diária de trabalho. Os filhos iam para a escola, depois vinham para a horta, nos ajudando após fazer suas lições.
   Lutamos muito, hoje ambos têm educação universitária, e continuam parceiros, pois, a horta é de nossa família, sustenta minha casa e os sonhos de crescimento que vão surgindo com a vida.
   Foi graças ao empenho e estudo de meu filho mais velho que dominamos o cultivo usando a técnica hidropônica. Ele nos auxilia na dosagem dos nutrientes até hoje.
   Temos orgulho de contar com muitos clientes fiéis, alguns há vinte e dois anos. Em volta da horta o Osmar plantou muitas roseiras, que oferecemos à Nossa Senhora Aparecida. Muitas pessoas pedem mudas e rosas. Damos com alegria, como oferta de nossa Santa.
   Hoje tenho 58, há tempos procurando controlar minha pressão alta. O Osmar está com 63 anos, ativo apesar de ter um coração que lhe dá um bom trabalho. Os filhos nos cuidam como dois anjos da guarda.
   Osmar reza o terço todo dia, antes de deitar. Dá risada de mim porque rezo deitada. Esta hora estou cansada, acordamos às três da madrugada para o trabalho, costume da roça.

“Deus é puríssima essência. Para os que tem fé nele, Deus simplesmente é.” – Mahatma Ghandi.
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Chocolate, páscoa e trabalho infantil: Conheça as sete marcas de chocolate que utilizam trabalho escravo infantil

Em setembro de 2015, foi apresentada uma ação judicial contra a Mars, a Nestlé e a Hershey alegando que estas estavam a enganar os consumidores que "sem querer" estavam a financiar o negócio do trabalho escravo infantil do chocolate na África Ocidental.
A reportagem é de Camila Vaz, publicada por Oplanetaquetemos, 09-02-2016.
Crianças entre os 11 e os 16 anos (por vezes até mais novas) são fechadas em plantações isoladas, onde trabalham de 80 a 100 horas por semana. O documentário Slavery: A Global Investigation (Escravidão: Uma Investigação Global) entrevistou crianças que foram libertadas, que contaram que frequentemente lhes davam murros e lhes batiam com cintos e chicotes. "Os espancamentos eram uma parte da minha vida", contou Aly Diabate, uma destas crianças libertadas. "Sempre que te carregavam com sacos [de grãos de cacau] e caías enquanto os transportavas, ninguém te ajudava. Em vez disso, batiam-te e batiam-te até que te levantasses de novo."Em 2001, a FDA queria aprovar uma legislação para a aplicação do selo “slave free” (sem trabalho escravo) nos rótulos das embalagens. Antes da legislação ser votada, a indústria do chocolate - incluindo a Nestlé, a Hershey e a Mars - usou o seu dinheiro para a parar, prometendo acabar com o trabalho escravo infantil das suas empresas até 2005. Este prazo tem sido repetidamente adiado, sendo de momento a meta até 2020. Enquanto isto, o número de crianças que trabalham na indústria do cacau aumentou 51% entre 2009 e 2014, segundo um relatório de julho de 2015 da Universidade Tulane.
Como uma das crianças libertadas disse: "Vocês desfrutam de algo que foi feito com o meu sofrimento. Trabalhei duro para eles, sem nenhum benefício. Estão a comer a minha carne."
As 7 marcas de chocolate que utilizam cacau proveniente de trabalho escravo infantil são:
1. Hershey
2. Mars
3. Nestlé
4. ADM Cocoa
5. Godiva
6. Fowler’s Chocolate
7. Kraft
Assista ao documentário “O lado negro do chocolate”.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

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Acesso à educação e renda são determinantes na definição do hábito alimentar. Entrevista especial com Juliana Masami Morimoto

