segunda-feira, 29 de outubro de 2012

João 'Bombeirinho' faz transplante de medula

ESTELITA HASS CARAZZAI
DE CURITIBA

Cinco anos após receber o diagnóstico de leucemia, João Daniel de Barros, 6, conseguiu um doador de medula óssea e fez nesta semana o transplante que pode garantir a cura da doença.

O menino João Daniel de Barros, o João Bombeirinho, com os pais no hospital.

O menino ficou conhecido como João Bombeirinho, por seu sonho de ser bombeiro, e foi adotado como "mascote" da corporação em sua cidade, Maringá (PR).

Como "bombeirinho", ele protagonizou campanhas para estimular a doação de medula óssea na região, o que fez aumentar em 35% o número de doadores.

O transplante foi realizado no Hospital de Clínicas do Paraná, na quarta-feira. As chances de cura são de 70%, segundo o hematopediatra Lisandro Lima Ribeiro.

"Ele só me diz: 'Eu tenho dois aniversários agora, mãe'. Ele renasceu", conta a mãe, Ana Paula Estevam.
O garoto está num quarto isolado e deve ficar internado por mais 30 dias, realizando tratamento imunossupressor para evitar a rejeição da nova medula. Enquanto isso, tem a companhia de quatro caminhõezinhos de bombeiro -todos esterilizados.

"Já estou com a cabeça doendo de tanto 'vrum-vrum' no quarto", diz Ana Paula.

Segundo a mãe, João já faz planos de "nadar, pescar, acampar e fazer piquenique". Nenhuma das atividades era aconselhada antes, devido à baixa imunidade do garoto. "Agora ele vai ter uma infância de verdade", diz.

João Daniel faz sessões de quimioterapia desde que tinha um ano e 11 meses, quando a doença foi diagnosticada. Desde então, ele convivia com as reações colaterais do tratamento: febre, alergias, coceira e enjoo.

Fonte

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

NÃO É FINAL, MAS É FELIZ

Pela terceira vez conto parte de minha história para vocês. Relembrando, na primeira, já sem a visão e em benefício, não me conformava em não trabalhar e busquei qualificação profissional em curso gratuito de informática e telemarketing, parceria SENAI e UADPD. Eu não sabia entrar em internet, tinha pavor de vírus virtuais, e aprendi a usar EXCELL e WORD. Uma libertação que me deu condições de solicitar volta a meu antigo trabalho, em nova função de telefonista. Novo problema surgiu, a empresa não dispunha de leitor de tela e novamente fui ajudada pela UADPD a conseguir o programa leitor para deficientes visuais Virtual Vision, pelo Banco Santander.Lutei  para voltar a trabalhar em setor da empresa que já conhecia antes de minha deficiência visual se instalar em definitivo (retinose pigmentar). A memória do trajeto, garantia mais segurança. Hoje ainda vejo vultos.Faz um ano que estou nesta nova função, contra a vontade de meu ex-espôso e de minha família, que acham mais seguro eu me aposentar e ficar em casa. Mas gosto de gente, de novas idéias, gosto de trabalhar – ainda tenho funcionais a voz, os braços, as pernas e ótima memória.Mas há meses passados, caí de forma séria em uma calçada, sua reforma encheu de pedras e areia o que era livre na véspera, trinquei tornozelo, polegar, a bengala entortou, escutava risos dos passantes.Quando consegui chegar ao ponto do ônibus, chorei muito.Tive depressão importante, mas o psiquiatra acha que eu só adiei a tristeza pela cegueira, não podia me entregar a ela quando meu filhinho tinha só quatro anos.Já sarei da depressão, e hoje com sete anos ele disse para a professora que eu não enxergo, ando com bengala, mas sou boa mãe.Meu momento atual não é final, mas sem dúvida é feliz!


Caso real. Elizabeth Fritzsons da Silva, psicóloga e diretora da Unidade de Atenção aos Direitos da Pessoa com Deficiência.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Robótica mais perto do homem

Por Alfredo Durães
no Estado de Minas


Cientistas da USP São Carlos, em parceria com universidade norte-americana, se debruçam sobre a combinação entre neurônios, chips e próteses para beneficiar, no futuro, pessoas com deficiências auditivas e de mobilidade.

Na letra da música Índios, feita há quase 30 anos, o cantor e compositor Renato Russo, da banda Legião Urbana, tascou a frase: “E o futuro não é mais como era antigamente”. Descontadas as décadas de uso, ela continua em pleno uso e o futuro vai cumprindo, fielmente, aquilo a que sempre se propôs, ou seja, ser incerto. Faz parte de sua natureza. No entanto, a força brutal da tecnologia, que se impõe cada vez mais no presente, demonstra que o amanhã se torna, a cada dia, muito mais imprevisível. Bem mais do que imaginou (ou desconstruiu) o cantor. No campo da tecnologia, não é mais possível fazer previsões mais ou menos aproximadas. Para ficar com um exemplo simples, basta lembrar o uso popular (ou até mesmo a existência) de telefones celulares, smartphones ou iPads, algo absolutamente impensável há poucas décadas. Esses aparelhos estariam muito mais para a ficção científica e o desenho animado dos Jetsons que para a realidade palpável.


Nessa seara, devemos incluir a medicina aliada com a tecnologia, que dá passos no sentido de criar pequenas máquinas acopladas ao corpo humano. O que também não seria nenhuma novidade se levarmos em conta a existência de aparelhos para combater a surdez ou o bom e velho marcapasso, ambos já com anos de estrada. No entanto, o desafio atual são os chamados impulsos cerebrais aliados a chips, que estão sendo estudados de forma a se tornar aliados no combate a vários males físicos ou de mobilidade. Aparelhos que, por exemplo, ajudariam um tetraplégico a andar, a partir da combinação de funções entre neurônios, chips e próteses robóticas.

Não é possível dizer que essa espécie de, diríamos, “parte homem, parte robô” será uma realidade num futuro próximo. Como também é impossível dizer que não será. Nesse caminho, pesquisadores do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos, estão tentando desenvolver chips implantáveis (com cerca de um centímetro quadrado), que permitam a substituição (ou interação) de partes do corpo por equipamentos eletrônicos com o uso de carbeto de silício (3C-SiC), material que não provoca reações adversas no organismo.

O estudo “Projeto e fabricação de chips implantáveis utilizando materiais biocompatíveis para interfaces cibernéticas avançadas” é do ICMC junto com a Universidade do Sul da Flórida (USF), nos Estados Unidos, visando ao intercâmbio de cientistas e alunos de graduação na área de biocibernética. Ele é aprovado pelo programa Ciência sem fronteiras, do governo federal, na categoria visitante especial. As interfaces cérebro-máquina já auxiliam a vida de milhares de deficientes físicos em todo o mundo. Segundo um dos autores do projeto, o professor do ICMC Mario Gazziro, “na prática, implantes cocleares (auditivos) são usados por cerca de 120 mil pessoas no mundo, além de 80 mil usuários dos implantes conhecidos como “estimulação profunda do cérebro”, para auxiliar no tratamento do mal de Parkinson e dores crônicas”.

Mas, o que é mesmo essa tecnologia e como funciona no corpo humano? De acordo com Gazziro, embora interfaces cérebro-máquina já sejam utilizadas em diversas áreas da medicina de reabilitação e tratamento, não existe uma solução prática para realização das interfaces com o córtex-motor. “Mesmo que diversos cientistas no mundo tenham provado que isso é possível — incluindo o cientista brasileiro Miguel Nicolelis, professor titular do Departamento de Neurobiologia e codiretor do Centro de Neuroengenharia da Duke University (EUA) — e, a partir daí, controlar próteses robóticas, todos enfrentam o problema de biocompatibilidade a longo prazo dos eletrodos (que são os dispositivos que entram em contato com os neurônios), além de todos usarem fios na interface”, acresenta Gazziro.

CARBETO DE SILÍCIO Segundo ele, a proposta desenvolvida na USP São Carlos usa eletrodos de carbeto de silício — pois os eletrodos tradicionais são feitos de silício, que param de funcionar com o tempo — e uma tecnologia de transmissão de rádio. Gazziro pontua ainda que os dois grandes desafios da biocibernética são a compatibilidade do material usado na fabricação do chip com o organismo humano e o consumo de energia gasta pelo eletrodo dentro do dispositivo.

Ele diz que a questão da biocompatibilidade foi solucionada pelo professor norte-americano Stephen Saddow, da USF, que participa do projeto como visitante. A equipe de Saddow estudou diversos materiais semicondutores para descobrir que o carbeto de silício tem as propriedades necessárias para o desenvolvimento de uma interface cerebral. Depois de 30 dias de implantação, o 3C-SiC não causou grandes problemas ao tecido neural das cobaias.

O professor Dilvan de Abreu Moreira, do Departamento de Ciências de Computação do ICMC, é o coordenador técnico do projeto. Participam também o professor Carlos Alberto dos Reis Filho, da Universidade Federal do ABC, e Claudius Feger, do Centro de Pesquisas da IBM de São Paulo. A IBM, gigante americana na área de tecnologia, se interessou pelo projeto, pois se o experimento for um sucesso, será preciso industrializar o processo de fabricação de chips com carbeto de silício. Para Gazziro, a solução do biochip poderá ser usada em esqueletos artificiais feitos de metais resistentes que ampliam a capacidade física de portadores de deficiência. “Bastará o leitor dos sinais do chip enviar os comandos captados no cérebro para que eles substituam o papel do membro não funcional”, disse.

contraponto
“Do jeito que isso está sendo mostrado, uma mãe pode achar que seu filho paraplégico vai voltar a andar em breve. E não é verdade”, critica Sérgio Teixeira da Fonseca, orientador do curso de doutorado em ciência da reabilitação, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e editor da Revista Brasileira de Fisioterapia. Ele se mostra um pouco cético quanto ao assunto: “Penso que a interface homem-máquina está, atualmente, muito mais para a ficção científica do que para a realidade. Na minha concepção, é algo até viável, mas que atualmente enfrenta vários problemas. As pessoas não devem ficar muito animadas”, diz. Fonseca argumenta que um tetraplégico poderá até dar o chute inicial da Copa do Mundo em 2014, aqui no Brasil, como prometeu o cientista Miguel Nicolelis, mas será só isso. “A perna poderá sim ser estimulada, treinada para fazer o movimento do chute, mas daí até a pessoa andar, dar passos, é uma distância muito grande. O movimento do corpo humano é condicionado ao ambiente, ele se adapta para se relacionar com o mundo e isso a máquina não faz”, explicou.

