Durante sete meses, uma comissão de juristas composta por 16 membros
analisou o Código Penal brasileiro e deu início a um longo processo de
debates sobre a reforma deste conjunto de leis fixado em 1940. A
defensora pública do Estado de São Paulo, Juliana Belloque, fez parte
desta comissão, que analisou dezenas de leis especiais e centenas de
artigos do Código Penal.
Depois deste longo processo de debate entre especialistas, o Projeto
de Lei 236/2012 vai agora, no segundo semestre de 2012, ser debatido
pelos senadores da República, que também convocarão audiências públicas.
Segundo Belloque, o Código Penal “precisar ser atualizado, reformado,
discutido por toda a sociedade”.
“É preciso envolver todos os setores da sociedade. É muito importante
que os movimentos brasileiros em geral participem deste debate. É essa
lei que vai dizer quais são as condutas criminosas, que nós entendemos
como as mais graves na nossa sociedade. Há temas como aborto, uso de
drogas, terrorismo”, diz Juliana. “Nós temos a terceira maior população
carcerária do mundo. É muito importante que o debate seja o mais amplo
possível. A lei deve representar a sociedade brasileiras e não apenas o
desejo de alguns”, completou.
Entre os pontos positivos da reforma, ela destacou a
descriminalização do uso de drogas, o tratamento do tema do aborto como
uma questão de saúde pública, a diminuição da pena para crimes contra o
patrimônio sem o uso de violência e o fim da previsão de pena de
privação de liberdade para atos obscenos, apologia ao crime e desacato a
autoridade.
Posição da Conectas
Conectas considera fundamental a participação e o envolvimento da
sociedade civil na discussão do novo Código Penal e apoia as propostas
que caminham no sentido de diminuir o papel do Estado – mais
especificamente do Direito Penal – na vida privada dos cidadãos.
Nos causa preocupação, no entanto, medidas que visam aumentar penas,
criminalizar novas condutas ou dificultar a ressocialização dos egressos
do sistema prisional.
Com uma das maiores populações carcerárias do mundo, e com um déficit
de cerca de 200 mil vagas, o sistema penitenciário brasileiro está em
colapso, e o novo Código Penal não pode ignorar esses dados da
realidade. Afinal, é justamente em nome dela que se pretende atualizar
as normas “atuais”, que remontam a 1940.
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