sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Brasileiro sem pés é convidado para treinar com o Barcelona

Aos 11 anos, Gabriel Muniz chamou a atenção dos dirigentes do clube espanhol e vai viajar para conhecer seu ídolo, Lionel Messi 


São Paulo – Ainda não há futebol de campo nos Jogos Paralímpicos atuais, mas, se depender de um brasileiro de 11 anos de idade, essa modalidade deve ter um espaço garantido na competição futuramente. O menino Gabriel Muniz nasceu sem os pés, mas isso não o impediu de praticar o esporte e ter grande habilidade com a bola.


Depois de aparecer em um programa de TV, ele ganhou fama e foi convidado para visitar o FCBarcelona Camp do Rio de Janeiro, a “colônia de férias” do clube no Brasil. Lá, ele mostrou seu talento, foi visto pelos dirigentes da equipe e recebeu outro convite, ainda mais especial: viajar para a Espanha para treinar e conhecer seu maior ídolo, o argentino Lionel Messi.

O reconhecimento não veio apenas devido à deficiência, mas sim pela qualidade de sua atuação durante as partidas. Em entrevista divulgada em veículos nacionais e internacionais, o professor e o melhor amigo de Gabriel atestam sua competência e garantem que seus dribles, passes e gols são dignos de craque. Sua visita a Barcelona está marcada para o final de setembro, quando mostrará, mais uma vez, toda a habilidade que revela durante as aulas de educação física na escola.

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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Tocha paralímpica acende as emoções de Clodoaldo e Ádria

Emoções semelhantes turbinaram os planos das duas legendas brasileiras que participaram do revezamento da tocha paralímpica em Londres na tarde desta quarta-feira (29). Depois de carregar a chama pelas ruas de Lewisham, bairro do sudeste da capital britânica, o nadador Clodoado Silva e a velocista Ádria dos Santos comparavam o sentimento de sua inclusão na cerimônia ao da conquista de uma medalha, o que não deixa de ser surpresa se levado em conta que, juntos, os dois atletas somam 27 pódios. Enquanto Ádria viu reafirmada sua confiança numa recuperação da lesão no joelho que a tirou dos Jogos de Londres 2012, Clodoaldo admitiu que já não está tão certo de que se aposentará ao final da competição.


“Achei que já tinha feito de tudo na Paralimpíada, mas foi algo diferente, que me emocionou muito. Principalmente a receptividade do público. Foi uma tarde com frio e chuva, mas tivemos um calor humano que me fez pensar estar no Brasil. É isso o que quero daqui a quatro anos lá no Rio, essa receptividade. Isso me faz pensar e repensar se devo mesmo me aposentar ou pendurar minha sunga. Estou me divertindo muito’’, disse Clodoaldo, o maior medalhista paralímpico brasileiro, com seis ouros, cinco pratas e dois bronzes em quatro Paralimpíadas.

O nadador cadeirante afirmou ainda que participar do revezamento o ajudou um pouco a relaxar para disputa de suas cinco provas nos Jogos de Londres. “A gente está fora do Brasil desde 25 de julho, longe da família, para fica concentrado nas competições. Estar aqui vai tirar um pouco da tensão e da ansiedade para chegar na prova bem’’.

Clodoaldo e Ádria participaram de um grupo de revezamento que incluiu estrelas fora do mundo paralímpico, como o jogador de futebol David Alaba, do clube alemão Bayern de Munique, e a supermodelo russa Natalia Vodianova, conhecida pela dedicação às causas das pessoas com deficiência por ter uma irmã com paralisia cerebral. No revezamento da tocha paralímpica, os participantes dividiram-se em grupos em que apenas uma tocha era acesa a cada 130m.

Ádria ficou muito emocionada com todo o clima, especialmente depois de correr com a chama. “São momentos em que é difícil descrever a emoção. Ouvi as pessoas aplaudindo, senti o cheiro do fogo e foi aí que me dei conta de que estava fazendo parte realmente do revezamento. Foi maravilhoso, muito gratificante’’, explicou a velocista cega, que já participou de seis Paralimpíadas, conquistando quatro ouros, nove pratas e um bronze.

Assista ao vídeo da participação de Clodoaldo e Ádria

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Tecnologia ajuda a criar novos aparelhos para pessoas deficientes

Equipamentos desenvolvidos por pesquisadores independentes em feira de SP tentam atrair indústrias para serem fabricados em larga escala, mas preços elevados ainda tornam mercado inacessível para muitos. 


Quase 46 milhões de brasileiros possuem algum tipo de deficiência. Para melhorar a qualidade de vida dessas pessoas, pesquisadores apresentaram as novidades do setor em uma feira em São Paulo.
Tanta simpatia só para os carros de quem tem deficiência. O sensor no chão de um estacionamento reconhece o dispositivo eletrônico instalado no veículo e libera a entrada.Os outros motoristas são denunciados.

“Esta vaga é exclusiva, estacione em outra vaga”, diz a gravação.
“Ninguém gosta de pagar um mico em público. Então na hora ele já vai ser constrangido e vai deixar a vaga aberta”, comenta o empresário Sérgio Yamawaki.

Para o aluno que não vê, a ilustração de uma aula de biologia é substituída pelo tato. No exemplo, a menor parte do corpo humano, a célula. O deficiente visual lê em braile as explicações enquanto com a outra mão sente a forma do que ele não consegue ver nos livros.
Um mouse funciona como um guia para o deficiente visual ler o que está na tela do computador. Quando o cursor se movimenta, automaticamente, letras e números são transformados em pontos no sistema braile, no próprio mouse.
O mouse portátil é conectado ao computador por uma rede sem fio.
“Eu tenho condição de perceber a escrita, a grafia, e isso é fundamental e nos ajuda na preservação do braile, proporciona nossa inclusão”, diz o professor Davi Farias Costa.

Em uma feira de reabilitação, equipamentos desenvolvidos por universidades e pesquisadores independentes tentam atrair indústrias para serem fabricados em larga escala. É só um dos desafios do mercado de produtos para pessoas com deficiência, que continuam inacessíveis para muita gente.

Uma perna mecânica para praticar esportes impressiona, mas custa R$ 15 mil. Uma mão biônica sai por R$ 120 mil. Tem gente que não sai de casa porque não consegue comprar equipamentos bem mais simples.
Cid Torquato tem condições, mas foi buscar na Alemanha uma cadeira computadorizada. Diz que pagou o equivalente a R$ 50 mil, R$ 20 mil a menos do que custa no mercado brasileiro.
“Poucos produtos, caros, tecnologias ultrapassadas. Nós estamos muito defasados com o que está acontecendo no resto do mundo”, revela o advogado.

Preocupada com qualidade, a Associação dos Fabricantes acaba de lançar um selo. Para reduzir o preço, o governo federal zerou os impostos que incidem na venda e na importação, mas os fabricantes querem menos tributos também nas matérias-primas. Dizem que assim, o preço da cadeira de rodas, por exemplo, poderia cair cerca de 30%.

“O custo do produto nacional ainda é elevado para o consumidor em função ainda do custo Brasil”, aponta o diretor da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Deficientes (Abridef), Gino Salvador.
De uma tese de mestrado surgiu um triciclo elétrico de baixo custo, um guidão com bateria que se adapta à cadeira de rodas. O maior apelo do equipamento, que ainda é um protótipo, é o raro gostinho de liberdade.

“Cada passo desse é um avanço gigantesco, porque atrás de uma ideia vem outra e outra melhor e abre mais o leque. Enfim, é um avanço, um grande avanço”, conclui o fotógrafo Nivaldo Alves.

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quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Para-atleta desfruta de fama e dinheiro


JAIRO MARQUES
ENVIADO ESPECIAL A LONDRES


Daniel Dias, nadador brasileiro de maior sucesso, tem rendimento mensal de R$ 50 mil 







Daneil Dias (no chão) após treino em Londres
Matte Dunham/Associeted Press

Dos 182 para-atletas brasileiros que estão em Londres para disputador os Jogos Paraolímpicos, que serão abertos amanhã, alguns deles, como o nadador Daniel Dias, 24, já conseguem ter fama e rendimentos comparados aos de atletas convencionais.

Dias, que nasceu com má-formação nos braços e na perna direita, é ganhador de dezenas de medalhas de ouro em grandes competições interacionais nos últimos anos.

Ele começou a disputar provas em 2006 e já figura entre os maiores da história da paranatação do país.
Os resultados refletem em patrocínios e dinheiro no bolso. Atualmente, o nadador de Bragança Paulista (SP) conta com patrocínio de pelo menos três grandes empresas, além de apoio do CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro).

"Há uns três anos, era raríssimo conseguir um patrocínio. As empresas privadas ainda têm dificuldade de ver o potencial desses atletas. Minha esperança é que isso mude até a Rio-2016."
Pela primeira vez em uma disputa mundial, Dias conseguiu pagar passagem e estadia para os pais e para a noiva acompanhá-lo durante todas as provas em Londres.

 Imagens Google

Ele não revela, mas a Folha apurou que, atualmente, seus rendimentos estão na casa dos R$ 50 mil por mês.

"Estou realizando um sonho ao poder ter minha família aqui comigo. É fantástico ver uma conquista assim partindo de um para-atleta. Jamais imaginei que isso tudo que tem acontecido comigo iria ser realidade", afirmou o para-atleta brasileiro.


Imagens Google

O nadador vai disputar oito provas, com grandes chances de garantir ouro em pelo menos metade delas.
Em 2008, em Pequim, ele ganhou troféu como destaque da Paraolimpíada, ao ganhar nove medalhas, sendo quatro de ouro, em sua estreia nos Jogos.

