quarta-feira, 15 de outubro de 2014

LENTE

Pais sofrem quando filhos saem de casa

Quando filhos adolescentes saem de casa para fazer faculdade, há tantas coisas que precisam ser feitas: as malas, a organização, levar os filhos até a universidade e ajudá-los a se instalar.
Mas, quando as tarefas foram completadas e a agitação terminou, resta para os pais uma pergunta: "O que vamos fazer agora com este tempo extra e espaço vazio?".
Para os especialistas, uma coisa que os pais devem fazer é reconhecer a perda e vivenciar o "luto" por inteiro. E isso se aplica aos homens também.
Escrevendo no "New York Times" recentemente, Liza Mundy refletiu sobre o assunto depois de ela e seu marido terem retornado de levar sua filha à faculdade.
O que chamou sua atenção foi que sua sogra tinha telefonado e se solidarizado com ela, como mãe. Mas, e os pais?
"A transição para o 'ninho vazio' é mais sofrida para os pais do que a visão convencional reconhece", Mundy escreveu.
Um amigo dela que chorou na noite antes de levar seu filho para a faculdade em outra cidade lhe disse: 'Acho que meu pai, que fazia parte da geração que lutou na Segunda Guerra Mundial, nunca fez nada desse tipo'".
A diferença é em parte porque muitos homens falam mais abertamente sobre emoções desse tipo e em parte porque já se acostumaram a exercer um papel mais ativo na vida dos filhos.
Desde os anos 1960, o tempo que os homens americanos passam com seus filhos quase triplicou, passando de 2,5 horas por semana para 7,3, segundo dados do Pew Research Center.
E hoje existem muito mais maneiras de os pais continuarem conectados com seus filhos quando eles saem de casa. O marido de Mundy, por exemplo, hoje manda um e-mail diário à filha.
Mas alguns pais não se satisfazem apenas com uma mensagem diária e estão adotando uma abordagem diferente: quando os filhos saem de casa, os pais se mudam com eles.
Escrevendo no "NYT", Penelope Green explicou que alguns pais andam comprando ou alugando casas ou apartamentos para ficar mais perto dos filhos quando estes vão morar nas residências universitárias.
"As famílias, especialmente as de poder aquisitivo mais alto, têm a possibilidade de escolher onde morar com base em considerações familiares", disse a Green a diretora da divisão residencial de uma corretora imobiliária de luxo, Ruth Kennedy Sudduth. "É uma busca por sentido e por uma vida melhor."
Mas isso não significa que esses pais vão passar todos os fins de semana com seus filhos. Nancy Garcia Ponte, de Rhode Island, mudou-se para um apartamento perto da escola interna onde sua filha é caloura.
A escola incentiva os pais que vivem na região a não passar tempo com seus filhos nas primeiras semanas, para lhes dar uma chance de ajustar-se ao novo ambiente. "E os filhos só podem passar dois fins de semana por trimestre fora da escola", contou Garcia Ponte.
É claro que, se os pais não podem trazer seus filhos de volta para casa, existe outra opção: adquirir animais de estimação.
Julie Salamon escreveu no "NYT" que foi assim que ela própria acabou por preencher um pouco do vazio em sua casa. Dias depois de sua filha partir para a faculdade, ela e seu marido compraram um cachorrinho.
"Convenci meu marido de que isso ajudaria nosso filho a não sentir tanta solidão, apesar de já termos dois gatos", ela escreveu.
Cinco anos mais tarde, quando seu filho saiu de casa para fazer seus estudos universitários, Salamon e seu marido não trouxeram outro bichinho para casa (ainda tinham um cão e um gato). Mas ela continua a sentir que os animais podem ajudar a manter a sensação de lar em uma casa em transição.
"Agora o cachorro e o gato sobem na nossa cama, como as crianças faziam", ela escreveu. "Os animais não substituem os humanos, mas preenchem os vazios que as pessoas deixam quando partem."
TESS FELDER
Envie comentários para nytweekly@nytimes.com
Saiu no New York Times, publicado pela "Folha de São Paulo" 13/10/2014

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