terça-feira, 11 de março de 2014

Admiro o trabalho e a pessoa que é Manuela Dantas

Fonte:http://blogs.ne10.uol.com.br/jamildo/tag/manuela-dantas/

Apenas sobre esperança, por Manuela Dantas

PUBLICADO EM 20/01/2014 ÀS 16:50 POR  EM COLUNISTAS
manuela
Por Manuela Dantas, especial para o Blog de Jamildo
Sempre achei que tudo ia dar certo… Nasci em uma família típica do interior do Nordeste, meu pai provia a casa, minha mãe dava carinho, meus irmãos eram companheiros de brincadeiras e brigas. Estudávamos em colégios de formação religiosa e fomos educados para sermos determinados, estudiosos e os melhores de turma, porque era isso que nos garantiria o melhor futuro.
E dessa forma, tudo deu certo por um bom tempo… Quando vim de Picos para Recife, aos 13 anos, fui aprovada em primeiro lugar no teste do colégio Equipe, posteriormente quando fui estudar no colégio São Luís também fui aprovada em primeiro lugar no teste, depois fui segundo lugar no vestibular de Engenharia da UFPE, fui a aluna laureada do curso de Engenharia e assim tudo continuou dando certo…
O que eu não sabia, ou não acreditava, era que coisas ruins poderiam acontecer bem próximas a mim e que tragédias acontecem… E calhou de acontecer comigo… E foi assim que no inesquecível dia 07/04/10 sofri o acidente que me proporcionou uma lesão medular torácica, a qual me deixou paraplégica. Apenas para explicar melhor, a lesão medular ocorre quando a medula espinhal é danificada como resultado de um trauma ou por uma doença ou por um defeito congênito e assim haverá alterações na sensibilidade, na função motora e no funcionamento normal dos órgãos abaixo do nível lesão.
Eu pensava e repensava e não conseguia acreditar que aquilo estivesse acontecendo comigo, afinal tudo sempre dava certo… Decidi, então, que encararia aquele sofrimento como mais uma das inúmeras provas que passei na minha vida acadêmica, a qual precisava me dedicar com determinação para conseguir o melhor resultado. Cheguei a fazer de 7 a 8 horas de terapias diferentes por dia e chegava à exaustão física e mental para conseguir alguma resposta do meu corpo.
O que eu não esperava era que no caso de lesão medular o resultado não fosse diretamente proporcional ao esforço, ou seja, por mais que eu me esforçasse nas fisioterapias às conquistas motoras eram mínimas e aquela situação era bem frustrante, já que fugia ao meu entendimento lógico. Confesso até que minha cabeça racional por muitas vezes me abandonou e quase desesperei…
Mas, felizmente, não desisti, com o tempo, com muita determinação e esforço voltei a ficar em pé com órtese, depois comecei a utilizar um novo método de fisioterapia chamado Project Walk e hoje utilizo bicicleta de modo ativo em minhas fisioterapias e faço esteira com apoio parcial do meu peso no Centro de Reabilitação do IMIP.
Nunca escondi de ninguém que meu objetivo com a reabilitação ia além de conseguir o maior grau possível de independência, mas também precisava conseguir ganhos no meu quadro clínico e sonho em voltar a andar. Com a lesão medular perdi o movimento um pouco abaixo dos braços e hoje meus fisioterapeutas reconhecem movimentos ativos até o nível dos quadris. O que antes era algo trivial, agora é uma grande esperança.
Outro dia, li um artigo sobre células-tronco com uma pesquisa inovadora encabeçada por o cientista cadeirante Paul Lu da Universidade da Califórnia na área de regeneração de lesão medular.
A grande novidade na pesquisa é a utilização de células embrionárias com um poder de diferenciação maior do que células-tronco neurais adultas. Foram utilizadas células extraídas do cérebro embrionário de animais e as mesmas foram transplantadas em ratos que tiveram lesão medular. A pesquisa comprovou que as células-tronco embrionárias conseguiram se diferenciar em neurônios que conseguiram se conectar com o outro lado da lesão e assim recuperar a transmissão do impulso nervoso pela medula.
Foram animadores os resultados do estudo, já que os animais transplantados recuperaram a sensibilidade e passaram a se movimentar depois de um tempo. O estudo em questão indica que a capacidade de se especializar em neurônios é superior quando a célula-tronco
é mais imatura, dessa forma, essas células seriam as melhores para tratamento de lesões da medula em humanos.
Esse trabalho renova a esperança de que finalmente os pesquisadores estejam chegando à resposta a um problema que há milênios assola os seres humanos. Assim, uma pessoa que a principio estaria destinada a ficar a sua vida sem movimentos e sensibilidade após uma lesão medular teria a esperança de conseguir voltar a correr, dançar, pular, sentir dor, cócegas, calor, frio …
Enfim, como diria Carlos Drummond de Andrade “A vida se renova na esperança de um dia novo.”
E eis que surge um novo dia…

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