"Tenho consciência de que o Brasil tem grandes atletas e eu me sinto honrado em estar entre os nomes de destaque, em estar ao lado de outras feras. Estou aproveitando o momento, sem me esquecer dos treinos", afirmou ele, que ganhou o Laureus (o Oscar do esporte) na categoria paraolímpica em 2009.
Ele se lança na piscina pela primeira vez na quinta-feira, nos 50 m livre, concorrendo contra outro brasileiro medalhista, Clodoaldo Silva.

O para-atleta Flávio Reitz, 25, que está em sua primeira Paraolimpíada, na qual vai disputar o salto em altura, do atletismo, avalia que a realidade atingida por Dias permite abrir as portas para os outros competidores.

"É o setor público que abriga ainda nossos grandes apoiadores, mas, aos poucos, as empresas privadas estão abrindo o olho para a visibilidade que os para-atletas podem gerar. É preciso quebrar o senso comum que só a perfeição traz felicidade."

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Londres distribuirá mais de 1000 ingressos para Jogos Paralímpicos

Prestes a começar os Jogos Paralímpicos, a prefeitura de Londres está distribuindo ingressos gratuitamente em clubes de atletismo da cidade. Cerca de 1.100 bilhetes vão ser dados a sócios e voluntários do Conselho de Atletismo de Londres. A distribuição será feita nos 50 clubes que tenham concordado em se certificar de que metade dos ingressos serão para jovens com até 16 anos.

 Boris Johnson espera que o legado dos Jogos Olímpicos continua na Paralimpíada
Foto: Reuters

De acordo com a prefeitura londrina, os Jogos de 2012 desencadearam um grande aumento no interesse em clubes esportivos na capital. Estima-se que as entradas vão inspirar os membros de clubes e voluntários a serem capazes de aproveitar para trabalhar a incentivar os jovens a ter uma prática esportiva.

"Os clubes de toda a capital são exigentes com os londrinos de todas as idades que foram inspirados pelos bons resultados da Grã-Bretanha. Este entusiasmo é um legado dos Jogos e esperamos continuar reunindo ao longo da Paralimpíada. Estou muito feliz de temos assegurado 1.100 ingressos que permitam as pessoas que passam muito tempo em blocos de partida ou em campos esportivos ao redor da capital para experimentar a alegria dos Jogos Paralímpicos", disse o prefeito de Londres, Boris Johnson.

Os Jogos Paralímpicos de Londres começará na próxima quarta. As competições serão realizadas até o dia 9 de setembro. O Brasil terá mais de 180 atletas e a meta do Comitê Paralímpico Brasileiro é repetir o bom desempenho de Pequim 2008 e ficar entre os dez primeiros.

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segunda-feira, 27 de agosto de 2012

EVENTO

Controle das Políticas Públicas de Acessibilidade.


Promovido pelo Tribunal de Contas da União, com apoio da Associação Nacional do Ministério Público de Contas – AMPCON, Câmara dos Deputados e Senado Federal. O evento será realizado nos dias 12 e 13 de setembro de 2012, no Plenário do TCU - Edifício Anexo III - Brasília – DF.
Inscrições gratuitas em:

Inscrições Gratuitas


Dispositivo para pessoas cegas transforma imagens em sons

O objetivo é auxiliar pessoas cegas a realizar tarefas cotidianas, como compras no supermercado




Pesquisadores da Universidade Hebraica de Jerusalém, em Israel, desenvolveram um novo dispositivo que pode ajudar pessoas com deficiência visual a interagirem com objetos de uma maneira diferente. A invenção é chamada de "EyeMusic" e faz algo bem ousado: escaneia o ambiente e converte as imagens em áudio por meio de um óculos equipado com câmera e fones de ouvido. O objetivo é auxiliar pessoas cegas a realizar tarefas cotidianas, como compras no supermercado.

O site MedGadget explica que o truque para criar um bom dispositivo de substituição sensorial como esse é encontrar uma forma de relacionar imagens e sons que seja fácil de interpretar. O "EyeMusic" faz isso assim: cada cor é representada por um som diferente. Por exemplo, quando a câmera do dispositivo reconhece a cor azul, é produzido o som de uma corneta. Se for reconhecida a cor branca, o que se ouve é um som feito por um vocal. Além disso, quanto mais brilhante um objeto for, mais alto é o som. Aqui você consegue ouvir algumas demonstrações.

A diferença desse dispositivo de substituição sensorial, segundo o estudo publicado no jornal "Restorative Neurology and Neuroscience", é que o "EyeMusic" é um sistema de fácil compreensão para os novos usuários e que pode ajudar na criação de uma interface definitiva para pessoas cegas.

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sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Guia de acessibilidade em eventos

A publicação se destina às empresas responsáveis pela organização de palestras, workshops, feiras ou outros encontros abertos ao público.

Acaba de ser lançado o Guia de Acessibilidade em Eventos, que tem como objetivo promover práticas inclusivas na organização de eventos e se destina às empresas responsáveis pela organização de palestras, workshops, feiras ou outros encontros abertos ao público.


O guia está baseado na legislação vigente, com informações públicas divulgadas na internet ou obtidas no aprendizado tirado de sua implantação em oito eventos realizados pela empresa Red Bull ao longo de 2011.
A publicação foi produzida coletivamente, contando com avaliação técnica da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida da Prefeitura de São Paulo, análise de viabilidade e difusão da XYZ Live, implantação-teste em eventos pela Red Bull, assessoria jurídica da Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados, apoio em difusão do Grupo de Institutos Fundações e Empresas (Gife) e do Instituto Mara Gabrilli e lay-out e difusão da Repense.

O material aborda várias questões que envolvem a inclusão em eventos, incluindo os seguintes tópicos: – Planejar é essencial; – Áreas reservadas; – Autonomia para todos; – Banheiros; – Reserve vagas; – Comer e beber; – Sinalização; – Em caso de emergências; – Comunicação para todos; e – Equipe informada.

Formadora de opinião, a deputada federal Mara Gabrilli afirma que “durante anos as pessoas com deficiência ficaram esquecidas, não só pelo Poder Público, mas também pela sociedade. Essa situação está mudando. Hoje, são milhões de brasileiros com deficiência que vão às ruas para consumir cultura, lazer etc.

É fundamental que os eventos também estejam preparados para receber essa parcela da população, não apenas na adequação de sua estrutura como também em relação aos recursos humanos. Este guia vem contribuir para isso se concretize”.

Fonte: Instituto Ethos/Turismo Adaptado

Cego, empresário conta como construiu carreira de sucesso; leia depoimento

 por STELA MASSON

Aos oito anos, Marcelo Prado descobriu ter retinose pigmentar, degeneração da retina que tirou 70% de sua visão.

Mas sua disposição de superar esse e os demais desafios nunca foram afetados, mesmo após a perda quase completa da visão numa cirurgia malsucedida em Cuba.

Agrônomo formado pela Unesp de Jaboticabal, construiu uma carreira de sucesso no setor de agronegócios, no qual sua consultoria, a MPrado, tem clientes em 25 Estados brasileiros, nos países do Mercosul, em Portugal e na Inglaterra. Aos 56 anos, dá palestras e lançou livro para inspirar os desanimados.


  Edson Silva/Folhapress

À frente da consultoria MPrado, o agrônomo tem clientes em 25 Estados brasileiros e também no exterior a consultoria, a MPrado, tem clientes em 25 Estados brasileiros, nos países do Mercosul, em Portugal e na Inglaterra

Leia o depoimento de Prado.

*
Meu jeito de olhar o mundo mudou bruscamente aos oito anos, quando, num piscar de olhos, uma doença de nome estranho --retinose pigmentar-- me tirou 50% da visão. De repente eu precisava me levantar para copiar o que estava na lousa, que já não era vista de meu lugar.

Naquela época e na adolescência, sentia-me feio, tímido e sem perspectiva.

Para me popularizar, decidi inspirar-me nos Beatles. Em seis meses aprendi a tocar guitarra. Mas, sem vaga para guitarrista nas poucas bandas da minha Ituverava dos anos 1970, tive de aprender teclado. Aí, sim, entrei na principal banda que animava os bailes na região.

A estratégia de ser músico me favoreceu com as garotas e ainda proporcionou a atitude e o desembaraço necessários para que, anos mais tarde, eu viesse a me tornar professor e palestrante.

Aos 17 anos, já com apenas 30% da visão, sonhava ser engenheiro-agrônomo. Eram mil candidatos para 40 vagas. Fui o nono colocado.

Nos anos do curso tive passagens dramáticas, como os zeros que tirei nas provas que dependiam de observar o solo e os vegetais. Para compensar, memorizava aulas inteiras para, nas provas teóricas, obter nota máxima e alcançar a média para a aprovação. Formei-me em 22º lugar.

VICE-PRESIDENTE

Em 1978, fui apresentado por um tio a Luís Alberto Garcia, presidente do conselho de administração do grupo Algar, de Uberlândia, onde me tornei gerente de produção na Algar Agro, indústria de óleos vegetais. Onze anos depois, era vice-presidente.

Aos 35 anos, fui a Cuba tentar um tratamento considerado promissor na época para reverter a doença. Só que a cirurgia deu errado e voltei com apenas 1% de visão.

No fim dos anos 1980, a Algar Agro chegou a ser a segunda maior produtora de soja do país, mas, na década seguinte, veio a crise do setor. Em 1999, fui demitido da única empresa que assinou minha carteira profissional.

Todos nós temos momentos em que nos sentimos fragilizados --por problemas pessoais, profissionais ou físicos. E, quando a gente se sente assim, o erro é entregar os pontos. Nessas horas é preciso enfrentar com persistência e ter motivação.

