quarta-feira, 11 de junho de 2014

Exercícios e função cerebral em idosos - boas perspectivas para idosos

Carlinhos Treinamento


Posted: 09 Jun 2014 01:13 PM PDT
Na semana passada terminei de ler o livro Dieta da Mente do neurologista americano David Perlmutter, um livro muito interessante que fala sobre as questões alimentares e as doenças degenerativas do sistema nervoso central. Neste livro a principal informação é sobre os riscos de uma dieta rica em carboidratos e trigo [glúten] para o surgimento de doenças como Mal de Parkinson, Alzheimer, Depressão e Autismo. 

No capítulo 8 o Dr. Perlmutter fala sobre a influência do exercício sobre nossa saúde cognitiva e cita dois importantes trabalhos.

Total daily physical activity and the risk of AD and cognitive decline in older adults que foi publicado em 2012 teve como objetivo avaliar a relação da quantidade de atividade física diária com a incidência da doença de Alzheimer. Foram estudadas 716 pessoas com cerca de 80 anos e cerca de 60% eram mulheres, estas pessoas no inicio do estudo foram diagnosticadas como não sendo portadores de nenhum tipo de demência. No inicio do estudo foram realizados 19 testes cognitivos e o grau de atividade física foi mensurado por 10 dias consecutivos.

Após 4 anos essas pessoas foram avaliadas novamente e 71 pessoas desenvolveram Alzheimer, estas pessoas estavam entre os 10% menos ativos fisicamente. Os autores concluíram que quanto maior o grau de atividade física menores as chances de desenvolvimento dessa doença e que as pessoas sedentárias aumentam seu risco de desenvolver Alzheimer em 2,7 vezes quando comparadas com as pessoas fisicamente ativas.

The Association Between Midlife Cardiorespiratory Fitness Levels and Later-Life Dementia: A Cohort Study publicado em 2013, onde os autores avaliaram o grau de condicionamento cardiorrespiratório sobre o risco de demência por diferentes causas. Foram avaliadas quase 19500 pessoas com 65 anos ou mais. O inicio das avaliações da capacidade cardiorrespiratória ocorreu em 1970 e essas pessoas foram observadas por um período de 19 a 30 anos.

Após o período observado ocorreram 1659 casos de demência, considerando todas as causas e as pessoas com os maiores níveis de capacidade cardiorrespiratória foram o grupo com a menor incidência de casos de demência. A conclusão do trabalho fala que níveis elevados de capacidade cardiorrespiratória estão associados com menor risco de desenvolvimento de demência por todas as causas e que uma capacidade cardiorrespiratória elevada na meia-idade esta associada com uma menor incidência de de demência na terceira idade.



Estes dois trabalhos nos mostram informações importantes que ligam o grau de atividade física e a capacidade cardiorrespiratória com uma menor incidência de demência por diversas causas, como a Mal de Alzheimer.

Quando falamos de um maior grau de atividade física, estamos nos referindo ao fato de que as pessoas devem ser mais ativas de forma geral. Isso significa usarem menos o carro, sair para passear, fazerem as tarefas domésticas, trocar o elevador pelas escadas e praticarem esportes de forma recreativa, independente do esporte que for. Assim basta ser menos sedentário para ter esses benefícios.

A capacidade cardiorrespiratória se refere a capacidade do nosso organismo de captar, transportar e utilizar oxigênio, também conhecida por capacidade aeróbica. Essa variável é normalmente desenvolvida com a pratica de exercícios aeróbicos como natação, corrida e caminhada.

Uma informação que acredito ser muito importante foi divulgada cerca de 5 anos antes da publicação dos dados dos dois estudos citados anteriormente. Em 2007 pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo publicaram um trabalho com seguinte título: 

The impact of resistance exercise on the cognitive function of the elderly

Esse trabalho teve como objetivo medir o impacto de 24 semanas de exercícios de força em duas diferentes intensidades [esforço] sobre a função cognitiva de pessoas idosas.

62 idosos foram divididos em 3 grupos, grupo controle [ GC, 23 pessoas], grupo de treinamento de força moderado [TFM, 19 pessoas] e grupo de treinamento de força intenso [TFI, 20 pessoas]. A capacidade cognitiva e outras variáveis físicas foram mensuradas antes e após as 24 semanas de treinamento.

Os resultados mostraram:

  • O TFI e o TFM tiveram ganhos de força. 
  • O GC não teve alteração na força.
  • O TFI teve um ganho de massa corporal magra maior do que o TFM.
  • O TFM obteve escores mais elevados nos testes de avaliação cognitiva do o GC.
  • O TFI obteve  escores mais elevados nos testes de avaliação cognitiva do que o TFM e GC.

O conclusão dos autores diz que tanto o treinamento de força moderado quanto intenso é igualmente benéfico para a função cognitiva.

Os trabalhos publicados em 2012 e 2013 são trabalhos importantes, porém são estudos observacionais e esse tipo de estudo gera informações científicas que nos permitem criar hipóteses que precisam de avaliação posterior. Isso não quer dizer que devemos negligenciar os efeitos benéficos de evitar o sedentarismo e de melhorar a capacidade aeróbica sobre a saúde cerebral. Porém o trabalho publicado em 2007 é um tipo de estudo que se chama experimental e fornece informações científicas mais relevantes do que os trabalhos observacionais, assim podemos dizer que ser mais ativo no seu dia-a-dia e melhorar sua capacidade aeróbica pode reduzir o risco do surgimento de demência em idades avançados e que se além disso você praticar exercícios de força regulares terá melhoras na sua função cognitiva em períodos cerca de 6 meses.



Por fim, além de ser mais ativo participe de um programa regular de treinamento que melhore sua capacidade aeróbica e sua força. Seu cérebro agradece.

Carlinhos
treinamentocarlinhos@gmail.com

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