Fonte: Estado de Minas

Caso Real: A LUZ, A SOMBRA DE DEUS

Esperava para me apresentar em concurso de calouros. O prêmio era uma cesta básica, precisava muito. Outra dupla ensaiava, ele não conseguia acompanhar direito a moça. Ofereci meu acompanhamento, em ensaio, ela cantou e o dono do programa de radio passou neste momento por nós. Gostou, ela levou a cesta e eu um espaço para abrir o programa com minha música nordestina.Foi a melhor oportunidade que tive na vida. “As pessoas começaram a chamar meu” Trio Virgulino” para as festa e reuniões, e acabei tocando até nos Estados Unidos, França, Espanha, Portugal, Inglaterra, Itália e Suíça. Este sempre foi meu trabalho ,  e em trinta e dois anos,com seus frutos, já ajudei três filhos à ter sua casa própria ,quando casaram. Hoje tenho cinqüenta e quatro anos e  uma filha solteira. Meus filhos formaram sua própria banda musical Como eu, aprenderam a tocar de ouvido e também já são profissionais na área.Somente quando eu tinha trinta e oito anos é que tive acesso a atendimento para pessoa com baixa visão,  no CPC. Com lupa especial adaptada à tela de computador, pela primeira vez pude estudar, fiz supletivo, cheguei à sexta série.  Nasci com catarata congênita, em Parnamirim, à quinhentos e cinqüenta quilômetros do Recife. Tinha um por cento de visão. Comecei a tocar gaitinha com cinco anos, cavaquinho com oito, e quando me deram um acordeom saí tocando.Tocava nas festas, e as moças se aproximavam.Uma delas, cada dia mais, até dar em namoro.Casamos, e com vinte e dois anos eu estava em São Paulo, em busca de cirurgia para minha vista.Consegui bom resultado, passei à ter dez por cento de acuidade visual, podia agora enxergar os postes, andar na rua com autonomia.Mais luz! Mas, como disse Einstein “A luz...é a sombra de Deus...”


Caso real. Elizabeth Fritzsons da Silva, psicóloga e diretora da Unidade de Atenção aos Direitos da Pessoa com deficiência.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Gordofobia: um assunto sério

Por Jarid Arraes
no Blogueiras Feministas


O policiamento dos corpos e a imposição de um padrão de beleza é um problema que atinge todas as pessoas. A indústria dos cosméticos está sempre em busca de expandir seus horizontes, procurando bombardear cada vez mais características físicas como sinônimo de feiura. As regras variam tanto de modo quanto intensidade de acordo com a idade, gênero ou raça da pessoa: diz-se indesejável a presença de rugas, espinhas, cicatrizes, celulites ou estrias; são oferecidos serviços de depilação a laser, implante capilar ou até clareamento de pele nas partes mais inimagináveis do corpo. Uma das características tidas como mais abomináveis para a manutenção da aparência é a gordura: a magreza excessiva é incentivada desde a mais tenra idade e a intolerância contra pessoas gordas é um problema sério.


Não é necessário nenhum esforço extraordinário para compreender a gordofobia; a própria palavra sugere um acentuado desconforto e sentimento de repulsa contra pessoas gordas. Tal postura é tão enraizada em nossa cultura que a maioria das pessoas imediatamente remete pensamentos gordofóbicos às mais variadas imagens e situações: por exemplo, acham inaceitável uma mulher gorda vestir roupas justas ou frequentar a praia de biquíni; sentem desprezo por um homem obeso que come prazerosamente na praça de alimentação do shopping. Há um vasto leque de imagens negativas que demonstram como pessoas gordas são percebidas na sociedade, quase sempre representadas como desagradáveis e repulsivas.

Para as mulheres, é excepcionalmente difícil ser gorda em meio ao culto dos corpos magros sem odiar a si mesma ou ser odiada. Não gostar de si mesma já é praticamente uma exigência social para toda mulher, cujo valor é inteiramente atribuído à sua aparência; o que dizer então para as mulheres gordas. São aconselhadas uma infinidade de modificações corporais e recomendadas centenas de dietas especiais. Para aquelas que sempre foram “gordinhas” desde a infância, é incrivelmente comum crescer com ódio internalizado de si mesma: são muitos anos de bullying e cobranças sociais, que acontecem não apenas no ambiente escolar, como também na televisão, nas revistas, nos círculos sociais de amizades ou no núcleo familiar. Dificilmente uma criança gorda não ouvirá de seus próprios parentes que é preguiçosa, come demais e precisa “se cuidar”. A pressão para emagrecer é gigantesca de tal modo que é muito improvável uma pessoa gorda não ter um histórico de transtornos alimentares ou problemas psicológicos causados pela autoestima severamente prejudicada.

As pessoas gordas vivem cercadas de barreiras extremamente fechadas pela viligância alheia, sempre atenta ao que devem vestir, comer ou como devem se comportar. O número na balança é quase diretamente proporcial à quantidade de proibições; os cerceamentos são tantos que, não raramente, as pessoas gordas passam a acreditar que são essencialmente inferiores e incapazes. Atividades simples como sair de casa, nadar, dançar ou fazer compras, bem como tantas outras atividades prazerosas do dia a dia, são deixadas de lado por humilhação e vergonha. Se relacionar afetivamente se torna uma missão quase impossível; sexualmente, então, nem pensar.

Mesmo para quem rejeita o ódio internalizado, a batalha diária travada contra tantos estigmas e repúdio da sociedade é árdua. É culturalmente inimaginável que uma pessoa obesa possa demonstrar o menor sinal de auto-aceitação ou amor próprio. A mídia e a indústria não só dá às pessoas a sensação de direito de inferiorizar pessoas obesas ou fora do padrão, como também instiga o ódio internalizado; tudo sob a pretensão de “preocupação com a saúde”. Toda refeição é transformada em oportunidade para constranger pessoas gordas, que são lecionadas sobre o que elas têm direito de comer para ficarem magras — o que é presumivelmente o maior objetivo da vida de toda pessoa gorda.

A maior quantidade de gordura não significa necessariamente menos saúde; há até mesmo pesquisas atuais que sugerem o efeito contrário em algumas situações (leia aqui, em inglês). É importante observar que sedentarismo e má alimentação não estão necessariamente associados à obesidade, havendo uma infinidade de pessoas gordas ativas e saudáveis, além de pessoas magras com a saúde potencialmente debilitada por diversos fatores. Além disso, muitas pessoas não percebem a falta de coerência quando dizem se preocupar com a saúde alheia, a começar pelo fato de que não existe um medidor universal de saúde.

Há infinitas dificuldades médicas que uma pessoa pode enfrentar e não existe fórmula mágica pra calcular com exatidão a “quantidade”, ou mesmo a “qualidade” da saúde de alguém. Enquanto manter uma alimentação saudável e praticar exercícios físicos pode ser uma boa medida para prevenir ataques cardíacos, humilhar uma pessoa não vai atenuar em nada sua saúde psicológica ou emocional. O único modo de verificar a saúde de alguém é realizando exames extensivos e tendo os resultados avaliados por alguém profissional, que deverá dizer onde exatamente a saúde está falhando. Não se pode concluir o estilo de vida de uma pessoa baseando-se unicamente no seu corpo, ou mesmo deduzir que esse seja uma representação da sua saúde ou qualidade de vida.

É também papel do feminismo combater esse discurso de ódio e má fé disfarçado de preocupação com o bem estar; é necessário lutar contra a imposição de padrões, seja de aparência, roupas ou comportamentos. Cuidar de si mesma e amar outras pessoas significa não constrangê-las e envergonhá-las. Ninguém jamais deveria impôr à outra pessoa, não importa quem seja, nenhum tipo de roupa, alimentação ou comportamento. Faz-se extremamente necessário o empoderamento das pessoas gordas na sociedade e é nosso papel, como seres humanos, colaborar com o importante processo de valorização e reconstrução de autoestima que elas merecem. Todas as pessoas devem ter o direito de viver plenamente.

Fonte

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Aparelho ajuda deficientes visuais a pegar ônibus em Belo Horizonte

Uma novidade tecnológica começou a ser testada no transporte urbano. O objetivo é beneficiar pessoas com deficiência visual.

Uma novidade tecnológica começou a ser testada no transporte urbano de Belo Horizonte. O objetivo é beneficiar pessoas com deficiência visual.

Andar sem ver o caminho é uma tarefa difícil. No ponto de ônibus, muitos deficientes visuais ainda precisam contar com a boa vontade de outros passageiros para pegar a linha correta.

Em Belo Horizonte está em teste um transmissor com uma frequência de rádio e um alto falante instalados dentro dos veículos. Com o deficiente visual fica um aparelho, que é programado de acordo com a linha desejada.

Flávia aciona o controle, e quando o ônibus chega a menos de cem metros, um apito é emitido para que o motorista saiba que, no ponto, haverá um deficiente visual. Ao chegar lá, o alto-falante entra em ação.

Pelo som, fica mais fácil saber onde o coletivo está parado, e quando ele entra é o próprio passageiro quem desliga o aviso.

“Eu parava a porta dianteira em frente a eles e chamava. Agora acabou o sofrimento”, diz o motorista Edson Duarte dos Santos.

Em Araucária, no Paraná, o sistema já passou pelo teste e agora foi implantado em todas as linhas. Na capital mineira, por enquanto, só uma que passa por uma instituição para deficientes visuais tem os aparelhos. Se for aprovado, o sistema deve ser instalado em toda a frota da cidade.

“Está nos trazendo tanta independência que até a noite a gente pode dar uma voltinha, não vai ter perigo de perder o ônibus de madrugada, ir para as festas sem problema de perder o ônibus”, comemora a professora Flávia Manicardi.

Fonte: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2012/10/aparelho-ajuda-deficientes-visuais-pegar-onibus-em-belo-horizonte.html 





Contos de Fadas Inclusivos aliam literatura, artes visuais e acessibilidade

Cócegas na Floresta - João e Maria' fala de surdez

A Casa de Cultura Mario Quintana sediará o lançamento do projeto "Era uma Vez um Conto de Fadas Inclusivo", com foco na deficiência e composto por onze livros infantis e uma exposição inclusiva, no dia 23 de outubro (terça-feira), às 19h, no hall de entrada do centro cultural. A iniciativa é promovida pelo Ministério da Cultura (MinC), tem apoio da Secretaria da Justiça e dos Direitos Humanos e da Secretaria da Cultura, através do Museu de Arte Contemporânea (MAC/RS) e é patrocinada pelo Banrisul, AGCO e Grupo Savar.