Logo após a demissão, decidi abrir a consultoria em agronegócios MPrado.

Demorou quase um ano até conquistarmos o primeiro grande cliente --a Basf.

Mas isso só foi possível depois de valorizarmos o fato de sermos do interior. E a gente se apresentou aos clientes assim: "Somos caipiras de nível! Falamos inglês e entendemos a cultura e os costumes do interior!".

Depois de comprovar nossa capacidade, fechamos o segundo grande contrato, com a Syngenta. Hoje temos clientes em 25 Estados, no Mercosul, em Portugal e na Inglaterra. Também abri novos negócios --como um minishopping e um centro empresarial.

EMPRESÁRIOS INFELIZES

Frequentando círculos sociais e empresariais, percebo alto índice de infelicidade entre os executivos.

Muitos tomam calmante e antidepressivos. Conheço donos de iate que não têm com quem passear. Donos de jato que não têm quem levar para jantar em outra cidade. São pessoas frustradas e, geralmente, sem amigos.

Aponto, nas empresas, a nova vertente do conceito de sustentabilidade --a realização global do colaborador e do líder.

Está comprovado: se o empresário e seus funcionários não conseguem alcançar a felicidade --pessoal e financeira--, a produtividade não se sustenta.

Quando escrevi o livro "Meu Jeito de Ver", cuja renda direciono ao Instituto Integrar (de inclusão de deficientes), pensei em inspirar os leitores com meu exemplo de vida. Existem muitos casos, como o do pianista João Carlos Martins, com quem compartilho a determinação de ser feliz acima da dificuldade física. Não sou vítima nem azarado. A cegueira me proporciona alta sensibilidade, audição apurada e memória cavalar.

O fato de eu não enxergar faz com que meus filhos, minha mulher e meus amigos sejam meus olhos nos locais que visitamos e narrem como estão a praia, os coqueiros.

Só vejo as imagens quando durmo e sonho --e tudo nitidamente. Sou casado, tenho cinco filhos e quatro prioridades na vida: família, saúde, amigos e empresa.

Sei que tenho capacidade de alcançar resultados e, como todo mundo, tenho que batalhar para conseguir as coisas.

Só que vou além: preciso provar minha competência vencendo o preconceito de incapacidade que ainda existe contra nós, deficientes.
Fonte: Folha Online - 19/08/2012

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Jovem do ES com paralisia cerebral termina faculdade e vira exemplo

Jovem tem fala e movimentos prejudicados. Recém-formada, menina começou a escrever seu primeiro livro.

Com os pés a jovem Priscila Vieira escreve as palavras que representam a superação que passou. Vítima de paralisia cerebral ao nascer, Priscila conseguiu conquistar o sonho de se formar na faculdade de Administração aos 28 anos. Com a fala e os movimentos prejudicados, a jovem comoveu a família por meio das lutas e dificuldades vencidas.



“Foi o dia mais feliz do mundo. Eu e ela gritamos e comemoramos muito. Vê-la se formando foi maravilhoso”, afirmou a mãe, Placilda Barcelos Vieira. Maravilhado com a conquista, Benedito Vieira, pai de Priscila, confessou ceticismo no início. “Eu realmente não acreditava que ela fosse chegar aonde chegou”, disse.

Em frente a um computador, a nova administradora transcreve os momentos vividos e compõe seu primeiro livro. De acordo com a jovem, a paixão pela escrita se uniu à vontade de se tornar exemplo de determinação e amor à vida e resultou na concretização desse sonho. “Eu sempre quis ser alguém, era o meu sonho”, contou.

Apaixonada por praia, Priscila conta que foi nas areias do litoral que escreveu a primeira palavra com os pés. “Eu escrevi meu nome”, comemorou. A administradora já escreveu seu primeiro poema:

“Se você tem um sonho e pretende realizar Tenha fé, tenha esperança Que Deus irá te ajudar Lute e acredite que você é capaz Pois o tempo passa E as oportunidades não voltam jamais Para uma sonho se realizar é preciso ter esperança e coragem para lutar .

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Ônibus deverão ser adaptados para embarque e desembarque de pessoas com deficiê ncia

Por Sabrina Craide
da Agência Brasil

A partir de fevereiro do ano que vem, os ônibus de transportes de passageiros interestaduais e internacionais vão ter que estar totalmente adaptados para transportar pessoas com deficiência. O prazo foi estabelecido pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que poderá multar ou até cancelar a autorização de funcionamento da empresa se algum veículo não assegurar as condições de acessibilidade exigidas.


Os veículos deverão estar adaptados para embarque e desembarque de passageiros, com cadeira de transbordo, plataforma elevatória ou rampa móvel. Os ônibus que fazem linhas de longa distância deverão disponibilizar dois assentos para pessoas com deficiência e, nos semi-urbanos 10% dos assentos devem ser reservados. A comprovação das adaptações deverá constar da documentação dos veículos, após vistoria do departamento de trânsito (Detran) de cada estado.

A ANTT também estabeleceu prazo de 30 dias para as empresas fazerem adaptações menores, como a possibilidade de transportar equipamentos (cadeiras de rodas, muletas), independente do tamanho ou peso, sem pagar a mais por isso. As empresas deverão permitir para deficientes visuais o embarque de cão-guia, adaptar o balcão de vendas de bilhetes e disponibilizar funcionários treinados para auxiliar no embarque e desembarque de pessoas com deficiência.

A superintendente de Serviços de Transporte de Passageiros da ANTT, Sonia Haddad, disse que não deverá haver aumento das tarifas por causa das adaptações exigidas, mas as empresas que comprovarem um desequilíbrio financeiro poderão solicitar a revisão dos preços na agência.

“A preocupação agora não é com a tarifa, e sim fazer com que as empresas adaptem todos os seus veículos e cumpram as normas para que possamos implantar uma política de acessibilidade no transporte”.

As regras de acessibilidade no transporte de passageiros foram estabelecidas por um decreto de 2004, que estabelece critérios básicos para garantir a acessibilidade às pessoas com deficiência e dá um prazo de dez anos para adaptação às normas. Também já existem normas vigentes da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) que tratam do assunto.

A Associação Brasileira de Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros (Abrati) disse que as regras estabelecidas pela resolução da ANTT não são novas, portanto, já estão sendo cumpridas pelas empresas. “Não há nenhuma dificuldade, isso já é praticado. Tudo que está lá [na resolução da ANTT] é repetição do que consta nas exigências do Inmetro e da ABNT”, diz o superintendente da Abrati, José Luiz Santolin.

Segundo ele, a indústria já está produzindo ônibus adaptados desde 2008 e os mais antigos atendem às regras de acessibilidade com dispositivos como rampas móveis e cadeiras de transbordo.

Fonte: Agência Brasil 




quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Concurso de contação de histórias em Libras

Há 35 anos a Fundação de Rotarianos de São Paulo, por meio do Centro de Educação para Surdos Rio Branco iniciou seu trabalho educacional com surdos. Para marcar esta data e sua trajetória de conquistas o CES Rio Branco realizará, entre outros, um Concurso de Contação de Histórias em Libras com o objetivo divulgar a cultura surda e estimular a produção de materiais em Libras.


O Concurso está com inscrições abertas de 06/08/2012 a 06/09/2012 para contadores de histórias, reais ou de ficção, em Libras.

O Concurso tem caráter exclusivamente cultural, não subordinado a qualquer modalidade de pagamento pelos participantes, nem à vinculação deste à aquisição ou uso de qualquer bem, direito ou serviço.

Quem pode participar:

O concurso é direcionado a surdos de qualquer idade, com a devida comprovação, de todo Brasil.

Regulamento:

Para participar, o inscrito deverá produzir e enviar um vídeo de até 5 minutos (DVD) com a história em Libras e enviá-lo, em um único envelope, junto a ficha de inscrição devidamente preenchida e assinada, cópia do RG e CPF, comprovante de surdez (cópia de audiometria ou laudo médico) e Termo de Utilização de Imagens e/ou Vídeo, preenchido e assinado, até a data de 06/09/2012 para o seguinte endereço: Rodovia Raposo Tavares, 7200 – Km 24 – Cotia – São Paulo. CEP 06709-015

Na frente do envelope deve estar escrito: Centro de Educação para Surdos Rio Branco – Concurso de Contação de Histórias em Libras.

No caso de inscrição de candidatos com idade inferior a 18 anos os responsáveis legais deverão enviar cópia de seu RG e CPF e assinar a ficha de inscrição e o Termo de Utilização de Imagens e Vídeo , além de cópia da certidão de nascimento do participante.

Os responsáveis legais responderão por questionamento de qualquer espécie relacionado ao concurso.

Não serão aceitas inscrições de trabalhos que contenham conteúdos pornográficos ou de apelo sexual, bem como qualquer tipo de apologia ao uso de drogas, abuso de menores, ou qualquer situação que viole as leis brasileiras, os direitos humanos e os bons costumes.

Os participantes poderão inscrever trabalhos de sua autoria ou histórias de domínio público, estando os organizadores isentos de qualquer responsabilidade sobre a utilização indevida de todo ou qualquer bem de titularidade de terceiros, protegido pela legislação de direitos autorais.

Julgamento

Os vídeos serão avaliados por comissão julgadora, que levará em conta a, a originalidade, a criatividade e a expressão na Língua Brasileira de Sinais

A Comissão Julgadora será composta por profissionais da Fundação de Rotarianos de São Paulo.

Comissão julgadora

A Comissão Julgadora, constituída especificamente para esse fim, será formada por profissionais da Fundação de Rotarianos de São Paulo

A Comissão Julgadora é soberana em suas decisões, não sendo admitidos recursos.

