Por Carine Almada Martins
na Gazeta do Sul
O movimento mundial pela educação inclusiva é uma ação sociocultural e pedagógica, desencadeada em defesa do direito de todos os alunos de estarem juntos, aprendendo e participando, sem nenhum tipo de discriminação. A inclusão torna-se o pano de fundo para que a escola repense sua estrutura, sua importância na mudança de postura das futuras gerações frente às diferenças.
Um processo que deveria ser tão natural quanto a própria aprendizagem faz-se extremamente polêmico e difícil, precisando ser imposto, no momento em que se faz necessária a criação de leis para sua implantação na maioria dos estabelecimentos escolares. E, apesar dessas leis, ainda custa a ser concreto. O Estatuto da Criança e do Adolescente esclarece que pais ou responsáveis têm a obrigação de matricular seus filhos na rede regular de ensino, não excluindo desse dever os pais de crianças com necessidades educacionais especiais. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional preconiza que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos currículos, métodos, recursos e organização específicos para atender às suas necessidades, sejam elas quais forem.
O sistema educacional precisa ser reestruturado para atender às necessidades dos alunos e, consequentemente, proporcionar meios para que alcancem progressos escolares e sucesso acadêmico. Incluir significa oferecer ingresso e permanência na escola com ensino de qualidade. Para que os pais de crianças com alguma deficiência cumpram com sua obrigação legal e, muito mais importante, possam ter a satisfação de ver seus filhos na escola, convivendo e aprendendo, inicia-se, muitas vezes, um processo de verdadeira e sofrida peregrinação das famílias em busca de uma vaga. A justificativa é sempre a mesma: “infelizmente não estamos preparados para atender seu filho”.
Como foram, então, estruturadas essas escolas? Para atender os alunos “normais”? Quem são os alunos “normais”? E esses profissionais responsáveis pela educação nesses estabelecimentos, estudaram para ensinar exclusivamente os alunos sem deficiências? Apenas os dispositivos legais bastariam para que ninguém negasse a qualquer pessoa com deficiência o acesso, a permanência e o direito de aprender sob o mesmo sistema de educação de pessoas sem deficiência. Porém, há ainda o dispositivo moral de que a escola é refúgio do aprender, do conviver, do relacionar-se. É o centro da formação do cidadão, do futuro. É o cerne do desenvolvimento do senso de igualdade e solidariedade humanas, o que torna a exclusão fato inconcebível na escola.
Contudo, escolas ainda negam vagas aos alunos com deficiências. Dão vez ao preconceito, à ignorância. Insistem em permanecer no passado. Perdem a oportunidade de mostrar aos outros alunos que só se aprende na diversidade, que o caminho para a adaptação é construído dia após dia, que existem muitas formas de sentir, de compreender, de desenvolver-se! Somos diferentes e nisso consiste nossa maior semelhança, todos temos deficiências e potencialidades!
Acreditar que a heterogeneidade das turmas é o que, sem dúvida, dinamiza os grupos dando-lhes vigor, funcionalidade e garante maior troca de saberes e vivências é uma boa forma para que se inicie a busca por um novo modelo de ensino que inclua verdadeiramente todos os alunos, fazendo-os aprender o que é ensinado da melhor maneira possível de acordo com suas possibilidades, e não para seguir um estereótipo criado pelo professor ou pela instituição de ensino a qual pertence.
A escola inclusiva é o único caminho que existe. É necessário romper as barreiras que insistem em perpetuar o ensino baseado na falta e buscar a educação que reforça a possibilidade de cada ser humano.
Professora
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