terça-feira, 2 de setembro de 2014

3/08/2014 - 10h38

Aumento da expectativa de vida muda planejamento de aposentadoria

da Livraria da Folha
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A Previdência Social do Brasil foi criada numa época em que a expectativa de vida e os desejos daqueles que se aposentavam eram outros. Hoje, não temos referências para imaginar como será o mundo para a próxima geração de aposentados.
Divulgação
Cerbasi apresenta um plano para administrar sua riqueza que inclui dicas personalizadas
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Segundo Gustavo Cerbasi, a renda de uma aposentadoria, seja pública ou privada, não é suficiente para o que pode nos esperar.
"Se a redução na renda não matar de fome, vai matar de depressão muitos desprecavidos", escreve em "Adeus, Aposentadoria".
No livro, Cerbasi questiona o que considera uma ilusão descontextualizada: trabalhar por 30 a 35 anos sem cuidados financeiros adequados. O autor considera também as consequências da falta de rotina de trabalho para a mente.
"É preciso adotar um novo modelo para planejar o futuro, já que as soluções para sobreviver no contexto atual não são convincentes", diz.
Gustavo Cerbasi é mestre em administração e finanças pela FEA/USP, formado em administração pública pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), com especialização em finanças pela Stern School of Business, da Universidade de Nova York e pela Fundação Instituto de Administração (FIA).
Ele leciona em cursos de pós-graduação e MBAs de instituições como Universidade de São Paulo, Fundação Instituto de Administração, Fundação Dom Cabral e Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP). Entre diversos títulos publicados, Cerbasi também é autor de "Dez Bons Conselhos de Meu Pai""Mais Tempo, Mais Dinheiro""Como Organizar Sua Vida Financeira""Dinheiro: os Segredos de Quem Tem""Investimentos Inteligentes" e "Os Segredos dos Casais Inteligentes".
Abaixo, leia trecho de "Adeus, Aposentadoria".
*
Não dá para contestar os fatos
Durante toda a minha vida, segui o que pareciam ser as regras do jogo. Procurei trabalhar em empresas sólidas, fui um profissional dedicado, cursei especialização e pós-graduação, criei uma rede de relacionamentos e pratiquei toda a política necessária para ser reconhecido pelos meus superiores.
Tive parte de meus ganhos retidos no contracheque para contribuir com os fundos de pensão das companhias para as quais trabalhei. Acompanhei, de tempos em tempos, meu saldo no INSS para ter certeza de que as empresas não estavam deixando de fazer a sua parte na construção de meu futuro. Seguindo a recomendação de especialistas, ainda poupei uma parcela de meus ganhos líquidos, investindo de acordo com as orientações de meus gerentes de conta, que sempre demonstraram segurança no assunto. Diversifiquei investimentos, evitando deixar tudo no banco: também comprei e construí alguns pequenos imóveis.
Pelo que fiz ao longo de minha vida profissional, pensei que chegaria a um ponto em que teria muito mais do que o suficiente para viver bem. Os fundos de pensão deveriam garantir uma renda equivalente à que eu tinha enquanto trabalhava. O INSS deveria me garantir proteção e um complemento significativo de renda para ampliar minhas escolhas. Meus investimentos deveriam ser desfeitos apenas se acontecesse algum imprevisto.
Hoje estou aposentado, como previsto pelas regras que segui.
Mas, ao contrário do retorno esperado em termos de renda e proteção, a única coisa que realmente tenho de sobra é um enorme sentimento de insegurança. Os fundos de pensão me proporcionam uma renda até maior do que a que eu tinha pouco antes de me aposentar, mas meus gastos aumentaram demais. A renda do INSS é incrivelmente baixa comparada ao sacrifício incrivelmente alto que foi contribuir para ele ao longo de toda a minha carreira. E, ao avaliar o estado de minha moradia, percebi a necessidade de realizar melhorias. Ao fazer as contas, percebi que meus investimentos poderão ser consumidos em pouco tempo se eu não tomar bastante cuidado.
Sinto medo, pois tive que me adequar a um padrão de vida que parece estar em um frágil equilíbrio. Temo que qualquer imprevisto possa me colocar na situação de insuficiência e desconforto que já experimentei nos meus primeiros anos de trabalho. O problema é que naquela época eu tinha algumas escolhas a fazer. Agora, como aposentado, não tenho. Preparei-me durante décadas para não precisar contar com outras opções de renda, e de que adiantou?
Aposentado não é exatamente o termo com o qual me identifico. Na verdade, estou é apavorado!
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Essa é a história de José. E também de João, de Maria, de Fulano, de Beltrano e de Sicrano. A descrição acima foi criada com base em aspectos comuns a dezenas, talvez centenas de depoimentos que colhi durante consultas, consultorias, palestras, aulas e trocas de mensagens ao longo de meu trabalho de consultor e especialista em educação financeira. É a história da desilusão de quem seguiu um roteiro que prometia o Éden, mas que conduziu a uma melancólica situação de insegurança e impotência.
[...]
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ADEUS, APOSENTADORIA
AUTOR Gustavo Cerbasi

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