Os casos omissos serão resolvidos pela comissão julgadora

Premiação

Os dez melhores vídeos farão parte de um DVD que será produzido pelo CES Rio Branco e distribuído para instituições que trabalham com surdos

O evento de premiação acontecerá no Encontro Comemorativo ao Dia do Surdo realizado pelo Centro de Educação para Surdos Rio Branco no ano de 2012, com data a ser divulgada posteriormente.

Sobre as Disposições Gerais

Os participantes autorizam, desde já, o uso do seu nome e de sua imagem para divulgação dos resultados, sem ônus, de qualquer espécie, para o Centro de Educação para Surdos Rio Branco e a Fundação de Rotarianos de São Paulo.

O não cumprimento de quaisquer das regras deste regulamento poderá causar a desclassificação imediata do participante. O ato da inscrição neste concurso implica na aceitação de todos os termos deste regulamento.

Os participantes declaram, desde já, serem responsáveis pela autoria do DVD encaminhado e que os mesmos não constituem plágio ou qualquer violação de direitos de terceiros.

Os casos omissos e as dúvidas porventura suscitadas serão solucionadas pela Comissão Julgadora do concurso.

Os participantes serão os únicos responsáveis por qualquer violação de direitos de terceiros, autorais ou de imagem, respondendo por qualquer prejuízo que os organizadores venham a sofrer em razão do uso das imagens, conforme previsto neste Regulamento.

A cessão de direitos de uso das imagens não constitui cessão de título de propriedade, podendo o autor utilizá-la como bem lhe convier para outras finalidades, inclusive comerciais.

As inscrições postadas fora do prazo estabelecido ou com documentação faltante ou incompleta serão desconsideradas.

Caso o participante seja premiado a Fundação de rotarianos de são Paulo não se responsabiliza pelo custeio do transporte e hospedagem ou quaisquer outros custo para participação na cerimônia de premiação.

Atendimento de dúvidas e esclarecimentos: (11) 4613 -84 78 ou e-mail:ces@ces.org.br

Ficha de inscrição para impressão http://www.ecs.org.br/site/Destaques/120807_Contacao_historia/ficha-de-inscricao.pdf


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Atletas paralímpicos do Brasil viajam para a Inglaterra

Por Fernanda Cruz
da Agência Brasil

Parte dos atletas paralímpicos brasileiros — 163, do total de 182 — viaja hoje (13) para a Inglaterra, onde disputarão, de 29 de agosto a 7 de setembro, os Jogos Paralímpicos. A delegação se hospedará na cidade de Manchester, que fica no noroeste do país.


Antes do embarque, os atletas participam em Guarulhos, na manhã desta segunda-feira, de uma cerimônia com as ministras Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos, e o vice-presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Luiz Cláudio Pereira.

Entre os atletas que viajam está a judoca Daniele Bernardes Milan, da categoria até 63 quilos. A atleta, que tem deficiência visual, conquistou ouro no Campeonato Mundial de Cegos da Associação Internacional de Esportes para Cegos (Ibsa, a sigla em inglês) em abril do ano passado e espera repetir o feito nas Paralimpíadas de Londres. “Estou indo lá para isso, minha meta é essa”, disse.

Letícia Oliveira Freitas, de 18 anos, soube somente em junho deste ano que estaria nas Paralimpíadas de Londres. A nadadora, que também tem deficiência visual, conta que ficou surpresa com a convocação. “O meu objetivo principal era participar das Paralimpíadas de 2016, quando vi meu nome lá não acreditei”, disse. A maior especialidade de Letícia é o nado borboleta, modalidade que não faz parte dos Jogos de Londres. Por isso, ela precisou modificar seu treinamento para disputar, individualmente, os 50 metros livres, 100 metros livres e 200 metros medley.

No atletismo, André Luiz de Oliveira, de 39 anos, praticamente não tem qualquer movimento na perna esquerda. Destaque do salto em distância, o atleta já conquistou o bronze no Parapan do Rio (2007). André também já foi medalha de prata no revezamento 4×100 metros em Pequim (2008), mas, este ano, será reserva na modalidade devido a mudanças feitas nas regras pelo Comitê Internacional.

“A seleção pode colocar três atletas com deficiência superior e um com inferior. Como na inferior o Alan Fonteles é mais rápido do que eu, ele vai correr. Com isso, o Brasil ficou mais forte, tem mais chance de conquistar o ouro”, explicou.

Nestas Paralimpíadas, o Brasil participa de 18 das 20 modalidades que integram os jogos. Participam, no total, 165 países com 4.200 atletas. Na última edição, em Pequim em 2008, foram quebrados 279 recordes mundiais e o Brasil conquistou o 9º lugar, com 47 medalhas no total — 16 de ouro, 14 de prata e 17 de bronze. A meta da delegação é ficar, no mínimo, entre os sete primeiros no quadro geral de medalhas este ano.

Abaixo um video de lançamento
http://www.deficienteciente.com.br/2012/07/11342.html

Fonte


terça-feira, 21 de agosto de 2012

PRATICO CORRIDA E NATAÇÃO.NO ESCURO - Caso Real

Tenho trinta e três anos, meu nome é Anderson. Hoje estou em uma pista de atletismo, correndo. Dependo de parceiro, orientando os meus passos e respeitando o meu ritmo. A falta de visão não me impede de correr e de nadar, como paratleta de Americana.


  Já cuidei de gado, já fui pedreiro, já fui motorista profissional. Aos vinte e um anos tive sério desentendimento com minha seguradora, após roubo de meu carro, fiquei muito tenso e penso que este fato precipitou o aparecimento de fragilidade vascular em meus olhos, que aguardava momento propício para se manifestar (doença de Von Hippel-Lindau, hereditária e mais freqüente nos homens). Minha retina se descolou e em poucos dias a visão se foi. Fiquei recluso dois anos em casa, sem enxergar me sentia inútil no mundo.

Começar a tocar violão me fez voltar à vida. Sete anos depois, forte dor de cabeça indicou tumor vascular, na região do cerebelo, também manifestação da doença. Operei e fiquei ótimo. Sorte contar com parceira, que ficou firme ao meu lado. Sou aposentado há quatro anos, e sempre busquei o esporte como atividade.


 Mas por mais boa vontade que o paratleta tenha, ele esbarra em falta de patrocínio. Tenho um grande amigo que me ajuda, quando preciso muito. Paratletas podem levar anos para conseguir apoio financeiro, e os suplementos alimentares e equipamentos específicos de que necessito para competir são caros. Uso computador, com o leitor de tela JAWS.

Acho que poderia me esforçar mais para usar o Braille, tenho o segundo grau. Minha filhinha de cinco anos pega a minha mão e desliza na foto do celular, para que eu “veja”. Gosto de minha vida. Penso que “Existem pessoas com deficiência muito mais eficientes do que muita gente.”

Caso real. Elizabeth Fritzsons da Silva, psicóloga e diretora da Unidade de Atenção aos Direitos da Pessoa com Deficiência.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Filme estrelado por atores com síndrome de Down é aclamado em Gramado

Se o documentário “Futuro do Pretérito” havia sido bem recebido no domingo na 40ª edição do Festival de Gramado, a exibição de “Colegas”, na noite de segunda-feira (14), se mostrou bem superior. O público bateu palmas em cena aberta e aplaudiu de pé ao final do filme, protagonizado por atores com síndrome de Down.


O “road movie” mostra uma garota e dois garotos, portadores da deficiência, que fogem do instituto onde vivem no Karmann Ghia vermelho do jardineiro (Lima Duarte), inspirados depois de ver “Thelma e Louise”. Usando máscaras de palhaço, roubam lojas pelo caminho, cada um querendo realizar um sonho: ver o mar, se casar e voar.

Tudo num clima de aventura e humor leve e adorável, mas que não pareceu atrativo para os investidores. “A arrecadação de recursos foi a parte mais difícil. Os empresários achavam que iam atrelar sua marca à síndrome de Down, e que isso não seria bom”, comentou o diretor Marcelo Galvão na terça-feira (14).

Responsável também por filmes como “Rinha” e “Bellini e o Demônio”, ambos de 2008, Galvão fez testes com mais de 300 jovens em busca do elenco. Daí saiu Breno Viola e boa parte dos figurantes. Para escalar os outros dois protagonistas, foi mais fácil: casados na vida real, Ariel Goldenberg e Rita Pokk já haviam aparecido no documentário “Do Luto à Luta” (2005), de Evaldo Mocarzel.

O diretor admitiu ter crescido convivendo com um tio com síndrome de Down, ao contrário de boa parte da população, que vê os portadores com preconceito. “O principal problema é o desconhecimento. A partir do primeiro contato, a gente quer sempre estar ali, ao lado deles.”

Definindo seu trabalho como uma comédia infanto-juvenil, Galvão aposta que “Colegas”, com estreia prevista para novembro, terá recepção especial entre as crianças. “Acho que vai virar referência entre filmes de infância”, afirmou. “A partir dele, as pessoas vão desenvolver um olhar diferente para a síndrome de Down.”



Se depender do otimismo dos atores, a batalha já está ganha. Ariel disse esperar que o filme faça um “sucesso fenomenal”, enquanto Rita, sem se importar com a modéstia, já ensaiava o discurso para subir no palco na entrega dos Kikitos, “esse Oscar”.

“Foi tão bom fazer esse filme, uma energia tão boa, que isso ficou impresso na tela”, finalizou o diretor.

*Fantasia cinéfila*

Um pouco antes da exibição no Palácio dos Festivais, Marcelo Galvão deu um conselho: “Esqueçam que os atores têm síndrome de Down e viajem na história”. Nem precisava. Em pouco tempo, o público mergulha sem dificuldade nessa grande homenagem ao cinema que é “Colegas”.

