Meu nome é Bartolomeu, tenho vinte e três anos. Até dezoito anos e meio vivi sem deficiência. Fui criado por mãe carinhosa, mas bem rígida, procurando compensar a ausência do pai, desde que era pequeno. Apenas pagou a pensão.
Sempre trabalhei em mecânicas, aos quatorze anos já tinha um carro meu, e quando aconteceu meu acidente era moto-boy. Aceito o que me aconteceu, pois estava trabalhando, mas no lugar errado da rua, quando o motorista ao meu lado virou sem dar a seta.
A primeira pancada foi num banco de cimento, de costas, lesando minha coluna vertebral em quatro lugares. Enfrentei o estado de coma por quarenta dias, hemorragia interna, fraturas em braço, dedos e clavícula. Passei por oito cirurgias, fiquei trinta dias em UTI.
Ainda não tinha carta quando me acidentei, ela chegou pelo correio em minha casa dois dias depois. Oito meses após ainda era dependente total, até para comer. Perdi também quatro dentes, e quinze quilos. Cento e quarenta dias bastaram para eu assinar termo de responsabilidade e sair do hospital, com oito pinos e duas placas na coluna, hérnia de disco e próteses.
Em casa ficava deitado duas horas em cada posição, usando morfina. Lutei para conseguir sentar. Cheguei ao Hospital Sarah, especializado em recuperação, já sabendo tomar banho e me trocar. Nadei mesmo assim durante dois anos, como paratleta.
Hoje treino em cadeira especial para correr (speed), em que acrescentei uma roda para melhor desempenho. Sou atleta profissional federado. Tenho o ensino médio, trabalho em firma que acessora eventos com som, luz e imagem. Adaptei pessoalmente meu carro, que dirijo.
Quero ser pai, quero ser reconhecido como paratleta de excelência. Nada menos do que isto. Quero!
Caso real. Elizabeth Fritzsons da Silva. Psicóloga e diretora da Unidade de Atenção aos Direitos da Pessoa com Deficiência.
Caso alguma pessoa com deficiência se interesse por esporte e atletismo favor procurar pelo Marcio (treinador) na Secretaria de Esporte de Americana
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