“Uma grande parcela da população tem uma escolaridade baixa, o que acaba refletindo em um menor conhecimento nas escolhas alimentares e faz com que as estas se pautem pelo apelo do marketing ou mesmo pelo preço”, ressalta a nutricionista.
Imagem: bemnutri.com.br
Recentemente um estudo realizado pela Escola de Administração de empresas - EAE Business School, da Espanha, revelou que Brasil está no topo da lista dos países que mais consomem fast food na América Latina. De acordo com a pesquisa, os brasileiros só perdem para os norte-americanos, os japoneses e os chineses no consumo desse tipo de alimento.
Conforme ressalta, em entrevista por telefone à IHU On-Line, a nutricionista e professora Juliana Masami Morimoto, esse hábito acarreta um severo desequilíbrio na dieta alimentar, tanto em relação à quantidade máxima de calorias que devem ser consumidas em um dia, quanto em relação à qualidade dos nutrientes ingeridos.
“Na maioria das ocasiões, uma refeição simples defast food - um lanche com refrigerante e uma batata frita, que é a composição básica - pode fornecer, em termos de calorias, o que deveríamos consumir ao longo da metade do dia, entretanto esse montante é consumido em apenas uma refeição”, aponta.
Outra classe de alimentos que têm sido consumidos com cada vez mais frequência são osindustrializados, que também podem causar uma série de doenças, mas são a opção de muitas famílias, em função da praticidade ou do menor custo. Desse modo, fatores como a renda familiar e o acesso ao conhecimento sobre como determinados alimentos interagem com o corpo se cruzam na definição dos hábitos alimentares da população. Porém, de acordo com Juliana, a educação é a principal ferramenta para amparar a composição de uma dieta saudável.
Essa questão influencia, por exemplo, na interpretação dos rótulos dos produtos, que são fundamentais para auxiliar em uma escolha mais saudável. “Precisamos pensar em termos de prevenção. Portanto, o que precisa mesmo é uma divulgação maior de como as pessoas deveriam ler essas informações. Existem cartilhas e folders por parte da Anvisaexplicando a rotulagem, mas isso não chega à população. Também são elaboradas formas de educar a população, mas essas iniciativas não atingem a maioria. Temos aí um longo caminho a percorrer”, explica.
Juliana Masami Morimoto é graduada em Nutrição, mestre em Saúde Pública e doutora em Ciências, pela Universidade de São Paulo – USP. Atualmente é docente e pesquisadora da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Confira a entrevista.
Foto: media.licdn.com
IHU On-Line – O que revela a respeito dos hábitos alimentares dos brasileiros a marca de primeiro lugar no ranking de consumo de fast food na América Latina?
Juliana Masami Morimoto – Isso demonstra que o brasileiro está se alimentando mais fora de casa, até porque passa mais tempo fora. As pessoas não estudam e nem trabalham perto de suas residências e por isso precisam consumir alimentos de alguma forma, muitas vezes mais de uma refeição, fora do domicílio. O que acontece é que, com frequência, as pessoas procuram refeições mais rápidas por conta do tempo, da distância, do trânsito etc.
Na maioria das vezes essas refeições mais rápidas, que seriam osfast foods, têm um teor maior de gordura, gordura saturada, e, consequentemente, calorias e até uma quantidade muito grande de carboidratos, o que traz grandes inadequações alimentares.
Na maioria das ocasiões, uma refeição simples de fast food - um lanche com refrigerante e uma batata frita, que é a composição básica - pode fornecer, em termos de calorias, o que deveríamos consumir ao longo da metade do dia, entretanto esse montante é consumido em apenas uma refeição.
IHU On-Line - E sobre a questão social e educacional, o que essa posição evidencia?
Juliana Masami Morimoto – Existem os dois lados. Em minha pesquisa de mestrado, em 2005, avaliando a qualidade da dieta de uma amostra representativa da Região Metropolitana de São Paulo, conseguimos observar que quanto maior a escolaridade do chefe da família, melhor é a qualidade da dieta. Sabemos que temos uma grande parcela da população que ainda tem uma escolaridade baixa, o que acaba refletindo em um menor conhecimento nas escolhas alimentares e faz com que, em muitas circunstâncias, as escolhas se pautem pelo apelo do marketing ou mesmo pelo preço. Portanto, isso faz com que as pessoas, em algumas oportunidades, não saibam que estão fazendo as escolhas erradas.
IHU On-Line – Que tipos de doenças mais sérias podem acometer a população que consome com frequência esse tipo de alimento?
Juliana Masami Morimoto – A primeira delas é a obesidade, tanto que temos visto um aumento na população brasileira do número de pessoas com excesso de peso e obesas. Além disso, temos doenças que podem vir sozinhas ou estar associadas a esse excesso de peso, que seriam as hiperdislipidemias, como colesterol alto, triglicerídeosalto, podendo desenvolver hipertensão - já que o fast food tem também um alto teor de sódio, se pensarmos em uma batata frita com bastante sal, ou mesmo um lanche, como o hambúrguer, que tem um alto teor de sódio no queijo e no bacon, por exemplo – e também o diabetes mellitus, se pensarmos em um alto consumo de carboidratos, principalmente nas bebidas, que acabam sendo aquelas açucaradas, como os refrigerantes ou néctares, que são sucos com alto teor de açúcar.