A trama é repleta de referências principalmente a filmes hollywoodianos, a começar pelo nome de um dos personagens principais, Stalone. É a ponta de um novelo que se vai desfiando ao longo de todo o filme. Dos diálogos ao cenário, há garantia de diversão para qualquer fissurado em cultura pop. “Homens de Preto”, “Pulp Fiction”, “Cães de Aluguel”, “E o Vento Levou”, “Jules e Jim – Uma Mulher para Dois”, “Psicose”, “A Vida é Bela”… A lista é longa, e se encaixa com perfeição no mundo de fantasia criado pelo diretor.

“Colegas” se passa num universo onírico, longe da realidade. Stalone, Aninha e Márcio, o trio protagonista, fogem do instituto em que viviam usando pijamas, e ficam assim boa parte da história, só alternando para usarem roupas de super-herói, de sultão e de princesa.

Enquanto disparam de carro por estradas poeirentas, ainda atravessam um campo de girassóis, passeiam pelas falésias do litoral norte gaúcho, andam de balão e vão parar em Buenos Aires, tudo embalado pela direção de fotografia cristalina de Rodrigo Tavares. Nessa intimidade que se cria com o espectador, tudo passa a ser possível.

Aliada às belas imagens, a trilha sonora original de Ed Côrtes conquista, ainda mais pelo punhado de canções de Raul Seixas (ele mesmo um personagem) que embalam a história. Mas “Colegas” ainda se apoia no carisma de seus personagens e em um humor fácil, debochado, às vezes negro e até corrosivo — o retrato dos jornalistas que fazem a cobertura dos “ladrões perigosos” é impagável.

Plural desse jeito, o filme tem potencial para agradar aos públicos mais diversos. A princípio, o politicamente correto tornava quase que obrigatório falar bem de um filme estrelado por atores com uma deficiência. “Colegas” não precisa desse sentimento: é excelente.

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Educação inclusiva

Por Carine Almada Martins
na Gazeta do Sul

O movimento mundial pela educação inclusiva é uma ação sociocultural e pedagógica, desencadeada em defesa do direito de todos os alunos de estarem juntos, aprendendo e participando, sem nenhum tipo de discriminação. A inclusão torna-se o pano de fundo para que a escola repense sua estrutura, sua importância na mudança de postura das futuras gerações frente às diferenças.





Um processo que deveria ser tão natural quanto a própria aprendizagem faz-se extremamente polêmico e difícil, precisando ser imposto, no momento em que se faz necessária a criação de leis para sua implantação na maioria dos estabelecimentos escolares. E, apesar dessas leis, ainda custa a ser concreto. O Estatuto da Criança e do Adolescente esclarece que pais ou responsáveis têm a obrigação de matricular seus filhos na rede regular de ensino, não excluindo desse dever os pais de crianças com necessidades educacionais especiais. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional preconiza que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos currículos, métodos, recursos e organização específicos para atender às suas necessidades, sejam elas quais forem.

O sistema educacional precisa ser reestruturado para atender às necessidades dos alunos e, consequentemente, proporcionar meios para que alcancem progressos escolares e sucesso acadêmico. Incluir significa oferecer ingresso e permanência na escola com ensino de qualidade. Para que os pais de crianças com alguma deficiência cumpram com sua obrigação legal e, muito mais importante, possam ter a satisfação de ver seus filhos na escola, convivendo e aprendendo, inicia-se, muitas vezes, um processo de verdadeira e sofrida peregrinação das famílias em busca de uma vaga. A justificativa é sempre a mesma: “infelizmente não estamos preparados para atender seu filho”.

Como foram, então, estruturadas essas escolas? Para atender os alunos “normais”? Quem são os alunos “normais”? E esses profissionais responsáveis pela educação nesses estabelecimentos, estudaram para ensinar exclusivamente os alunos sem deficiências? Apenas os dispositivos legais bastariam para que ninguém negasse a qualquer pessoa com deficiência o acesso, a permanência e o direito de aprender sob o mesmo sistema de educação de pessoas sem deficiência. Porém, há ainda o dispositivo moral de que a escola é refúgio do aprender, do conviver, do relacionar-se. É o centro da formação do cidadão, do futuro. É o cerne do desenvolvimento do senso de igualdade e solidariedade humanas, o que torna a exclusão fato inconcebível na escola.

Contudo, escolas ainda negam vagas aos alunos com deficiências. Dão vez ao preconceito, à ignorância. Insistem em permanecer no passado. Perdem a oportunidade de mostrar aos outros alunos que só se aprende na diversidade, que o caminho para a adaptação é construído dia após dia, que existem muitas formas de sentir, de compreender, de desenvolver-se! Somos diferentes e nisso consiste nossa maior semelhança, todos temos deficiências e potencialidades!

Acreditar que a heterogeneidade das turmas é o que, sem dúvida, dinamiza os grupos dando-lhes vigor, funcionalidade e garante maior troca de saberes e vivências é uma boa forma para que se inicie a busca por um novo modelo de ensino que inclua verdadeiramente todos os alunos, fazendo-os aprender o que é ensinado da melhor maneira possível de acordo com suas possibilidades, e não para seguir um estereótipo criado pelo professor ou pela instituição de ensino a qual pertence.

A escola inclusiva é o único caminho que existe. É necessário romper as barreiras que insistem em perpetuar o ensino baseado na falta e buscar a educação que reforça a possibilidade de cada ser humano.

Professora

Fonte

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Lucro e prejuízo

O que você imagina que passa na cabecinha de uma criança assistindo a um desenho animado que acaba e o personagem continua falando, só que num comercial? E quando a criança é estimulada a juntar tantas figurinhas (em embalagens de alimento não saudável), uma em cada compra, para ganhar brindes? Tudo regado a felicidade se tais produtos forem consumidos.

Como se construirão a personalidade e os valores dessa criança? E que hábitos alimentares e padrão de consumo ela consolidará para a vida?

Hoje temos como parâmetro para formação da criança, além da família, da escola e da comunidade, a mídia. Sendo nossas crianças, no mundo, as que ficam mais tempo frente à TV, a mídia acaba sendo muitas vezes a grande professora. E ensina o quê? Quem avalia as consequências?

Obviamente, o crescimento de 200% da obesidade infantil de cinco a nove anos (dados recentes do IBGE) não é só responsabilidade da mídia. Sobra para os pais, que têm que ter infinita paciência e presença para exercer o controle da TV e o alimentar.

Eles podem, no melhor dos casos, diminuir os danos, tanto do hábito por alimentos não saudáveis quanto da desconstrução da ideia da felicidade atrelada ao consumo ou que a pessoa valha pelo que ostenta ou possa comprar. Mas distorções sérias estarão presentes, pois o tsunami na cabeça da criança é muito forte. Ela é um ser em formação e que acredita no que lhe é dito.

A propaganda não atua pela informação, e sim pela persuasão e tudo é reforçado na escola, pelos colegas. Um terço das nossas crianças está acima do peso. Uma geração que terá mais riscos de desenvolver doenças.

Quantas mães são induzidas pela publicidade a fornecer alimentos menos saudáveis acreditando que esses são até melhores? Quem não se lembra do "Danoninho, vale por um bifinho"? Convenhamos, neste mundo apressado, dá menos trabalho para preparar.

A criança não pode assinar contratos, comprar carro ou apartamento. Mas, por ter um peso gigantesco no que sua família consome, ela é o foco de grande parte da propaganda.

O Conar afirma que a atual regulamentação dá conta. Não dá. Ninguém acredita que um mercado de mais de R$ 130 bilhões/ano vá se autorregular.

Os bons institutos que se dedicam a pesquisas sobre o tema não têm poder de influência. Falam sozinhos, ou com associações de pais. Cabe ao Congresso, com rapidez, encaminhar os projetos já maduros para votação final.

Países desenvolvidos e com democracia consolidada já o fizeram. Temos que proteger nossas crianças que já caminham para uma epidemia de obesos como nos EUA. Do jeito que está, o mercado fica com o lucro, e a criança, sua família e o Estado, com o prejuízo.

MARTA SUPLICY escreve aos sábados nesta coluna.

Turnê promove a campanha Teatro acessível arte, prazer e direitos

 


Símbolo do teatro
Quarenta e seis mil pessoas com e sem deficiência de todas as regiões do Brasil já assistiram às apresentações do grupo Os Inclusos e os Sisos - Teatro de Mobilização pela Diversidade, projeto da ONG Escola de Gente - Comunicação em Inclusão, que em 2010 foi indicado ao Prêmio Faz Diferença do jornal O Globo pelo seu trabalho em prol do teatro acessível. Agora, em agosto de 2012, uma nova circulação nacional da peça começará a ser realizada pelas cidades de São Luís, no Maranhão; Parauapebas e Belém, no Pará; Corumbá, no Mato Grosso do Sul; Vitória e Serra, no Espírito Santo.

Cada cidade receberá quatro apresentações gratuitas e abertas ao público do espetáculo Ninguém mais vai ser bonzinho - Em Esquetes. A peça é encenada pelo grupo Os Inclusos e os Sisos, projeto de arte e transformação social da Escola de Gente, criado em 2003 pela atriz e VJ da MTV Tatá Werneck com outros/as estudantes de Artes Cênicas da Unirio. Atualmente o grupo está na sua quarta geração de jovens artistas dedicados/as a colocar a arte a serviço da Inclusão.
O espetáculo Ninguém mais vai ser bonzinho - Em Esquetes conta com todos os recursos de acessibilidade na comunicação previstos em lei: intéprete de Libras, legenda eletrônica, audiodescrição das cenas, programas em braile, visita guiada ao cenário, atendimento prioritário para pessoas com deficiência e reserva de assentos para pessoas com deficiência e/ou mobilidade reduzida. É o mesmo espetáculo apresentado pelo grupo na Rio+20 para mais de 500 pessoas.