As publicações têm proposta inovadora, visando a educação inclusiva, ao revisitar os clássicos contos de fada, acrescentando aos protagonistas algum tipo de deficiência. Elas são escritas e ilustradas pelo fisioterapeuta Cristiano Refosco e possuem edição de arte e design gráfico do artista Leandro Seliter. São elas: "Chapeuzinho da Cadeirinha de Rodas Vermelha" (paraplegia), "Branca Cega de Neve" (cegueira), "O Pequeno Polegar que Não Conseguia Caminhar" (paralisia cerebral), "João Sem Braços e o Pé de Feijão" (malformação congênita), "Pinóquio das Muletinhas" (paralisia cerebral), "O Segredo de Rapunzel" (malformação congênita), "Cócegas na Floresta - João e Maria" (surdez), "A Bela Amolecida" (doença neuromuscular), "Aladown e a Lâmpada Maravilhosa" (síndrome de Down), "Alice no País da Inclusão" (autismo) e "Cinderela Sem Pé" (malformação congênita).

Para democratizar o acesso, a coleção conta com uma versão em áudio, na qual é possível ouvir a contação das histórias e/ou acompanhar a audiodescrição das imagens de cada um dos livros. As onze sinopses das histórias estão disponíveis no site www.imaginancia.com.br.

O objetivo principal é que a coleção se torne um instrumento de apoio no trabalho de inclusão das pessoas com deficiência, fomentando a utilização dos livros, tanto nas atividades escolares quanto no convívio familiar. "Pretendemos que a coleção seja uma forma de disseminar a cultura da acessibilidade. Essa consciência deve ser despertada desde a infância", sustenta o autor Cristiano Refosco, que há 13 anos atua no atendimento de crianças com deficiência e teve na sua rotina a inspiração para escrever e ilustrar a coleção.

Dados do IBGE de 2010 apontam que o número de indivíduos com algum tipo de deficiência física ou intelectual supera 20% da população brasileira, o que representa cerca de 45 milhões de pessoas. No Rio Grande do Sul, são 2,5 milhões de cidadãos nessa condição.

Acompanhando a temática da obra a exposição acessível sobre as histórias dos livros possui piso podotátil e paineis com versão em Braille, onde o público poderá saber mais sobre as histórias. Na ocasião o deficiente visual Daniel Uchoa fará uma apresentação com harpa. A visitação será até dia 11 de novembro.

Serviço:
Dia: 23 de outubro - terça-feira HOJE
Hora: 19h.
Local: Hall de entrada da Casa de Cultura Mario Quintana (Andradas, 736).
Visitação da exposição: até 11 de novembro. Segundas, a partir das 14h; de terças a sextas, das 9h às 19h e sábados, domingos e feriados, das 12h, com encerramento sempre às 21h.
Observação: na ocasião estarão disponíveis 200 coleções, com preço especial.
Entrada franca.

Fonte: Casa de Cultura Mário quintana

Caso Real: UMA OPORTUNIDADE : QUERO, PRECISO E MEREÇO!

Estou empregado em firma sólida, bons benefícios, ótimo transporte. Gosto do trabalho, mas percebo que a maioria de meus colegas não sabe que sou pessoa com deficiência . Só alguém mais observador percebe. Aos 21 anos fui atropelado, o motorista não prestou socorro, o atendimento emergencial foi precário, a platina colocada no fêmur não foi bem adaptada, feriu a conexão com o quadril e desenvolvi artrose.  Agora, com 39 anos, trabalho em área de produção e preciso reordenar peças extremamente pesadas, com parceiro menos alto do que eu. No final do dia sinto muita dor. Sei que preciso evitar ao máximo analgésicos e antiinflamatórios. A piora de meu quadro pode acontecer se eu insistir em deslocar ou carregar peso além do que posso suportar. No futuro posso precisar de prótese de quadril.Ela pode durar de dez a vinte anos. Só é possível uma troca em vida. No fim desta história pode acontecer cadeira de rodas.Preciso fazer com que meus chefes no trabalho percebam que minha luta é a da preservação da saúde, quero continuar trabalhando aqui mesmo, mas talvez a solução esteja em outro setor da fábrica, e não sei ainda se nestas circunstancias seria possível solicitar esta mudança. Vou buscar ajuda médica, que comprove meu limite de saúde, e procurar usar outras habilidades. Fiz curso por correspondência de mecânica de motos, cursos presenciais de informática básica,hardware vendas, web design, Elétrica e Mecânica do SENAI (sou eletricista nas horas de folga), e Inspetor de Qualidade. Sonho com faculdade de Engenharia Elétrica ou Gestão de Pessoas. Lembrete amigo: pessoas com deficiência querem, na maioria precisam e merecem uma oportunidade!



Caso Real. Elizabeth Fritzsons da Silva, psicóloga e diretora da Unidade de Atenção aos Direitos da Pessoa com Deficiência.

Caso Real: AOS DEZOITO ANOS, A LUZ DO CONHECIMENTO

Gosto do pensamento:”Diversos não são os outros, diversos somos todos nós”, de Reinaldo Bulgarelli, um educador nosso, que atua na área social.Procuro mostrar esta realidade para meus alunos deficientes visuais.Sou professora com pós-graduação em educação especial, concursada, trabalho em duas escolas públicas. Quero ampliar a autonomia destas crianças, às vezes seus pais não estão preparados ainda para lidar com a deficiência de seu filho, tropeçam em preconceitos, ou ficam paralisados por medos infundados e superprotegem atrapalhando o crescimento em todos os sentidos Exponho meus alunos ao máximo convívio possível com as demais crianças, para construir uma inclusão real.
    Quando cheguei a este ponto de minha vida, me sentia “a mais feliz das pessoas que Deus colocou no mundo!” Tinha um trabalho para me sustentar!Sofri em dois vestibulares, lutei muito por bolsa de estudos.Fiz Pedagogia em quatro anos regulares, mas graças à dedicação minha em tempo integral, e a de colegas muito solidários.Para prestar concurso público estudei dias e noites com a ajuda de voluntários leitores .Passei com boa colocação.
    Porque conto tudo isto? Porque só com dezoito anos , deficiente visual desde que nasci, cheguei a uma cidade com escola que poderia me alfabetizar, ensinando Braille.Foi minha primeira escola na vida.Foi então também que cheguei à Associação de Cegos e aprendi a andar sozinha por toda a parte, além de aprender natação, corrida, arremesso de peso, dardo e disco, competindo por dois estados brasileiros.  Meu nome é Luzia Aparecida, hoje tenho quarenta e quatro anos.



Caso real.Elizabeth Fritzsons da Silva, psicóloga e diretora da Unidade de Atenção aos Direitos da Pessoa com Deficiência.


Caso Real: MAMADEIRAS À VISTA!

   Sou Carla, tenho vinte e sete anos, e um bem-vindo bebê em formação dentro de mim.Meu marido acaba de perder seu emprego de anos (e o convênio médico) pelo momento financeiro que vivemos no mundo. Mas Deus proverá! Em janeiro de 2011 estava em um culto religioso, e o lado esquerdo de meu rosto se contorceu sem meu comando, meus joelhos “amoleceram”, a coordenação sumiu, caí no chão.Por grande sorte o socorro foi muito rápido.A segurança do atendimento médico de um acidente vascular cerebral é de no máximo três horas . Mesmo assim perdi cinqüenta por cento do campo visual de meu olho esquerdo, ficou muito difícil abaixar e levantar, o equilíbrio falha, e a movimentação da mão e pé esquerdos ficou limitada.Levei um bom tempo para aprender a conviver em paz com minha bexiga.Meu AVC é resultado de defeito congênito.Faço muita hidroterapia e fisioterapia. Vou precisar da ajuda de uma terapeuta ocupacional para estar preparada para cuidar bem de meu bebê. Tive ajuda psicológica, conto com marido super parceiro, e mesmo assim precisamos reinventar nossa relação para o casal que somos prevalecer. A confirmação de tudo isto é o nosso bebê, tão inesperado, um presente de Deus em nossa vida!
   Eu era uma eficiente vendedora de sapataria, sabia encontrar tamanhos difíceis para clientes agradecidos pelo meu esforço. Pretendo usar esta experiência em trabalho futuro.
   Luto para cozinhar, já consegui fazer arroz, e o dia em que desenformei um pudim foi uma felicidade só! Agora soube que um anjo da guarda vai providenciar a adaptação de meu fogão, instalando um pedal industrial ao acendedor, para que eu possa acionar sozinha, com minha mão e pé do lado direito preservado. Vou precisar aquecer muitas mamadeiras!


Caso real. Elizabeth Fritzsons da silva, psicóloga e diretora da Unidade de atenção aos Direitos da Pessoa com Deficiência.



Caso Real: MESMO DEFICIENTE, SOBREVIVÍ!

   Nasci no Sergipe. Tenho cinqüenta e um anos. Tive poliomielite com cinco anos, apesar de vacinada. Tenho uma perna mais curta, com um pé menor, ando mancando. Costurava vestidos, em uma velha máquina de casa, aos oito anos. Aos doze já produzia camisas e calças. Com esta idade moço da vizinhança, de vinte e quatro anos, quis me namorar.
   O casamento, aos dezessete anos, tinha a mais sabor de ter minha casa própria, do que dividir a vida com meu amor. Viemos para São Paulo, e sempre trabalhei muito, como costureira em confecção, sem registro, ganhando muito bem, e cuidando de tudo na casa, mais os filhos. Ele trabalhava, mas nunca me ajudou em nada em casa, e não admitia que eu deixasse de trabalhar fora de casa, além de não poder gastar com nada pessoal.
   A relação foi se desgastando, pedi a separação, sempre negada. Insisti e ele me esfaqueou por sete vezes. Não sei até hoje como consegui escapar. Atingiu minha testa, meus braços, o abdômen. Ele fugiu do flagrante, ficou seis meses em outra cidade, não recebi amparo legal nenhum, os policiais disseram que eu devia “entender ele”. Finalmente definiu que se eu retirasse a queixa registrada, ele sairia de casa.
   Tenho dois filhos casados, e dois em casa, não quis pensão. E agora comecei a sentir muito cansaço, falta de ar, fraqueza mesmo, dor nas juntas – fui informada de que posso estar sofrendo efeito tardio da pólio (Síndrome Pós-Polio), que pode acontecer de trinta a quarenta anos após a infecção.
   Passei tantos anos lutando por sobrevivência e nunca busquei ajuda médica, contribui com o INSS ou fiz algum convênio. Simplesmente não pude perceber que era pessoa com deficiência, com o direito de ser atendida e entendida.