“Uma refeição simples de fast food pode fornecer, em termos de calorias, o que deveríamos consumir ao longo da metade do dia

IHU On-Line - Em que implica, em termos de saúde pública, esse consumo exagerado de fast food?
Juliana Masami Morimoto – Isso faz com que tenhamos pessoas com as doenças anteriormente mencionadas, que seriam as doenças crônicas não transmissíveis, cada vez mais cedo. Então, com frequência, estamos vendo crianças e adolescentes já com alterações em exames, mostrando uma hipercolesterolemia, uma hipertrigliceridemia. Isso significa uma demanda maior para o sistema de saúde, principalmente para o Sistema Único de Saúde – SUS.
Sabemos que grande parcela da população depende do SUS, e sabemos que o nosso sistema de saúde é precário em termos de atendimento, ou seja, as pessoas demoram muito para conseguir marcar consultas e isso traz uma deficiência no atendimento adequado de saúde dessas pessoas e no tratamento dessas doenças. Assim, acaba realmente inflando nosso sistema de saúde.
IHU On-Line - Pesquisas também apontam o consumo exagerado de alimentos industrializados. Por que cada vez mais se consome esses alimentos e quais são as consequências para a saúde?
Juliana Masami Morimoto – O aumento do consumo de alimentos industrializados se comprova ao observarmos os dados de pesquisas realizadas ao longo de vários anos, como a Pesquisa de Orçamentos Familiares - POF, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Entendo que uma das principais razões desse acréscimo é a praticidade e o custo. Se pensarmos no consumo de refrigerantes há uns 20 ou 30 anos, por exemplo, era algo que nas famílias acontecia esporadicamente, aos finais de semana, até por conta da menor disponibilidade – havia menos marcas – e o custo era alto, diferente de hoje, quando temos muitas marcas e algumas muito baratas.
Então, famílias de baixa renda, como eu disse, em geral têm menos acesso ao conhecimento necessário para saber se é melhor consumir um suco de frutas industrializado ou comprar uma fruta e fazer um suco em casa; ou então comprar um leite para família, ao invés de comprar um refrigerante, que tem embalagens com dois litros a um preço bem baixo. Portanto, tem a questão do custo desses produtos que acabou sendo bastante reduzido.
Também há alguns trabalhos que constataram que a questão do consumo desse tipo de alimento poderia estar relacionada à busca de aquisição de status. Como há alguns anos as famílias não conseguiam comprar industrializados como refrigerantes, iogurtes, bebidas lácteas, congelados etc. e hoje em dia o custo se reduziu bastante, há o desejo de consumir esses produtos. Então, tem uma relação com a melhora do poder aquisitivo.
O problema no aumento do consumo dos produtos industrializados varia conforme o tipo de alimento, pois existem produtos que têm a concentração de alguns nutrientes que seriam prejudiciais à saúde, por exemplo: se aumentamos o consumo de refrigerantes e bebidas do tipo néctar, que têm alto teor de açúcar, estamos falando de um risco para um diabetes; se pensarmos em produtos prontos, como massas congeladas, e produtos semiprontos, o teor de sódio é bastante alto e estamos falando de um risco para uma hipertensão arterial.
Outra categoria de produtos que também teve bastante aumento no consumo são os biscoitos e bolachas recheadas e aí estamos falando de um alto de teor de gordura e açúcar. Tem uma questão da praticidade, mas tem também a questão do aumento do poder aquisitivo e da redução dos preços desses produtos, que acabam influenciando as famílias a inserir esses alimentos no dia a dia do carrinho de compras.
IHU On-Line - O aumento do poder aquisitivo não significou o aumento da opção por uma dieta mais equilibrada?
Juliana Masami Morimoto – Na verdade, se observarmos teoricamente, quando os produtos industrializadoscomeçaram a aumentar no mercado, o custo deles ainda era alto e quem começou a consumir primeiro foram as famílias de alta renda, com melhor poder socioeconômico. Com o passar do tempo, essas famílias viram que as doenças começaram a chegar e, com a aquisição de conhecimentos, por conta do grau de escolaridade, entenderam que não eram os alimentos mais adequados.
Assim, pessoas com melhor nível socioeconômico, que são as pessoas com maior escolaridade, escolherão os melhores alimentos. Elas comerão produtos industrializados? Sim, mas como têm mais consciência sobre tudo, inclusive sobre alimentação, o consumo de frutas, verduras e legumes, que são itens caros de alimentação, continua mantido.
Há também uma tentativa, no caso das bebidas, de comprar frutas para fazer sucos, ou polpas ou sucos concentrados, que possuem maior concentração de frutas e não de açúcares. Mas temos de observar que a população brasileira, a grande maioria, se pensarmos da classe média para baixo, tem um percentual muito maior de pessoas com um menor nível socioeconômico e por isso este consumo dos industrializados é maior.
IHU On-Line - De que maneira a senhora avalia o sistema de legislação e fiscalização que regulamenta a produção dos alimentos industrializados e dos fast foods?