Público alvo - Para as apresentações, a Escola de Gente está mobilizando escolas da rede pública de ensino e viabilizará, inclusive, o transporte dos/as alunos da escola até o teatro. "A ideia é atrair estudantes da rede pública, com e sem deficiência, para que estes jovens se tornem também disseminadores desses conteúdos", diz Natalia Simonete, coordenadora de Projetos Culturais da Escola de Gente e uma das fundadoras do grupo em 2003.

Oficinas de Teatro e Inclusão - Além de assistirem aos espetáculos, o público também poderá participar de oficinas de teatro, ministradas pelo grupo Os Inclusos e os Sisos com a supervisão da Escola de Gente. As Oficinas de Teatro Acessível foram criadas pela Escola de Gente no ano de 2010 para fazer com que artistas e produtores culturais experimentem impasses e encontrem soluções para sempre garantir o direito à participação e à comunicação de pessoas com deficiência em espetáculos de teatro, dança, concertos musicais, etc.
Desde a sua criação, 157 artistas e produtores culturais já foram capacitados através de 117 horas de oficinas realizadas nas cidades do Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Fortaleza e Teresina. As oficinas têm vagas limitadas e as inscrições podem ser feitas através do e-mail escoladegente@escoladegente.org.br.

Livro inspira peça - Baseado no livro homônimo da jornalista e fundadora da Escola de Gente, Claudia Werneck, recomendado por Unesco e Unicef, a peça Ninguém mais vai ser bonzinho tem como tema central a urgência em se promover uma sociedade inclusiva, passando da fase de conscientização para a de ação. O livro, publicado no ano de 1996 pela WVA Editora, especializada em inclusão, é vendido também em formatos acessíveis, e se tornou a primeira obra no Brasil a tratar do tema a partir da Resolução 45/91, assinada pela ONU em 1990.
Apresentado pela primeira vez em 2007, Ninguém mais vai ser bonzinho, com criação e direção de Diego Molina, é um espetáculo que revela cenas sutis de discriminação no dia a dia, apresentadas com muito bom humor. Em 2011, com adaptação e direção de Marcos Nauer, também fundador do grupo, o espetáculo circulou por cinco cidades do Nordeste e cinco cidades do Rio de Janeiro, totalizando 18 apresentações, para um público de cerca de 5.000 pessoas. Este ano a montagem ganha nova forma, com texto e elenco reformulados.

Campanha nacional - A turnê faz parte da campanha Teatro acessível: arte, prazer e direitos, lançada em 2011 pela Escola de Gente e Ministério da Cultura como parte das celebrações pelos 10 anos da ONG. Na última década, a Escola de Gente vem trabalhando a favor da inclusão de grupos em situação de vulnerabilidade na sociedade, especialmente crianças, adolescentes e jovens com deficiência, sensibilizando diretamente para a causa da inclusão cerca de 400 mil pessoas em diversos países de distintos continentes.
Por meio de ações de Comunicação, Cultura e Educação, a Escola de Gente tem como objetivo democratizar o conceito e a prática da sociedade inclusiva. A organização incide em políticas públicas e integra o Conselho Nacional de Juventude, o Conselho Estadual de Juventude e a Campanha Nacional pelo Direito à Educação, entre outras redes. No ano de 2011, recebeu o Prêmio Direitos Humanos 2011 na categoria: "Direitos de Pessoas com Deficiência" da presidente Dilma, a mais alta condecoração que o Estado brasileiro pode oferecer a uma organização da sociedade civil

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Amar e brincar: fundamentos esquecidos do humano

Por Luiz Carlos Garrocho
no Cultura do Brincar


Amar e brincar: fundamentos esquecidos do humano é o título de um livro maravilhoso cujos autores são Humberto Maturana e Gerda Verden-Zöller. O primeiro, o biólogo chileno que, juntamente com Francisco Varella, conribuiu para modificar conceitos sobre a conexão corpo, mundo e conhecimento. Ela, psicóloga alemã, membro do Centro Bávaro de Pesquisa Educacional do Instituto Estatal para a Educação na Primeira Infância e fundadora do Instituto de Pesquisa de Ecopsicologia da Primeira Infância de Passau, na Bavária.



Na Introdução, os autores defendem a idéia de que a linguagem surgiu, na história da espécie humana, entrelaçada com o emocionar. Mais do que linguagem como representação, eles abordam a conversação: uma “convivência consensual em coordenações de ações e emoções”. Partem do pressuposto de que a emoção é que define a ação. Assim, Maturana e Verden-Zöller tomam o ato valorativo como algo que precede a dimensão do necessário. O desejo, portanto, desempenha em nós, papel fundamental. Não dá para pensar uma realidade que se imponha sem o intercurso desejante. E não é o que o brincar faz o tempo todo?

A obra divide-se em três grandes capítulos: Conversações matrísticas e patriarcais, por Humerto Maturana, O brincar na relação materno-infantil (fundamentos biológicos da consciência de si mesmo e da consciência social), por Gerda Verden-Zoller, O brincar: caminho desenhado, por Gerda e Maturana. E por fim, o epílogo e um glossário.

A obra é um alento diante da predominância, na eduação infantil, de projetos extração cognitivista, na qual o lúdico tem desempenhado o papel de mero suporte para a aquisição de competências como ler, escrever e contar.

O livro discute as relações entre o amar e o brincar, trabalhando as linhas que caracterizam as culturas patriarcais e matriarcais, considerando-se a dominação histórica das primeiras sobre as outras. A corporeidade, na perspectiva do brincar e do emocionar, assume sua importância não só para a educação infantil mas também para uma ecologia humana.

Certa vez, convidado a discutir com educadores um projeto de educação infantil que envolvia a introdução de conhecimentos de modo interdisciplinar, porém, com grande carga intelectual, procurei ponderar sobre a necessidade de deixar as crianças pequenas brincarem mais, adiando a formalização para mais adiante. Uma das coordenadoras do encontro chamou-me num canto e disse: – Vi o seu sofrimento quando a tendência é sobrecarregar a criança pequena de estudos, deixando quase nenhum espaço para que ela brinque! De fato, era isso mesmo. A influência cognitivista trouxe para a primeira infância toda uma carga de cientificismo que não deixa de ser, também, um saber dominante. Não se trata, entretanto, de avogar o irracionalismo, que é, na verdade, o complemento do racionalismo. Porém, há saberes que não são considerados valores fundamentais para uma sociedade como a nossa.

Em muitos projetos de educação infantil há uma desconfiança, por vezes sutil, em relação à vida do corpo em sua agitação molecular. Na perspectiva de Maturana e Verden-Zöller, pouco espaços para os momentos em que pode se dar o entrelaçamento da linguagem com o emocionar. Por decorrência, o brincar só pode ter um lugar secundário: é sempre instrumento para outra coisa. Alguns desses projetos para a primeira infância querem, de um jeito ou de outro, formar pequenos intelectuais críticos e esquecem que, primeiramente, somos corpo.

Nesse aspecto, cito o interessante texto de Maria Isabel Brandão de Souza Mendes e Teresinha Petrúcia da Nóbrega, intitulado Corpo, Natureza e Cultura: contribuições para a educação. As autoras abordam, principalmente, as idéias de Maturana, Varella e Merleau-Ponty sobre o conhecimento, o corpo e o mundo. Defendem a primazia do corpo sobre os conceitos de representação (mental, principalemente). Trata-se de um corpo-ação, pois “considera-se que na própria ação já há cognição, tendo em vista que a aprendizagem emerge do corpo a partir das suas relações com o entorno. Essa concepção de aprendizagem problematiza, portanto, a concepção intelectualista pautada nos pressupostos racionalistas da modernidade, a qual concebe o corpo e os sentidos como instrumentos no processo de conhecimento, ou então como responsáveis por enganos, por erros, sendo então descartados ou considerados acessórios no processo de construção do conhecimento.”

A recuperação do corpo que brinca nos projetos educacionais pode ser reivindicada, principalmente, quando temos em vista a primeira infância. O livro de Maturana e Verden-Zöller potencializa essa perspectiva, na qual a gestualidade e toda a gama de vivência corporal são reconhecidas como modos de conhecimento válidos por si mesmos. Diria que são outras ciências – outras modalidades de saber. A convivência do diferente, a aceitação da diversidade no mundo atual, a retomada da corporeidade, tais são os temas que se colocam, portanto, em pauta.

Referências:
MATURANA, Humberto R. e VERDEN-ZÖLLER, Gerda. Amar e Brincar: fundamentos esquecidos do humano. Tradução de Humberto Mariotii e Lia Diskin. São Paulo, Palas Atenas, 2004.

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Apresentando o Livox®

O Livox® surgiu da necessidade de um pai (Carlos Edmar Pereira) e de uma mãe (Aline Pereira) de se comunicarem melhor com sua filha (Clara Pereira) deficiente física.
Carlos Pereira tem formação em Análise de Sistemas e reuniu uma equipe formada por Fonoaudiólogas e Terapeutas Ocupacionais para criação daquele que viria a ser o primeiro software de comunicação alternativa para tablets em Português do Mundo: O Livox®!