Caso real. Elizabeth Fritzsons da Silva, psicóloga e diretora da Unidade de Atenção aos Direitos da Pessoa com Deficiência.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Segundo o MEC, em 10 anos o número de matrículas de alunos com deficiência subiu 933,6%

A quantidade de matrículas de pessoas com deficiência na educação superior aumentou 933,6% entre 2000 e 2010. Estudantes com deficiência passaram de 2.173 no começo do período para 20.287 em 2010 – 6.884 na rede pública e 13.403 na particular.

O número de instituições de educação superior que atendem alunos com deficiência mais que duplicou no período, ao passar de 1.180 no fim do século passado para 2.378 em 2010. Destas, 1.948 contam com estrutura de acessibilidade para os estudantes.


No orçamento de 2013, o governo federal vai destinar R$ 11 milhões a universidades federais para adequação de espaços físicos e material didático a estudantes com deficiência, por meio do programa Incluir. O valor é quase quatro vezes maior em relação ao investimento deste ano, de R$ 3 milhões.

O Incluir http://portal.mec.gov.br/index.php?Itemid=495&id=12257&option=com_content&view=article tem como objetivo promover ações para eliminar barreiras físicas, pedagógicas e de comunicação, a fim de assegurar o acesso e a permanência de pessoas com deficiência nas instituições públicas de ensino superior.

Até 2011, o programa foi executado por meio de chamadas públicas. Desde 2012, os recursos são repassados diretamente às universidades, por meio dos núcleos de acessibilidade. O valor destinado a cada uma é proporcional ao número de alunos.

Entre 2013 e 2014, o governo vai abrir 27 cursos de letras com habilitação em língua brasileira de sinais (libras) nas universidades federais, uma em cada unidade da Federação. Além disso, o Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines) vai ofertar mais 12 cursos de educação bilíngue (português–libras) a partir do próximo ano.

Para dar suporte de recursos humanos aos novos cursos nas universidades federais, será autorizada a abertura de 229 vagas de professores e 286 de técnicos administrativos. As ações fazem parte do eixo educação do Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência — Viver sem Limite, que envolve diversos ministérios para promover a inclusão, autonomia e direitos das pessoas com deficiência.

Fonte

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Curso de Capacitação de Profissionais com Deficiência


Este programa possibilitará o desenvolvimento de competências básicas para o mercado de trabalho e habilidades especificas para atuação na área de atendimento, trabalhando desde o conhecimento em informática, técnicas de atendimento ao cliente, digitação, práticas de produção de textos técnicos, comunicação oral e escrita, e etiqueta empresarial, elementos estes indispensáveis para desenvolvimento das funções de atendimento ao cliente.

Duração: dois meses e meio

Carga Horária: 5 horas /dia – Das 09h00 às 13h00 de Segunda-feira a Sábado

Público: Pessoas com deficiência. Serão aceitas quaisquer deficiências.

Formação: Ensino Médio Completo

Localidades: Todas as regiões próximas a Americana



Considerações Gerais sobre o Programa

Todos serão registrados desde o primeiro dia da Capacitação. Ao final do curso, os candidatos atuarão como Operador de Atendimento (escala de segunda à sábado) e pode escolher o horário de trabalho (manhã/tarde/noite)

Salário: R$ 682,00

Benefícios: VT + VR (R$ 12,50 dia) + AM  + AO + Auxilio Creche (para mãe com filhos de até 5 anos) + Convênio com Farmácias + PLR (de até 3 salários ao ano que dá cerca de R$ 200,00 à 300,00 a mais no salário)


Início: 22 de Outubro de 2012

ENVIE O SEU CURRÍCULO PARA VAGAS@SEMBARREIRAS.COM.BR

Ou ligue: 9 (11) 4323 5101    /    9 (11) 3439 9291

Entidade cobra política para dislexia


Para instituto, país precisa de ações para identificar crianças com transtorno; governo diz que 'rotular' não é o caminho 

Pessoas com dislexia têm dificuldades em relacionar som e grafia; para aprender, precisam de mais tempo
DE SÃO PAULO


Um debate educacional tomou corpo nesta semana: como cuidar das crianças com grandes dificuldades na leitura e na escrita?

O Instituto ABCD, organização social criada em 2009, lançou a Semana da Dislexia, que cobra do poder público políticas para lidar com as crianças com o transtorno.

Segundo o instituto, os disléxicos têm dificuldades em relacionar o som da palavra com a grafia. O problema, diz, decorre de falha neuronal.

Para o instituto, é preciso que haja políticas públicas para identificar a dislexia e ações definidas para esses alunos, que necessitam de mais tempo para aprender e de diversas ferramentas para assimilar um mesmo conteúdo.

"Se não receber a atenção adequada, a criança é grande candidata a evadir mais tarde", disse a presidente da entidade, Mônica Weinstein.

Segundo ela, a literatura científica aponta que entre 3% e 6% da população mundial sofre de algum distúrbio de aprendizagem (não há levantamento no país).

O publicitário Gabriel Carvalho Mas Santacreu, 23, diz ser disléxico. "Até a segunda série, eu 'comia' letras e palavras. A diretora disse para a minha mãe que eu era burro."

A família começou a pesquisar o caso, diagnosticado como dislexia.

Ele conta que, para superar a dificuldade, apostou na memória visual. "Vi que conseguia 'gravar' a aula. Passei a prestar ainda mais atenção. Hoje, me sinto normal."

Para a chamar a atenção do poder público para o tema, o Instituto ABCD promove nesta semana oficinas, prêmios e visitas a centros de referência (informações em facebook.com/InstitutoABCD).

A existência da dislexia, porém, não é unânime. Há pesquisadores que entendem que a dificuldade da aprendizagem decorre de falhas das escolas ou do pouco contado com a leitura em casa.

Avaliação semelhante tem o Ministério da Educação, que entende que "rotular" a criança é o pior a se fazer.
Segundo a diretora de currículos da Secretaria da Educação Básica da pasta, Jaqueline Moll, classificar a criança como portadora de um transtorno pode tirar sua autoestima, "o que prejudica as suas outras potencialidades".

Além disso, os colégios podem se sentir mais confortáveis em desistir do aluno disléxico.

Onde procurar ajuda?

Instituto Cefac - (11) 3675 3637
Instituto ABCD - (11) 3071 3506 (11) 3071 2497
Santa Casa - 2176 7000/ 5741/5939
Unesp Marilia e Botucatu - (14) 3402 1324

No Rio UFRJ (21) 3873 5600 

(FÁBIO TAKAHASHI)

Folha de São Paulo 

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Acessibilidade e Cultura: Por que sim? Por que não?


Flavia Boni Licht.


Certas coisas não estão escritas no manual, fazem parte da consciência crítica de cada um.

Arquiteto João Filgueiras Lima

No seu artigo 5º, Capítulo 1, que trata dos direitos e deveres individuais e coletivos, afirma a Constituição brasileira, vigente desde 1988, que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza.
Já a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência – aprovada por unanimidade pela ONU em 2007, ratificada pelo nosso Congresso e promulgada pelo presidente da República em 2009 – abre seu Capítulo 3 listando os princípios gerais válidos para reger a integralidade de seu conteúdo, dentre os quais destacamos o respeito pela dignidade, autonomia e independência das pessoas, a não-discriminação e a igualdade de oportunidades, o direito à plena e efetiva participação e inclusão na sociedade e o respeito pela diferença.

Também vigente neste país desde o ano 2000, lembramos aqui o contido na Lei federal 10.098 (regulamentada, em 2004, pelo Decreto 5.296) que estabelece as normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade mediante a supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios, nos meios de transporte e de comunicação.
Bem antes disso, ainda na década de 1990, a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul e Câmara Municipal de Porto Alegre aprovam leis que determinam o acesso e a circulação livre, segura e independente a todas as pessoas nos espaços públicos.

Assumimos também, desde 1948, quando foi promulgada pela ONU a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que toda pessoa tem direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes, e que, com a aprovação, em 2007, da já citada Convenção Internacional, os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas com deficiência a participar na vida cultural, em base de igualdade com as demais pessoas, e deverão tomar todas as medidas apropriadas para que as pessoas com deficiência possam usufruir o acesso a materiais, atividades e serviços culturais, bem como a monumentos e locais de importância cultural nacional.

Aceitando e tomando por base esse conjunto de preceitos, parece-me ficar sem sentido a pergunta: por que sim à acessibilidade? A resposta pode ser dada de forma singela e definitiva: porque é lei! Ou melhor, leis, inúmeras leis. E leis que foram estudadas, debatidas e aprovadas, e que expressam direitos humanos essenciais, direitos essenciais de todo ser humano! E que, portanto, devem – ou deveriam – ser cumpridas.
Mas sabemos bem que algumas leis não pegam e que nas questões de direitos humanos não somos tão virtuosos como gostamos de nos acreditar ser. Assim, talvez o melhor seja discutir, mais do que o por que sim, o seu contraponto direto, o por que não à acessibilidade.

Foi tentando encontrar respostas para essa interrogação que iniciei, neste ano de 2011, pesquisa dirigida à identificação das barreiras existentes à participação das pessoas nos espaços, programas, atividades e serviços das instituições culturais públicas municipais de Porto Alegre e nas instituições culturais com atividades públicas em edificações tombadas pelo nosso município. Poderia ter optado por outro foco: escolas, bancos, hospitais, restaurantes, igrejas, hotéis.

Escolhi as instituições culturais por três motivos. Os dois primeiros, mais pragmáticos: a facilidade de contato com essas instituições por estar trabalhando na Coordenação da Memória Cultural, vinculada à Secretaria Municipal da Cultura, e a possibilidade de, partindo da identificação das barreiras existentes, sugerir e, talvez, até concretizar algumas mudanças nos locais pesquisados. O terceiro motivo que me conduziu a essa escolha foi o de acreditar que o acesso à cultura no seu sentido mais pleno – incluindo a participação na dinâmica da sua própria criação, seja como artista, seja como espectador – está entre os direitos humanos fundamentais.

Assim, nessas instituições – cuja essência é o estudo e a prática da cultura, a qual, tomando por empréstimo as palavras de José Luiz dos Santos, contribui no combate a preconceitos, oferecendo plataforma firme para o respeito e a dignidade nas relações humanas – imaginava eu encontrar terreno fértil e favorável para avançar neste debate.

Mesmo sabendo de antemão, por conhecê-los, que a quase totalidade dos espaços dedicados à cultura não atendem às exigências da legislação e normativas da acessibilidade no que se refere aos seus prédios, supunha que, nesses locais, muitos programas e serviços já estivessem sendo desenvolvidos com esse olhar.
Assim, organizei previamente dois instrumentos para o recolhimento de dados: um questionário direcionado aos gestores das instituições, com questões referentes à participação pública (acesso/entendimento/uso) nos espaços, programas, atividades e serviços oferecidos; e um roteiro para guiar a avaliação técnica das características físicas das edificações e do entorno imediato.