Juliana Masami Morimoto – Temos o Ministério da Saúde e dentro dele a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, que faz toda a legislação relacionada a alimentos. Nós não temos nenhuma legislação que proíba produtos com determinado teor de nutrientes; isso não existe e, até em termos de nutrição, não é o adequado. O adequado seria que a população tivesse conhecimento para entender e saber escolher melhor os alimentos.
Em termos de regulamentação, os produtos em geral estão normatizados; desde que tenham as informações na rotulagem, como dados corretos sobre a validade, e a composição do produto esteja atendendo as legislações que regulamentam os padrões de identidade e de qualidade, a legislação não é ferida.
A respeito da parte educativa de fazer com que a população saiba o que consumir, nós temos algumas ações no país. Por exemplo, o Ministério da Saúde lançou, no ano passado, a revisão do guia alimentar brasileiro, que seria para mostrar como as pessoas devem compor seus pratos, como deve ser o consumo; tem uma parte bem interessante sobre a calcificação dos produtos industrializados, mas talvez ainda precise de um esforço maior para que este tipo de informação atinja toda a população. Muitas vezes vemos que isto fica no nível acadêmico, entre os alunos e os professores que têm acesso aos materiais, e em alguns momentos educativos em locais isolados, mas uma campanha grande nós ainda não vemos, talvez até por falta de recursos.

“A escolha do alimento é uma questão educacional para a população

  

IHU On-Line - De que maneira a senhora avalia a rotulagem nutricional dos fast foods e produtos industrializados, tanto em termos de quantidade e qualidade das informações, quanto em relação ao tipo de linguagem utilizada?
Juliana Masami Morimoto – O que tem de informação hoje em dia na rotulagem nutricional atende a legislação específica. Há informações suficientes, e mesmo em algumas lojas de fast food é possível consultar a tabela nutricional.
Há informações e de alguma forma consta o nome dos nutrientes, mas não é possível simplificar muito. Fala-se em caloria, energia, carboidrato, mas são termos que de alguma forma vêm sendo divulgados na mídia e as pessoas acabam procurando o significado.
A solução não seria alterar a informação nutricional, pois ela está ali em percentual, quantidade, mas sim buscar promover formas de educar o consumidor a conseguir ler isso de maneira adequada.
A pessoa até se familiariza com os termos, mas às vezes não sabe que se há sódio no alimento e ela é hipertensa, realmente precisa observar esse elemento e o percentual que equivale à sua quantidade máxima de consumo em um dia; é preciso ter atenção para isso. Portanto, ainda é uma questão educacional para a população.
IHU On-Line - Que papel de fato a rotulagem desses alimentos cumpre na relação com o consumidor? Que uso o consumidor faz dessa informação oferecida?
Juliana Masami Morimoto – O papel da rotulagem é educativo, é para fazer com que as pessoas saibam como escolher os produtos. Quando a rotulagem nutricional começou a se tornar obrigatória, aproximadamente entre os anos 1995 e 1996, pois antes disso não era uma regra, o objetivo era informar o consumidor sobre a composição dos produtos, para ele conseguir escolher melhor. O que ainda falta para o consumidor entender é o que significa aquela quantidade ou percentual de determinado elemento. Falta um pouco mais de conhecimento.
As pessoas que já têm uma doença específica talvez já tenham mais orientação para evitar os produtos que possuem uma quantidade grande de determinado nutriente, por exemplo: quem é hipertenso recebeu a orientação de um profissional de saúde de que ele deve olhar na embalagem do produto a quantidade de sódio e, quanto maior for a quantidade, mais ele deve tentar evitar aquele produto. Então, quando se tem a doença já se está educado, mas aí é tarde demais, a pessoa já está doente; precisamos pensar em termos de prevenção.
Portanto, o que precisa mesmo é uma divulgação maior de como as pessoas deveriam ler essas informações. Existem cartilhas e folders por parte da Anvisa explicando a rotulagem, mas isso não chega à população. Também são elaboradas formas de educar a população, mas essas iniciativas não atingem a maioria. Temos aí um longo caminho a percorrer.
Por Leslie Chaves
Oferecemos arquivo de textos específicos, de documentos, leis, informativos, notícias, cursos de nossa região (Americana), além de publicarmos entrevistas feitas para sensibilizar e divulgar suas ações eficientes em sua realidade. Também disponibilizamos os textos pesquisados para informar/prevenir sobre crescente qualidade de vida. Buscamos evidenciar assim pessoas que podem ser eficientes, mesmo que diferentes ou com algum tipo de mobilidade reduzida e/ou deficiência, procurando informar cada vez mais todos para incluírem todos.