Recurso para estabelecer comunicação visual com pessoas que apresentam dificuldades para expressão verbal (tablet adaptável) Livox 
Pesquisem     

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Pianista de uma mão só se forma em prestigiosa escola britânica

Nicholas McCarthy, de 23 anos, nasceu sem a mão direita, mas mesmo assim completou o curso da Royal College of Music

Quando adolescente, o britânico Nicholas McCarthy, de 23 anos, tentou uma vaga em uma escola para jovens pianistas. Mas foi recusado - não pode fazer o teste de admissão e ouviu que jamais teria sucesso em sua tentativa.

O diretor da escola em questão disse a ele que seria melhor não desperdiçar o próprio tempo e o tempo de outras pessoas.
Mas persistir valeu a pena. McCarthy, que nasceu sem a mão direita, tornou-se o primeiro pianista de uma mão só a se formar, no mês passado, no prestigioso Royal College of Music, em Londres.



BBC
O pianista Nicholas McCarthy

O jovem começou a ter aulas de piano aos 14 anos. Aos 17, garantiu um lugar no departamento de uma das mais importantes escolas de música londrinas. Ravel, Prokofiev e Bartók estão entre os compositores que escreveram peças tocadas somente com a mão esquerda.

Veja McCarthy tocando no vídeo abaixo:

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Um SUS que descarta os idosos

Por Frei Marcos Sassatelli
no Correio da Cidadania


Em 8 de junho, escrevi o artigo “Um SUS que mata os pobres“, denunciando a morte de doentes graves na fila de espera por vaga em UTI do SUS e a impunidade dos responsáveis.

Como se isso não bastasse e por incrível que pareça, no dia 28 do mesmo mês de junho, com profunda indignação, tomei conhecimento que, na ocupação das vagas em UTI do SUS, os idosos são descartados (talvez para que morram mais depressa), dando a preferência às pessoas mais novas. O mesmo acontece com outros doentes que, sem serem idosos, requerem internação prolongada e alto custo de tratamento. Uma discriminação inconcebível, crime bárbaro!



Vejam as manchetes de uma reportagem, que saiu na imprensa há poucos dias: “Meu pai não conseguiu vaga em UTI porque é velho”. “Familiares denunciam que a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) prioriza encaminhamento de jovens”. Depois das manchetes, no resumo da matéria, o repórter afirma: “Angustiadas, duas famílias sofreram durante dias à espera de vagas de UTIs em Goiânia para parentes idosos. Um deles, Abner Soares, de 80 anos, aguardou seis dias pela vez. Segundo a filha, Maria Rita, seis pessoas mais jovens conseguiram vagas nesse período. O Ministério Público investiga denúncias” (O Popular, 28/06/12, 1ª página).

Esperamos que o Ministério Público faça realmente uma investigação séria dos fatos denunciados e de outros semelhantes, sem se omitir e sem ser conivente com esta situação criminosa. O Ministério Público deve uma satisfação à sociedade. Os responsáveis por tamanha desumanidade precisam ser processados, julgados e punidos. Estamos – parece – diante de um comportamento nazista em pleno século XXI.
No desenvolvimento da matéria, o repórter diz ainda. As duas famílias à espera de vagas de UTIs em Goiânia “há dias aguardavam por uma notícia que não chegava e sofreram com a demora e (reparem!) com suspeitas de que a idade dos pacientes seria empecilho para uma transferência”. São palavras que cortam o coração de qualquer pessoa com um mínimo de sensibilidade humana. Só após a reportagem da TV Anhanguera, a SMS conseguiu os dois leitos necessários.

Maria Rita Soares, de 29 anos, filha de Abner David Soares, de 80 anos, “conta que, nos corredores do Cais (Jardim Novo Mundo), a informação é de que jovens têm preferência no encaminhamento para UTIs e, por ser idoso, o pai não teria conseguido a vaga”. Vejam que absurdo e que falta de humanidade! “Em uma única tarde – diz Maria Rita – pelo menos seis pessoas, que deram entrada na unidade depois do pai, já haviam sido encaminhadas, todas mais jovens”. Maria Rita, vivendo momentos de angústia e tensão ao ver a situação do pai se agravando a cada dia, lamenta: “Meu pai entrou aqui falando, agora está em coma” (Ib., p, 3).

Enfim, depois de tanta demora e tanto sofrimento, Abner foi transferido para o Hospital Geral de Goiânia (HGG), em estado grave. Desabafando, a filha de Abner diz: “Se ele continuasse fora da UTI, com certeza já poderia estar morto”. E ainda: “Acredito que se não tivéssemos corrido atrás do Ministério Público e falado com a imprensa, ele ainda estaria esperando, se já não tivesse morrido” (Ib., 29/06/12, p. 4).
No mesmo Cais, a família de Arcelina Dias Mesquita, de 78 anos, com pneumonia e enfisema pulmonar, aguardava há cinco dias uma vaga em UTI. Wallisson Brandão, de 32 anos, neto de Arcelina, afirma: “As vagas surgem, mas eles estão passando outras pessoas na frente. Três pessoas, que chegaram depois dela, já conseguiram vaga. Os próprios médicos dizem que os jovens têm preferência, porque os idosos demoram mais tempo para se recuperar”.

Depois que surgiu a notícia que havia uma vaga no Hospital Cidade Jardim, Arcelina chegou a ser levada, na noite do dia 27/6, àquele Hospital, mas, infelizmente, “o que parecia o fim de uma espera angustiante, transformou-se em mais um capítulo de desrespeito”. Ao chegar ao local, “a família (da idosa) foi informada de que o leito disponível não teria respirador, equipamento essencial para a paciente, que sofre enfisema pulmonar e apresenta quadro de pneumonia grave” (Ib.). Arcelina precisou voltar ao Cais e passar mais uma noite, esperando por vaga em UTI. Finalmente, só no início da tarde do dia seguinte, conseguiu uma vaga no mesmo hospital a que foi encaminhada na noite anterior.

Não dá para acreditar! Parecem histórias de outro mundo. Diante do caos e de tudo o que está acontecendo na saúde pública, não podemos ficar calados. Seria omissão e conivência. Precisamos denunciar essa situação de pecado social (injustiça institucionalizada) e lutar para que o direito à saúde — que é o direito à vida – de todos(as) seja respeitado pelo poder público como prioridade absoluta.
Lembremos o tema e o lema da Campanha da Fraternidade deste ano de 2012: “Fraternidade e saúde pública. Que a saúde se difunda sobre a terra!” (Cf. Eclo, 38,8).

Frei Marcos Sassatelli, frade dominicano, doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção – SP), é professor de Filosofia da UFG (aposentado). E-mail: mpsassatelli@uol.com.br

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terça-feira, 14 de agosto de 2012

Educação e trabalho como direitos humanos e a necessidade de políticas públicas articuladas

Por Liliane Garcez e Luiz Henrique de Paula Conceição

Introdução
O modo pelo qual são organizadas políticas públicas ao longo da história pode ser definido como respostas ético-políticas às demandas sociais nos diferentes contextos. Suas prioridades são oriundas da sociedade que se organiza continuamente no intuito de que seus pleitos ganhem espaço nas agendas governamentais, uma vez que, para sua efetivação são necessários investimentos sociais, políticos e econômicos. Conservar e transformar são, pois, ações que compõe o movimento das políticas públicas. Direitos humanos são direitos positivos, históricos e culturais que encontram fundamento e conteúdo nas relações sociais materiais presentes em cada momento histórico. Ao situar Educação e o Trabalho como direitos humanos admite-se sua interdependência e importância estratégica para o desenvolvimento sustentável e inclusivo da sociedade, o que implica no estabelecimento de políticas públicas que estabeleçam ações integradas envolvendo a transmissão de conhecimentos e valores e a formação para o trabalho 2, tal como constante na Constituição Federal.

Educação e Trabalho e as pessoas com deficiência
As políticas públicas, ao estabelecer suas ações e metas, têm como diretriz atuar no combate a qualquer desigualdade, exclusão ou restrição feita com o propósito de impedir ou impossibilitar o reconhecimento, desfrute ou exercício dos direitos, em igualdade de condições, valorizando e estimulando o protagonismo e as escolhas de cada uma das pessoas. Reconhecimento e participação sustentam a noção de políticas públicas na perspectiva da inclusão social, pois pertencer a uma comunidade e estar incluído socialmente é direito de todas as pessoas. Assim, o acesso e permanência à educação e ao trabalho é direito de tod@s, sem discriminação, em igualdade de oportunidades.
Em relação às pessoas com deficiência, é necessário estabelecer medidas apropriadas para assegurar apoio e não permitir que haja discriminação baseada nas condições físicas, intelectuais, mentais ou sensoriais e, muito menos, afastamento compulsório de suas comunidades. Nesse aspecto, alterar as leis é a parte imprescindível do processo de provocação e sustentação das mudanças, mas não pode ser entendido como suficiente ou um fim em si mesmo. Como afirma Norberto Bobbio, as leis por vezes afirmam os direitos que se gostaria de ter.
Nesse sentido, alterar o tempo de oferta de ensino compulsório na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9394/96) é condição para diminuir as desigualdades educacionais. Isoladamente, porém, não é suficiente para que o acesso à educação seja pleno para todas as crianças e adolescentes brasileir@s. Para assegurar um sistema educacional inclusivo de acordo com a meta de inclusão plena, tal como disposto na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU, 2006)3 em seu artigo 24 que se refere especificamente à educação, é imprescindível que sejam efetivadas medidas de apoio individualizadas em ambientes catalisadores do desenvolvimento acadêmico e social.
Em termos do direito ao trabalho, dado que a inserção laboral integra o conjunto de direitos previstos na Constituição Brasileira, tem-se a promulgação da Lei de Cotas (Lei 8213/1991) que estabelece o percentual de empregados com deficiência que a empresa com mais de cem empregados tem de manter nos seus postos de trabalho (de 2 a 5 % dependendo do tamanho da empresa) e o Decreto nº 3.048/1999, republicado em 12/05/1999, que regulamenta a Lei de Cotas, possibilitando um cenário de inclusão socioeconômica promissor.
O artigo 27 da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU, 2006) é relativo ao trabalho e emprego. Ele afirma o direito à oportunidade de se manter com um trabalho de sua livre escolha ou aceitação no mercado laboral, em ambiente de trabalho que seja aberto, inclusivo e acessível a pessoas com deficiência.
Não obstante, as empresas brasileiras relatam dificuldade em cumprir a referida legislação, principalmente por conta da falta de qualificação d@s trabalhador@s. Sem entrar no mérito da questão, está posta a necessidade de aprimorar, criar, ampliar, efetivar políticas públicas voltadas à qualificação cujo objetivo para equiparar oportunidades de trabalho, contribuindo para aumentar a empregabilidade desse grupo que tem sido historicamente invisível. Pode-se notar que algumas políticas que vem sendo implementadas pelos Ministérios do Trabalho e Emprego (MTE) e da Educação (MEC) tem esse foco, por exemplo, ao estabelecerem diretrizes de ação para aumento da participação das pessoas com deficiência nos cursos ofertados em parceria com estados, municípios e a União visam ampliar o acesso dessa parcela da população ao mercado de trabalho.