E iniciei o trabalho. Falando, ouvindo, observando, medindo, lendo, anotando, fotografando. Todos aqueles até agora entrevistados são profissionais qualificados, reconhecidos e com larga experiência nas suas respectivas áreas de atuação. E mesmo tendo visitado poucas instituições do total listado, acredito já ser possível trazer aqui algumas observações, apresentar algumas reflexões, formular algumas perguntas para seguir esse debate, transitando entre as possíveis respostas para o por que não à acessibilidade.

Começando, então, pelas questões aparentemente mais singelas, fica explícito o desconhecimento do significado do termo acessibilidade. A existência de uma rampa ou de um elevador já permite afirmar, na quase totalidade das vezes, que uma instituição é acessível. Acessibilidade como qualidade que respeita o direito de todos e abre possibilidade para a compreensão dos espaços, o estabelecimento de relações com os seus conteúdos e o uso dos seus diversos elementos reduz-se, majoritariamente, à existência de uma rampa ou de um elevador.

Mesmo que essa rampa ou esse elevador estejam em desacordo com os detalhes explicitados nas normativas; mesmo que todas as demais exigências legais não tenham sido contempladas; mesmo deixando de lado o olhar do senso comum e ouvindo observações profissionais, nunca foram lembrados o Braile, a Libras, a áudio-descrição ou o piso tátil, só para ficar em alguns exemplos.

Várias explicações para esse fato podem ser encontradas. Uma delas, talvez a mais óbvia, diz respeito ao símbolo internacional da acessibilidade, o qual estabelece a correspondência direta à imagem de uma cadeira de rodas. Não que se defenda aqui mudança desse símbolo, hoje mundialmente usado e reconhecido. São apenas tentativas de encontrar explicações para exigências não cumpridas e para desconhecimentos do real significado e abrangência do termo.

Outra observação recorrente – e que para os diretamente envolvidos com a temática pode parecer já superada – é a necessidade de ampliar sempre e cada vez mais a divulgação dos direitos das pessoas com deficiência, da necessidade dos projetos terem como foco a diversidade humana e da acessibilidade como uma conquista de todos e para todos. Na maioria dos casos, o que se constata não é uma disposição desfavorável, e sim desconhecimento.

Avançando um pouco além do mais evidente e entrando num terreno menos concreto e mais espinhoso, vale perguntar se, talvez, o por que não à acessibilidade estaria relacionada diretamente ao fato de não reconhecermos no diferente alguém com direitos iguais aos nossos.

Afinal, construímos, com requintes e detalhes, uma cultura excludente que nos esforçamos em manter e aprofundar desde a democracia ateniense, que sacrificava as crianças nascidas com deficiência, até os tempos atuais: há poucos anos, numa escola aqui em Porto Alegre, alunos de seis anos de idade ouviram de um professor, no primeiro dia de aula, que ali não seriam colegas, nem amigos, e sim competidores. Como uma dessas crianças pode pensar em ser solidária? Como respeitará as diferenças?

A pesquisa Preconceito e Discriminação no Ambiente Escolar, realizada em 2009 pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), que entrevistou quase vinte mil alunos, pais, mães, diretores, professores e funcionários em 501 escolas públicas brasileiras, concluiu que 96,5% dos entrevistados têm preconceito com relação a pessoas com deficiência.

O estudo, realizado com o objetivo de criar e incentivar ações para fazer chegar à escola o respeito às diferenças, indica ainda que 99,9% dos entrevistados desejam manter distância de algum grupo social (98,9% das pessoas com deficiências mentais e também dos homossexuais; 97,3% dos ciganos; 96,2% das pessoas com deficiência física; 95,3% dos indígenas; 94,9% dos pobres; 94,6% dos moradores da periferia ou de favelas; 91,1% dos moradores da área rural e 90,9% dos negros).

De acordo com o coordenador dessa pesquisa, o professor José Afonso Mazzon, não existe alguém que tenha preconceito em relação a uma área e não tenha em relação à outra. A maior parte das pessoas tem de três a cinco áreas de preconceito. O fato de todo indivíduo ser preconceituoso é generalizado e preocupante.

Voltando ao trabalho que estou realizando, algumas respostas que ouvi também apontam para uma direção preocupante: Nunca tinha pensado nisso! Pensava que essas exigências eram apenas para ônibus e para calçadas. Nunca imaginei que um centro cultural precisasse atendê-las.O arquiteto evitou desfigurar a fachada principal do prédio e colocou a rampa na entrada lateral, vinda do estacionamento. Afinal, todo cadeirante chega aqui de automóvel. Aqui, tratamos de Cultura! Nosso foco não é o atendimento a pessoas com deficiência.

São comentários que denotam desinformação. Como já explicitado neste mesmo texto, as leis existem e estão em vigor há um tempo razoavelmente longo. Por que são ignoradas? Será por puro desinteresse pelo outro, pelo diferente de mim, pelas suas necessidades? Neste mundo em que hoje vivemos, onde o que vale é chegar na frente, ser o vencedor, talvez quanto maior o número de barreiras, melhor. Desde que para os outros, claro.

Zygmunt Bauman, em Confiança e Medo na Cidade, afirma que as diferenças nos incomodam e nos impedem de interagir, de atuar amistosamente e que, se quisermos compreender nossas diferenças, precisamos formular novas questões. Quais seriam elas?

Será que temos medo de nos defrontar, conforme afirmou a jornalista Lelei Teixeira no seu depoimento na Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, por ocasião do seminário Mídia e Deficiência, com a pessoa com deficiência, que, seja por razões físicas ou mentais, instaura a desordem num mundo aparentemente normal, desorganiza a frágil organização da sociedade? [...] Ao ignorar ou excluir as diferenças, certamente toma-se o caminho mais fácil e mais curto para a eliminação do humano, do caráter criativo e inusitado dos homens, que está no encontro das suas múltiplas possibilidades e capacidades.
O Conselho Internacional de Museus (ICOM) expressa claramente, no seu Código de Ética, que as instituições culturais têm o compromisso de abrir seus espaços, acervos, coleções e atividades a todos os públicos, agindo como interface da multiplicidade de percepções, gerando acesso para diversificadas sensibilidades e para variados entendimentos, visando a satisfazer uma das necessidades básicas do ser humano: conhecer nosso mundo. Não custa perguntar quantas vezes esse Código é desrespeitado...
Assim, necessário se faz, portanto, a construção de estratégias e metodologias, a utilização de equipamentos e produtos, o desenvolvimento de programas e projetos que possibilitem o acesso, a contemplação e a captação dos conteúdos expressos pelo patrimônio cultural de forma não discriminatória.
  • Como os profissionais atuantes nesses centros devem atender demandas diferenciadas, incorporando a acessibilidade às práticas institucionais cotidianas?
  • Como um museu deve se preparar para receber todos os usuários de forma a contribuir com o desenvolvimento das potencialidades funcionais, neutralizando e superando diferenças sensoriais, físicas e/ou cognitivas?
Em 2009, a Galeria Tátil do Museu do Louvre organizou no Museu Nacional de Bogotá a exposição Sentir para Ver. A mostra trouxe alguns questionamentos importantes: a Vênus de Milo, representação da deusa do amor, era um objeto que podia ou não ser tocado pelos gregos? Possuíam as culturas pré-hispânicas uma diferença clara e marcada entre as peças que apenas podiam ser vistas e as que podiam ser tocadas? As imagens da Virgem Maria e de outros santos venerados nos territórios americanos durante o período colonial e, inclusive, até hoje, não são imagens que foram tocadas e abraçadas pelos devotos como demonstração de afeto e gratidão? Quantos tocaram uma escultura de Simon Bolívar em praças de diferentes cidades latino-americanas? Quem se atreveria a tocar uma estátua de Bolívar exposta num museu? O tocar e o não tocar estão mediados por uma série de parâmetros estabelecidos que são próprios dos espaços públicos e dos privados. Porém, foram sempre iguais esses parâmetros? Quem os define?
Interessante refletir sobre isso: por que podemos tocar numa escultura colocada em praça pública? E por que isso nos é vedado naquelas expostas em museus? Essa diferenciação existe mesmo em se tratando, por exemplo, de esculturas assinadas pelo mesmo artista (seja ele mais ou menos famoso), independente do material (seja ele mais ou menos frágil) e da época em que foram executadas (seja ela mais ou menos histórica). Será o caráter do espaço - aberto ou fechado - que distingue o tipo de contato do público com as obras de arte? Quem estabeleceu os padrões que impedem ou incitam aproximações? Quando e por que esse toque deixou de ser incentivado e passou a ser proibido?

Vale também pensar por que delegamos majoritariamente ao olho toda a possibilidade de captar sensações? Por que, pelo papel hegemônico dado à visão, reprimimos o toque e, em menor escala, todos os demais sentidos?

Tendo como objetivo a inclusão de todos na construção e na fruição da cultura, não seria o caso de, sem rejeitar as virtudes do ver, apostar fundo na multissensorialidade ou – de forma mais poética, como nos fala Gaston Bachelard – na polifonia dos sentidos? Afinal, como bem lembrado pelo arquiteto finlandês Juhani Pallasmaa, o olho é o órgão da distância e da separação, enquanto o tato é o sentido da proximidade, intimidade e afeição. O olho analisa, controla e investiga, ao passo que o toque aproxima e acaricia.
Longe desse entendimento, muitas vezes, um simples toque é visto como um ato de destruição. Mas qual toque tem o poder de aniquilar marcas da nossa cultura? Apenas o humano? E o toque do tempo também não age sobre um bem? E, ao restaurar um bem, não destruímos essa ação do tempo, que, por sua vez, também o enriquece? Como nos demos esse direito? Quem nos deu esse direito?

Ainda no final do século XIX, John Ruskin, um dos primeiros teóricos da restauração, já alertava para a impossibilidade de copiar a obra da chuva e do sol, pois o resultado de uma restauração sempre terá a ‘dureza’ de uma obra nova. Mais adiante, com reflexões já datadas do século XX, o arquiteto italiano Camilo Boito defende que nenhuma intervenção deverá tocar a poesia e a pátina do tempo. Também Cesare Brandi, na sua Teoria da Restauração publicada em 1963, reafirma a questão da temporalidade, nos dizendo ser inaceitável apagar as marcas do transcurso do tempo nas obras de arte.

Talvez valha repensar o que define a qualidade cultural de um bem e qual o limite da obra original? Considerando a longevidade do monumento, qual o momento histórico a ser preservado? Quem tem o poder de tomar essa decisão? E se nossos bens não deixam de ser patrimônio quando se deterioram e se restauram, por que deixariam de sê-lo quando tornados acessíveis a todos? O que e quem define a autenticidade de um bem? Será que não é chegado o momento de, na carona da acessibilidade, revisar todos esses ensinamentos que fomos recebendo e repassando sem parar para pensar?

No documento intitulado Carta de Brasília, elaborado em 1995, em reunião coordenada pelo IPHAN e da qual participaram representantes dos países do Cone Sul, lê-se que O significado da palavra autenticidade está intimamente ligado à ideia de verdade: autêntico é o que é verdadeiro, o que é dado como certo, sobre o qual não há dúvidas.

Aqui, também cabe perguntar: o que é verdadeiro? O que pode ser dado como certo? Sobre o que não há dúvidas? Carlos Drummond de Andrade perturba algumas certezas definitivas no seu poema Verdade. Vale refletir com ele.

A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.

O que a porta da verdade escancara nesse quadro do patrimônio e da acessibilidade?
Sabemos todos que, nos museus, os objetos exigem condições específicas e adequadas de catalogação, acondicionamento, manuseio, conservação, umidade, temperatura, luminosidade, limpeza e restauro. E as pessoas? São os seres humanos ou os objetos que têm necessidades? Colecionar, preservar e expor são um fim em si ou uma forma do museu desempenhar seu papel social, facilitando e estimulando a todos – independente de idade e de condição física – o acesso à cultura?

Como se pode ver, as interrogações são intermináveis, têm inúmeros significados, percorrem variadas direções. Mas se mantém sempre a dúvida mais abrangente, que acolhe todas as demais: por que não à acessibilidade?

Sabemos que, em muitos casos, para garantir a vida dos monumentos, instituições culturais se instalam em edificações históricas tombadas. Aqui, o estabelecimento da relação entre acessibilidade e cultura torna-se ainda mais complexo, considerando que tais edifícios são frutos de épocas passadas onde a inclusão não figurava entre os preceitos legais daquelas sociedades.

Mas, com o passar da história, novos ventos sopram nas antes definitivas e conservadoras teorias e práticas sociais. E isso também acontece no que se refere aos ditames internacionais relacionados à manutenção e conservação dos monumentos. Podemos ler, por exemplo, já em 1964, na renovadora Carta de Veneza que a preservação será sempre favorecida por sua função útil à sociedade (desde que as alterações necessárias para tanto não desvirtuem o autêntico de cada bem).

Passados pouco mais de dez anos, em 1976, na sua 19ª Sessão, reunida em Nairóbi, sobre a Salvaguarda dos Conjuntos Históricos e sua Função na Vida Contemporânea, a UNESCO estabelece, entre os princípios gerais daquela Carta, a necessária e harmoniosa integração dos monumentos na vida coletiva da nossa época.

Aprofundando a relação entre acessibilidade e patrimônio, em 1990, o arquiteto Antonio Cravotto - representando a Comissão do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural do Uruguai, no 2º Seminário Ibero-americano de Promotores e Formadores em Acessibilidade ao Meio Físico, realizado em Montevidéu - apresentava seu entendimento sobre essas questões, meio na contramão do muito que se vê ou ouve por aí ainda hoje: em termos práticos, os bens patrimoniais só podem ser salvaguardados se usados apropriadamente no presente [...]. Para tanto, todos esses bens serão necessariamente afetados por modificações espaciais e estruturais; incorporação de elementos, dispositivos, sistemas e redes técnicas; inclusão de equipamentos e de sinalização. Essas intervenções não possuem justificativa nem melhor nem diferente das originadas pela eliminação das barreiras para pessoas com deficiência.

Ou seja - e assim eu entendo a posição do professor Cravotto - ou os bens patrimoniais se adaptam às exigências contemporâneas, ou eles vão perdendo o seu significado, pela impossibilidade de uso. Isso poderá ferir muitos ouvidos, mas, por si só, a transformação de uma residência num museu já pressupõe inúmeras adequações. A instalação de modernos aparelhos de ar condicionado em prédios históricos não seria um exemplo definitivo e inconteste de adaptações permitidas, aceitas e até festejadas? Mais exemplos? A substituição de superadas instalações elétricas e hidráulicas ou de madeiras atacadas por cupins em telhados, esquadrias e pisos. Só quando chegamos à questão da acessibilidade, tudo se torna agressivo ao bem patrimonial. Por que dizemos não apenas à acessibilidade? Pelo custo das adequações? Isso me parece uma questão menor frente a tudo o que se admite gastar nas demais intervenções.

No caso específico das questões afetas ao projeto dos espaços, tombados ou não, muitas vezes se ouve que as adaptações ferem o edifício, pois têm aspecto desagradável; a bela escadaria de mármore não poderá receber um corrimão, pois se entende que a inserção desse novo elemento irá desfigurar a majestosa fachada. Diferente disso – e também no que se refere à acessibilidade – projetos bem estudados geram bons e qualificados espaços. O sempre citado acesso principal ao Museu do Louvre, realização do arquiteto I.M.Pei, é apenas um dentre tantos. Porém, muitas vezes, as adaptações dos espaços para que atendam aos requisitos da acessibilidade são feitas meio que para se livrar do problema. Aí, dificilmente as soluções deixarão de ser ruins ou equivocadas.

Saindo dos edifícios e chegando às praças públicas dos centros históricos – igualmente consideradas, e com razão, ambientes culturais – esse posicionamento – o não apenas à acessibilidade – se mantém vivo e forte: aceitamos a eliminação ou a substituição de árvores e arbustos, a inserção de novos quiosques, bancos e lixeiras, a mudança no desenho dos canteiros, a troca das antigas placas de sinalização. Mas, olhando pelo foco da acessibilidade, aceitamos, quando muito, alguns rebaixos em meio-fios. Nem pensar em macular as calçadas de pedra portuguesa com a execução de um piso tátil, absolutamente necessário para que as pessoas cegas ou com baixa visão possam aproveitar aquele espaço com a mesma liberdade e autonomia de que dispõem todos os demais. Ou em estudar alternativas melhores para pisos pouco confortáveis aos usuários de cadeiras de rodas.

Em 2003, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) publica sua Instrução Normativa nº. 1, que também trata da relação entre acessibilidade e patrimônio histórico: as soluções adotadas para a eliminação, redução ou superação de barreiras na promoção da acessibilidade aos bens culturais imóveis devem compatibilizar-se com a sua preservação e, em cada caso específico, assegurar condições de acesso, de trânsito, de orientação e de comunicação, facilitando a utilização desses bens e a compreensão de seus acervos para todo o público.

Dessa forma, tomando como base as palavras do professor Cravotto e também as instruções do IPHAN, cabe perguntar:
  • Será possível respeitar o passado de uma edificação, desrespeitando os direitos das pessoas, selecionando com nossas decisões de restauro, quem pode ou não pode desfrutar de um patrimônio que é de todos?
  • Assim como no caso dos acervos, será que não deveríamos pensar primeiro nas necessidades dos seres humanos e depois nas dos edifícios?
Sabe-se que esse não é um trabalho fácil nem rápido. Teremos que, para tanto, desconstruir nossos conhecimentos e também nossas práticas para pesquisar, descobrir e edificar novas e boas soluções para todos, mas, sem a menor dúvida, é chegado o momento de perguntar como transformar também nossas instituições culturais em espaços acessíveis para que, efetivamente, se constituam em motor de mudança na direção de uma sociedade inclusiva.
Será que não seremos todos iguais na diversidade, se a infraestrutura for adequada, se a tolerância desafiar os padrões, se o respeito romper com os programas e projetos tradicionais, se a solidariedade voltar a ser considerada como um valor por todos nós? Talvez seja essa uma utopia, mas – e, para concluir, volto às palavras do professor Cravotto – não será a utopia, corretamente entendida, a determinar a acertada direção de um avanço social?
Por que não à acessibilidade?

Referências:

  1. BAUMAN, Zygmunt. CONFIANÇA E MEDO NA CIDADE. Jorge Zahar Editor. São Paulo. 1ª edição. 2009.
  2. JUNCÁ UBIERNA, José Antonio. El binomio Accesibilidad y Patrimonio: a la búsqueda de un equilibrio compatible. ACCESIBILIDAD Y PATRIMONIO – YACIMIENTOS ARQUEOLÓGICOS, CASCOS HISTÓRICOS, JARDINES Y MONUMENTOS. Junta de Castilla y León, España. 2007.
  3. LEMOS, Carlos A. C. O QUE É PATRIMÔNIO HISTÓRICO. (Coleção Primeiros Passos - 3ª reimpressão da 5ª edição de 1987).São Paulo. Ed. Brasiliense, 2006.
  4. MIGUEL, Ana Maria Macarrón. HISTORIA DE LA CONSERVACIÓN Y LA RESTAURACIÓN: DESDE LA ANTIGÜEDAD HASTA FINALES DEL SIGLO XIX. Technos Ed. Madrid 1995.
  5. PALLASMAA, Juahani. OS OLHOS DA PELE – A ARQUITETURA DOS SENTIDOS.Bookman Companhia Editora/Artmed Editora S.A. Porto Alegre, 2011..
  6. SANTOS, José Luiz. O QUE É CULTURA. (Coleção Primeiros Passos - 14ª reimpressão da 16ª edição de 1996).São Paulo. Ed. Brasiliense, 2008.
  7. TOJAL, Amanda Fonseca e outros. CADERNO DE ACESSIBILIDADE. REFLEXÕES E EXPERIÊNCIAS EM EXPOSIÇÕES E MUSEUS. 1ª edição. Expomus. São Paulo. 2010.
Do livro: Celebrando a Diversidade. Pessoas com Deficiência e Direito à Inclusão.
Edição 2010.
Organização: Flavia Boni Licht e Nubia Silveira.
Apoio: Planeta Educação - em especial, Elisete Oliveira Santos Baruel e Érika de Souza Bueno.
Capítulo IX: Pela Expressão na Cultura, no Turismo e no Lazer
Artigo: Acessibiilidade e Cultura: Por que Sim? Por que Não?
Flavia Boni Licht (Porto Alegre)
– arquiteta, responsável pela concepção desta publicação e, em parceria com a jornalista Nubia Silveira, de sua organização.


Surf: Esporte radical para cegos

Globo Esporte

Cego brasileiro destrói limites, surfa em Pipeline e ganha telas de cinema.