A hora de sair das caixinhas: a importância das políticas públicas intersetoriais
As demandas sociais por educação e trabalho na perspectiva da inclusão social instigam os gestores públicos a reorganizarem o próprio formato das políticas públicas, quer em termos de concepção, quer em termos de execução. O desafio colocado frente à organização tradicional do governo e das instituições sociais que, de forma geral, têm privilegiado o trabalho ‘em caixinhas’ não é mais suficiente. A interdependência dos direitos humanos demanda articulação intersetorial e, consequentemente, investimento de estrutura institucional baseada no diálogo rotineiro e sistemático entre as diversas pastas que compõe o poder executivo, induzindo a construção e o uso de “ferramentas para a mudança”, em direção a um modelo de crescimento sustentável ambiental, econômica e socialmente para, de fato, responder às questões no grau de especialização e complexidade em que se apresentam.
Algumas ações que estão organizadas intersetorialmente já apresentam indicadores muito interessantes. O Programa BPC na Escola é um desses exemplos. Ação interministerial que envolve o Ministério da Educação (MEC), o Ministério da Saúde (MS), o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome (MDS) e a Secretaria de Direitos Humanos (SDH) e seus correlatos em estados e municípios está voltada a crianças e adolescentes com deficiência (0 a 18 anos) que recebem o Benefício de Prestação Continuada – BPC. Teve início em 2007, quando foi realizado o primeiro levantamento da situação escolar de crianças e adolescentes que recebiam o BPC por meio do qual se constatou que aproximadamente 70% destas estavam fora da escola. Diante desses dados, foram realizadas buscas ativas a esses beneficiários, cerca de 219 mil visitas domiciliares, para diagnosticar as razões dessa exclusão. O resultado é que, atualmente, a porcentagem de crianças e adolescentes com deficiência beneficiários do BPC que estão na escola aumentou para 68,71%. Ou seja, houve uma inversão da curva!
No que se refere a inserção no mercado de trabalho as estatísticas mostram que muitas pessoas em idade economicamente ativa não possuem qualificação profissional e/ou não terminaram seu processo de escolarização básica.  Novamente, por meio dos dados do Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social (BPC) as pessoas com deficiência que se encontravam em situação considerada de “incapacidade para a vida independente e para o trabalho”, em virtude da falta de condições para o enfrentamento das inúmeras barreiras existentes e da insuficiência de políticas públicas de apoio aos processos de habilitação, reabilitação, educação e inclusão social foram identificadas como público prioritário. Desde então, foram promovidas muitas alterações na legislação referente à concessão e manutenção do BPC. Uma dessas mudanças assegura o retorno garantido do recebimento do BPC ao beneficiário que teve o beneficio suspenso mediante entrada no mercado de trabalho e que, posteriormente, perdeu o emprego. (Lei nº 12.470/2011 e Decreto nº 7.617/2011). Neste caso, a pessoa pode voltar a receber o BPC sem a realização de perícia médica ou reavaliação da deficiência, respeitado o período de dois anos. Nos mesmos moldes do Programa BPC Escola, no ano de 2012, foi criado o Programa BPC Trabalho para atender prioritariamente beneficiários com idade entre 16 e 45 anos, que têm interesse em trabalhar e encontram dificuldades para qualificação e inserção profissional. Suas estratégias envolvem sensibilização, avaliação do interesse e das necessidades para a qualificação profissional e o trabalho.
Cabe ressaltar ainda o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), que tem como objetivo principal expandir e democratizar a Educação Profissional e Tecnológica no país. Uma das ações do programa é a Bolsa-Formação, que oferece Cursos Técnicos e de Formação Inicial e Continuada (FIC), também conhecidos como cursos de qualificação profissional. Esses cursos são presenciais e serão realizados pela Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, por escolas estaduais e por unidades de serviços nacionais de aprendizagem como o SENAC, o SENAI e o SENAR. As secretarias municipais e/ou estaduais de educação, assistência social, o CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) e o SINE (Sistema Nacional de Emprego) são responsáveis pela mobilização e divulgação dos cursos nas comunidades para viabilizar o preenchimento total das vagas, forjando seu caráter intersetorial. É importante registrar que essas ações, entre várias outras, integram o Plano Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência – Viver sem Limite lançado no final de 2011.

Algumas considerações
Ao definir-se inclusão não como o reverso da exclusão e sim como o processo de modificação da organização social para ampliar a capacidade de respostas eficazes a todas e a cada pessoa, opta-se pela criação de alternativas para a quebra das barreiras historicamente construídas.
Em relação às pessoas com deficiência, à luz da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU, 2006) e dos fundamentos dos direitos humanos, inclusão conjuga igualdade e diferença como valores indissociáveis, pois, ao valorizar as diferenças humanas, denuncia a discriminação e a invisibilidade, ‘provocando’ a efetivação de ações que objetivem a retirada de barreiras que impedem a participação plena desse grupo por fomentar a promoção da acessibilidade a tod@s, e não apenas de parcelas da população. As estratégias estabelecidas estão baseadas na noção de ‘isso e aquilo’ em substituição à ideia de ‘ou isso ou aquilo’, pois, quando se relaciona aos direitos fundamentais o ‘ou’, por implicar em escolha, exclui, separa, encaminha, desresponsabiliza parcialmente.
Assim, ao apreender-se inclusão como processo de modificação da organização social para torná-la responsiva e adequada a tod@ e cada brasileir@, amplia-se o espectro de ação para diferentes propostas a serem continuamente resignificadas, no que diz respeito ao desenvolvimento sustentável e inclusivo, cuja responsabilidade é compartilhada entre tod@s. Esta perspectiva impõe a necessidade de nos colocarmos em movimento, de rever cotidianamente posturas, criar e recriar instrumentos para romper com as barreiras que se estabeleceram e se estabelecem, e, valorizar, sobretudo, as diferenças para que todo@s, sem exceção, sejam membros importantes e responsáveis que têm o direito de realizarem seus projetos na comunidade em que vivem. Sem vírgulas ou “desde que”.

Notas
1 Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (grifos nossos)
2 Essa expressão encontra-se no item IV do artigo 214 da Constituição brasileira que trata do plano nacional de educação. No primeiro Plano Nacional de Educação após a promulgação da Constituição de 1988, lei no. 10.172/2001 tal expressão fica restrita ao capítulo referente à educação tecnológica.
3 A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência foi promulgada pela Assembleia Geral das Nações Unidas no dia 6 de dezembro de 2006. Diferentemente das Declarações Internacionais anteriores, no dia 09 de julho de 2008, a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência foi ratificada com quórum qualificado, ou seja, aprovada por 3/5 do Congresso Nacional, tornando-se o primeiro tratado internacional com status constitucional da história do Brasil – o Decreto Legislativo 186/08. Além disso, no ano seguinte, o Decreto Executivo 6949/09 de mesmo teor, foi assinado pelo Presidente da República, para não deixar ‘brechas’ legais, uma vez que esse dispositivo constitucional havia sido utilizado pela primeira vez. Pode-se afirmar que tanto a elaboração da Convenção pela Organização das Nações Unidas, bem como o processo de ratificação no Brasil e nos demais países foram frutos dos movimentos sociais que pressionaram os governos com suas demandas baseadas nos direitos humanos e conseguiram o estabelecimento desses marcos legais.

Sobre os autores
Liliane Garcez é mestre em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo – USP, Licenciada em Psicologia pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo – USP, Psicóloga pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo – USP, Administradora Pública pela Escola de Administração da Fundação Getúlio Vargas – EAESP/FGV
Luiz Henrique de Paula Conceição é graduado em Psicologia (USP) e mestrando em Psicologia (USP). Atua no Instituto Rodrigo Mendes como pesquisador.
 
Oferecemos arquivo de textos específicos, de documentos, leis, informativos, notícias, cursos de nossa região (Americana), além de publicarmos entrevistas feitas para sensibilizar e divulgar suas ações eficientes em sua realidade. Também disponibilizamos os textos pesquisados para informar/prevenir sobre crescente qualidade de vida. Buscamos evidenciar assim pessoas que podem ser eficientes, mesmo que diferentes ou com algum tipo de mobilidade reduzida e/ou deficiência, procurando informar cada vez mais todos para incluírem todos.