Bruno Lemos viu aquele menino com deficiência visual entrar em uma igreja no Havaí e lamentou. “Eu pensei: ‘Que pena um rapaz cego aqui, não vai conseguir ver e curtir a beleza local’”, relembra. Mas não demorou para que o garoto provasse que sabia aproveitar aquele pedaço de paraíso como ninguém.

Apresentado ao capixaba Derek Rabelo por amigos em comum, o fotógrafo se impressionou com a história daquele jovem de 17 anos que lutou contra o preconceito para aprender a surfar. Anos mais tarde, depois de ter dividido ondas com gente como Kelly Slater, Gabriel Medina e Mick Fanning, o rapaz é o protagonista do documentário "Além da Visão", que está sendo filmado por Bruno e por Luiz Werneck, ainda sem data para estrear.

A história de Derek conquistou o mundo do surfe rapidamente. O menino, hoje com 20 anos, nasceu cego em Guarapari, filho de um casal apaixonado pelo esporte. Tanto que recebeu seu nome em homenagem ao havaiano Derek Ho, campeão mundial em 1993. E, com o tempo, foi perdendo o medo do preconceito para que pudesse realizar o sonho de aprender a surfar.

- Eu sempre morei perto da praia, minha família toda surfava. Chegou um momento da minha vida que eu quis surfar, quando tinha 17 anos. Eu sabia que a galera estava indo surfar e ficava na vontade. No início, foi meio complicado, estressante. Eu tentava surfar todo dia, o treinador ficava sempre à disposição. A galera me dava muita força, incentivava. E eu consegui – disse o surfista, em entrevista por telefone.

Foi quando começou a nutrir sonhos maiores. Incentivado pelo amigo Magno Oliveira, um dos principais nomes do bodyboard nacional, Derek quis conhecer o Havaí. Melhor: queria surfar a Pipeline, conhecida por ser uma das maiores e mais perigosas ondas do mundo. Tirou o visto americano e embarcou. E, mesmo em um lugar por vezes avesso a surfistas estrangeiros, conquistou a confiança e a simpatia local para atingir um feito até então impensável.

- Pipeline foi a bênção de Deus na minha vida, fiquei “amarradão” em fazer isso. Foi uma situação muito diferente, água quentinha, altas manobras. O pessoal do Havaí me deu muita força, gostaram da minha história e deram paz para que eu pudesse surfar a Pipeline. Foi um momento muito maneiro também - explica Derek, que precisa da ajuda de outro surfista para orientá-lo, gritar e empurrá-lo na hora exata de entrar na onda.

Derek ganhou as páginas dos jornais e foi protagonistas de matérias na televisão havaiana. Sua história circulou o mundo e ganhou fãs de peso, como Slater e Fanning, que logo quiseram conhecer o "brasileiro cego que havia surfado a Pipeline".

Foi nessa época que Derek se encontrou com Bruno. O fotógrafo, que se mudou para o Havaí em 1991, aos 21 anos, se impressionou com a força do menino. E, já com a ideia de se arriscar pelo cinema, pensou em “adotar” o capixaba como protagonista de seu documentário. Chamou o amigo Luiz Werneck, já com experiência cinematográfica e na televisão, e começou a gravar em locações como Rio de Janeiro, Espírito Santo e, claro, Havaí, mesmo sem garantias de lançamento. Lançou um vídeo de pouco mais de três minutos no "YouTube", que, em poucas semanas, teve quase 500 mil visualizações. O que o motivou a dar sequência ao projeto, que já tem um trailer, com depoimentos de gente como Carlos Burle, Evandro Mesquita e Gabriel, o Pensador.

- Quando nós colocamos o Derek na frente da câmera e começamos a entrevistá-lo, vimos que a sua história era realmente incrível e achamos que tínhamos em mãos um grande potencial para fazer um bom documentário. Mas o filme não poderia ser somente sobre ele. Resolvemos, então, tentar mostrar um pouco de como pessoas com deficiência visual “enxergam” o mundo e como eles vivem. Mas, ao mesmo tempo, não queríamos fazer nada muito “profundo” ou “melancólico”. Queríamos fazer algo alegre e que pudesse vir a motivar e servir de exemplo para todos – disse o diretor.

Nos últimos dias, a equipe aproveita a etapa de Trestles do Mundial para gravar mais algumas cenas. Derek, inclusive, participou da transmissão via internet do campeonato. Conversou com o ídolo Taj Burrow e ouviu uma série de elogios do australiano.

- Ele é muito mais talentoso que eu. Está conseguindo coisas sensacionais, merece muito estar onde está e ainda mais – disse o surfista.

Derek, então, fez o pedido:
- Quero dividir uma onda com você – falou o garoto.
Bruno espera que a história de Derek possa incentivar outros meninos, com ou sem deficiência a praticar esportes.

- Na verdade, no início, nós imaginamos que isso seria uma das coisas principais que iriam acontecer. Mas com o passar do tempo, percebemos que o “efeito Derek” estava atingindo todos os tipos de pessoas, independentemente da idade, da classe social. O que mais vimos até agora foram pessoas “comuns”, atletas, pessoas famosas, virem até nós para dizer que ficaram extremamente tocados e motivados a realmente tentar mudar de atitude em relação à maneira que eles vivem e da maneira que enxergam a vida.
Os diretores, no entanto, ainda esperam apoio para finalizar o projeto. Bruno tem, inclusive, a cena perfeita para encerrar o documentário.

- É o meu primeiro filme como diretor. E eu quero um final bem emocionante. Estamos tentando fazer sem orçamento até agora, só nos preocupamos em contar a história. Mas estou tentando trazer os pais dele para Pipeline. Queria que eles o vissem entrando em Pipeline. Sempre sofreram muito com discriminação. Tiveram problemas para colocá-lo na escola, em campeonatos de surfe. Foi uma vida sofrida. E os dois gostam muito de surfe. Tanto que deram o nome dele em homenagem ao Derek Ho, que participa do filme. Queria colocá-los na mesma onda em Pipeline, com os pais vendo. Seria um final legal – afirmou o diretor.

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terça-feira, 16 de outubro de 2012

Reforma do código penal: “Está na hora de a sociedade civil se envolver”, diz Juliana Belloque

Durante sete meses, uma comissão de juristas composta por 16 membros analisou o Código Penal brasileiro e deu início a um longo processo de debates sobre a reforma deste conjunto de leis fixado em 1940. A defensora pública do Estado de São Paulo, Juliana Belloque, fez parte desta comissão, que analisou dezenas de leis especiais e centenas de artigos do Código Penal.


Depois deste longo processo de debate entre especialistas, o Projeto de Lei 236/2012 vai agora, no segundo semestre de 2012, ser debatido pelos senadores da República, que também convocarão audiências públicas. Segundo Belloque, o Código Penal “precisar ser atualizado, reformado, discutido por toda a sociedade”.

“É preciso envolver todos os setores da sociedade. É muito importante que os movimentos brasileiros em geral participem deste debate. É essa lei que vai dizer quais são as condutas criminosas, que nós entendemos como as mais graves na nossa sociedade. Há temas como aborto, uso de drogas, terrorismo”, diz Juliana. “Nós temos a terceira maior população carcerária do mundo. É muito importante que o debate seja o mais amplo possível. A lei deve representar a sociedade brasileiras e não apenas o desejo de alguns”, completou.

Entre os pontos positivos da reforma, ela destacou a descriminalização do uso de drogas, o tratamento do tema do aborto como uma questão de saúde pública, a diminuição da pena para crimes contra o patrimônio sem o uso de violência e o fim da previsão de pena de privação de liberdade para atos obscenos, apologia ao crime e desacato a autoridade.

Posição da Conectas
Conectas considera fundamental a participação e o envolvimento da sociedade civil na discussão do novo Código Penal e apoia as propostas que caminham no sentido de diminuir o papel do Estado – mais especificamente do Direito Penal – na vida privada dos cidadãos.

Nos causa preocupação, no entanto, medidas que visam aumentar penas, criminalizar novas condutas ou dificultar a ressocialização dos egressos do sistema prisional.

Com uma das maiores populações carcerárias do mundo, e com um déficit de cerca de 200 mil vagas, o sistema penitenciário brasileiro está em colapso, e o novo Código Penal não pode ignorar esses dados da realidade. Afinal, é justamente em nome dela que se pretende atualizar as normas “atuais”, que remontam a 1940.

Fonte

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Mais atenção e menos brinquedos


 Qual Dia das Crianças vamos dar para nossos filhos?

O Dia das Crianças se aproxima e começamos a perceber a profusão de apelos publicitários querendo transformar um produto qualquer no sonho de consumo da garotada. Nós, os pais, estamos na expectativa de sair às compras, cartão de crédito em punho e até dispostos a encarar mais um parcelamento para realizar o sonho dos nossos pequenos.

Contudo, mal conseguimos lembrar qual presente demos no ano passado. E quando lembramos, nem sabemos onde está. É certo que está em algum baú, em alguma caixa, gaveta ou sob as montanhas de novos brinquedos que nossos filhos ganharam desde o ano passado. Se não tiver sido algo significativo, ele já foi esquecido.


Se olharmos com cuidado vamos reparar que nossos filhos possuem brinquedos demais e brincam com dois ou três que são os favoritos. Estes são os significativos.

A verdade é que a quantidade de objetos pode ser proporcional à distância, à ausência e ao vazio. Como os nossos pertences de adulto, os brinquedos às vezes são usados para preencher vãos. A questão é que os objetos em si não suprem vazios, coisas não se tornam presença.

O Coletivo Infância Livre de Consumismo convida você a refletir conosco sobre o que realmente é capaz de fechar estes espaços. Queremos saber quais são as suas ideias para que, no Dia das Crianças, a gente consiga tirar o foco do consumismo. Use este espaço para compartilhar histórias de como sua família costuma comemorar o Dia das Crianças. Conte qual a importância sua e do presente neste contexto. Que atividades interessantes podemos fazer com nossos filhos?

Queremos saber se tantos objetos são mesmo necessários para fazer nossos filhos se sentirem homenageados nesse dia. O que nós, pais e mães, podemos proporcionar aos nossos filhos para que se sintam preenchidos pelo amor?

É o questionamento feito pelo Coletivo Infância Livre de Consumismo, que convida os pais a refletir sobre o que dar aos seus filhos nessa data comemorativa. Tudo isso porque a data se aproxima e já é possível perceber a profusão de apelos publicitários querendo transformar um produto qualquer no sonho de consumo da garotada.

O Coletivo explica que nessa data, os pais ficam ansiosos, na expectativa de sair às compras, com cartão de crédito em punho e até dispostos a encarar mais um parcelamento para realizar o sonho de seus pequenos. Contudo, mal conseguem lembrar qual presente deram no ano passado.


Para fazer dessa data um momento de aproximação entre pais e filhos, o Coletivo propõe a realização de um dia das crianças diferente: experiências do brincar criativo em família. Sendo assim, convidam os pais para uma postarem textos e imagens até o dia 12 de outubro com o tema “Dia das crianças: compartilhe brincadeiras”.

O objetivo da campanha éinspirar mães, pais e outros adultos importantes na vida das crianças a experimentarem um Dia das Crianças mais divertido, bem como registrar os momentos de brincadeiras de suas crianças -esse registro pode ser um texto, uma foto ou um desenho – ou vários, e usar o facebook ou o blog para falar sobre o assunto.

Para saber mais, acesse


HÁ VAGAS - HÁ VAGAS - HÁ VAGAS

CURSO: Aprendiz administrativo
REQUISITO: Ser pessoa com deficiencia
LOCAL: Senai
DATA DE INICIO: Novembro
QUER INFORMAÇÕES? Faça contato com a APEKATU, senhora Judith, (011) 7744 1522 ou judith@apekatucons.com.br

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Caso real: MOTO? TÔ CORRENDO!

Sou Ivan, tenho vinte e cinco anos. Trabalhei como mecânico. Sempre sem registro, Também como garçom e estampador de camisetas. Numa madrugada, dirigia a moto com minha mãe na garupa, descia por uma avenida e precisei dividir o espaço com duas caçambas seguidas e carro ao meu lado. Ele encostou em meu guidão, bati na quina de uma das caçambas, quebrei meu fêmur em quatro partes, estourei o joelho, o tanque de combustível da moto se partiu ao meio com a força do impacto Minha mãe lesou com tal gravidade a coluna quando caiu que precisou colocar seis pinos , além da placa de platina em sua perna, abaixo do joelho.O motorista não nos socorreu.
   Lembro de meses no hospital, com gaiolas de aço em volta de minha perna, fumando quatro maços de cigarro por dia, apesar dos antidepressivos. Passei por cinco cirurgias, no dia em que iam amputar minha perna, quebrei tudo o que havia à minha volta e briguei e gritei tanto que decidiram me dar um tempo. Fiquei por três meses em cadeira de rodas e andei por um ano e dois meses com muletas. Depois usei andador.
   Agora faz um mês que “ando”, mancando muito, a perna ficou mais curta, com cicatriz funda na coxa toda, o joelho é rígido, o pé não funciona como antes, e a perna “adormece” sempre. Acho que a irrigação sanguínea ficou parcialmente comprometida. Hoje ando, mas sem equilíbrio, não posso correr, não consigo subir em um ônibus.
   Quero trabalhar. Fui orientado a buscar esporte, para preservar a força do tronco e braços, importante para meu futuro, já que sobrecarrego minha perna boa e com o tempo isto vai ter um custo para minha mobilidade. Sou bom em Matemática, estou pensando em voltar à estudar, ”O que não provoca a minha morte faz com que eu fique mais forte.” – Nietzsche.

Caso real. Elizabeth Fritzsons da Silva, psicóloga e diretora da Unidade de atenção às Pessoas com Deficiência.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Pesquisa aponta impacto da prática esportiva em pessoas com deficiência

Estudo da Allianz e da TNS Infratest revela que o esporte aumenta a autonomia e melhora a qualidade de vida.

Este e outros infográficos estão publicados no link ao final da matéria

Por Eric Bragion

A Allianz, em parceria com a TNS Infratest, realizou um estudo na Alemanha sobre o papel do esporte na vida de pessoas com deficiência física. A pesquisa aponta que a prática esportiva é um meio para se obter mais autonomia e menos restrições, auxiliando na volta às atividades do dia a dia e na melhora da qualidade de vida.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), de 20 a 50 milhões de pessoas por ano adquirem lesões não fatais somente em acidentes de carros, o que pode refletir em perdas permanentes ou podem ser reduzidas com exercício regular.

“Depois de um acidente, o esporte é normalmente uma parte importante da reabilitação, o que ajuda na recuperação da forma física. Por meio dele, pessoas com e sem deficiência podem fazer parte da sociedade e melhorar a sua autoconfiança”, lembra o presidente do Comitê Paralímpico Internacional (IPC), Sir Philip Craven.

A internet tem um papel importante no acesso ao esporte para pessoas com deficiência física, revelou o estudo. Esse canal aumenta o fluxo de informação sobre a prática de atividades físicas e a perspectiva de participar delas. Além disso, instalações desportivas, oportunidades de treinamento, comunicação e a troca de informação entre centros esportivos e entusiastas de diversas modalidades têm o acesso facilitado no mundo on-line.

Em geral, é considerado extremamente difícil saber como lidar com pessoas com deficiência, tanto na vida cotidiana quanto na prática esportiva. “Grandes eventos, como os Jogos Paralímpicos de Londres 2012, podem ajudar a fortalecer a posição do esporte adaptado na sociedade e quebrar preconceitos”, diz o Head de Group Market Management da Allianz SE, Joseph K. Gross. “O profissionalismo, ambição e espírito de equipe dos atletas paralímpicos os levam para a excelência e os tornam estrelas e exemplos para todos nós”.


Fonte

IMPORTANTE:

Pessoas com deficiencia em Americana: a Secretaria de Esportes organiza turmas para natação adaptada em Fevereiro e Agosto. Também oferece atletismo adaptado segunda, quarta e sexta-feiras. 
Fazer contato com o professor Marcio pelos telefones 3406-1043 ou 3406-6111 para maiores informações. Email: centrocivico@americana.sp.gov.br
























AINDA HÁ VAGAS! – AINDA HÁ VAGAS! – AINDA HÁ VAGAS!

Curso de AUXILIAR TÊXTIL

AONDE? Escola SENAI de Americana
PARA QUEM? Pessoas com deficiência
INÍCIO? Imediato


ESTRUTURA DO CURSO: Primeiro módulo (Português e Matemática)
                                              Segundo Módulo (Auxiliar Têxtil)

DURAÇÃO PREVISTA : Primeiro Módulo até o final deste ano de 2012
                                           Segundo Módulo – dois anos

HORÁRIOS POSSÌVEIS : Turmas matutinas, aulas das 8horas às 11horas e 30 minutos
                                             Turmas noturnas, aulas das 18 horas e quinze minutos até as
                                             22 horas.

DOCUMENTOS NECESSÀRIOS PARA A INSCRIÇÂO :
                                             Laudo Médico, certificando a deficiência e limitações
                                             CPF
                                              RG
                                              Comprovante de endereço (conta de água ou luz)

MAIS INFORMAÇÕES : Fazer contato com PROFESSOR RODRIGO, nos telefones
                                             (15) 9719 1338
                                             (11) 9745 22911
                                              pr_rodrigo12@hotmail.com


segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Educação afogada em números

Por Lucio Carvalho *

Definitivamente uma das melhores maneiras de não entender a educação no Brasil é analisar-se números e rankings. Não há semana, entretanto, em que não se encontre nas principais manchetes do país menção a eles, escandalizando ou amortecendo a opinião pública. É uma febre por exatidão aritmética sem precedentes. A ideia subjacente é que seguramente é mais importante saber os índices pelos quais os fatos acontecem que seu conteúdo real. O efeito mais visível da operação tem sido a sistemática substituição da realidade por um mero dado ilustrativo, assim como um foco maior no cômputo em si mesmo que na realidade objetiva e seu intrincado percurso social.


Aparentemente não há mais ramo de interesse que deixe de contar com uma respectiva série estatística, com o fim de dar suporte a análises que privilegiam os aspectos quantitativos da realidade social. Se isto consegue preencher a informação, como um estrondo acompanha um relâmpago, é notável o silêncio que resta após. A impressão é de que nada há mais a ser dito, que os números falam por si próprios, com sua carga de inevitabilidade, que são dados indiscutíveis mesmo que sua apuração seja tão nebulosa quanto o céu do inverno, basta que se acompanhe a sigla respectiva e o conectivo “de acordo com”. De fato, parece que boa parte da sociedade se satisfaz em conhecer a realidade alheia, a de seus vizinhos de porta, enquadrando-a em algum índice. Faz parte do modo anômico de existir, marca desse tempo de logins e avatares.

Apesar da facilidade e de toda sorte de generalizações em torno do assunto educação, é relativamente simples construir um mosaico de números e rankeamentos que, tomados em conjunto, não fazem sentido algum. Basta que se analise transversalmente as informações, ou seja, compare-se números incongruentes, como a posição que o país ocupa entre a economia global e os rankings que a UNESCO providencia periodicamente a respeito da qualidade de educação.

A escandalosa relação que se pode obter ao cruzar estes dados, contudo, não faz muito sucesso entre as análises educacionais. Ninguém se pergunta, por exemplo, como o país que ocupa a 88ª colocação na educação consegue a façanha de ostentar números que lhe garantem a posição de 6ª economia planetária. A hipótese mais simples, observando-se os dados, apontaria no disparate de que o sucesso econômico está intimamente relacionado com a baixa qualidade de educação. Deve prover daí a relutância governamental em destinar mais recursos para a educação pública, como quer a campanha em prol dos 10% do PIB para a educação. Afinal, os números são claros e evidentes. Para que se haveria de problematizar um assunto desses?

O emaranhado de números, quer se observe um índice qualitativo como o IDH ou o cálculo do IDEB, deixa claro que, quando o assunto é educação, não há pontas e que o estatuto de “intocável” e “inabordável” é até conveniente, porque governos e sociedade tem demonstrado não ter a mínima ideia do que fazer com o tema. Restam iniciativas isoladas e notícias alarmantes que fazem parte já de uma rotina histórica que, pelo menos de forma aparente, não demovem a mais ninguém. Um discurso qualitativo sobre a realidade educacional como o caso do vídeo da professora de Natal, RN (alguém ainda lembra dela?), é uma informação com data de validade. Faz parte da memória caduca destes tempos devoradores de números e manchetes, até que venha a repetir-se mais uma vez.

* Coordenador-Geral da Inclusive – inclusão e cidadania.

Fonte
Oferecemos arquivo de textos específicos, de documentos, leis, informativos, notícias, cursos de nossa região (Americana), além de publicarmos entrevistas feitas para sensibilizar e divulgar suas ações eficientes em sua realidade. Também disponibilizamos os textos pesquisados para informar/prevenir sobre crescente qualidade de vida. Buscamos evidenciar assim pessoas que podem ser eficientes, mesmo que diferentes ou com algum tipo de mobilidade reduzida e/ou deficiência, procurando informar cada vez mais todos para incluírem todos.