sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Em SP, escola dá lições de mobilidade sustentável
Post publicado originalmente por Du Dias, no Portal Mobilize, em 23 de outubro de 2014. 
Alunos da Escola Viva pedalaram no centro de SP. (Foto: Martin Montingelli)
A mobilidade urbana entra no currículo de uma escola particular na zona oeste de SP. Crianças são estimuladas a usar bicicleta, transporte coletivo e propor melhorias
Há cerca de um mês, um debate sobre mobilidade urbana reuniu, em pleno gramado do Parque do Ibirapuera, especialistas e alunos de uma escola particular, a Escola Viva,  localizada na Vila Olímpia, zona oeste da capital paulista. Participaram alunos das três séries do ensino médio, que foram ao parque de bicicleta, acompanhados de seus professores, pedalando para isso três quilômetros aproximadamente.
Os estudantes são membros do Comitê de Mobilidade da escola, uma proposta ainda rara na maioria das instituições de ensino pelo país. Segundo a coordenadora do núcleo Relacionamento com Famílias, Marta Campos, temáticas relativas à mobilidade e ao meio ambiente permeiam as diversas disciplinas em vários níveis do ensino e estão presentes na grade da Escola Viva desde sua fundação. “Montamos grupos, como o Comitê de Mobilidade, para aprofundar estas questões”, afirma. Dentro da disciplina Corpo (uma abordagem mais ampla da Educação Física), por exemplo, os alunos tem a bicicleta e o skate como conteúdo, pois ajudam a compreender o sentido do movimento.
O evento no Ibirapuera foi promovido pela Umapaz (Universidade Aberta do Meio Ambiente e da Cultura da Paz) e teve participação dos arquitetos urbanistas Larissa Campagner e João Whitaker, e da fotógrafa, arquiteta e cicloativista Renata Falzoni. Da parte dos estudantes, Victor, do primeiro ano, contou que vai a pé de casa para a escola, e destacou o novo plano diretor da cidade como ferramenta de melhorias; Pedro, do segundo ano, diz usar a bicicleta quase diariamente e acha que a quantidade de carros impossibilita um deslocamento apropriado de bicicleta. Tomas, do terceiro ano, diz que às vezes a dificuldade em se deslocar de bicicleta pela cidade vem da falta conhecimento de como se comportar no trânsito. “A cidade foi construída para os carros e quando você está de bicicleta, às vezes não sabe por onde ir, como proceder”, desabafa.
Os três colegas concordaram que poderia haver um código de como andar de bicicleta na cidade, em formato de guia. A ideia, que pensam levar à escola, surgiu dos próprios alunos, durante esta entrevista para o Mobilize: “Enquanto o governo não supre a necessidade de educação no trânsito, a escola poderia assumir esse papel”, afirmaram. Para Campos, o processo de pensar o trânsito da cidade deve ser administrado com cautela:

“Queremos estimular o transporte escolar, o coletivo. Não queremos alimentar uma dicotomia carro x bicicleta, e sim trabalhar o olhar e a criação de contrapontos”, defende a educadora.
ATUAÇÃO NO ESPAÇO URBANO
Em setembro, a “Viva” participou do Dia Mundial Sem Carro, uma das propostas da escola para seus alunos e a comunidade pensarem a mobilidade. “Queremos que os alunos sejam protagonistas das questões”, declarou a coordenadora. Foi a segunda vez nos últimos três anos que a escola encaminhou um comunicado aos pais conclamando a comunidade a promover uma campanha inspirada no Mês da Mobilidade. O desafio, já feito anteriormente, convidava cada um a percorrer um trajeto em qualquer dia da semana sem utilizar o veículo individual motorizado.
Paulo Rota, gestor pedagógico do oitavo ano do fundamental ao terceiro ano do ensino médio, destacou outros mecanismos pensados pela escola para estimular a discussão sobre a ocupação e a interação dos jovens com o espaço público. Em uma atividade recente, alunos do primeiro ano fizeram um passeio noturno de bicicleta pelas ruas do centro de São Paulo, acompanhados de integrantes da Ciclocidade (Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo). Em outra atividade, grupos multiseriados interpretam diversos atores sociais ligados à mobilidade e ao transporte, como o Movimento Passe Livre; grupos de cicloativistas; empreiteiros; a prefeitura; empresas de ônibus e assim por diante. “Queremos permitir aos alunos que eles se apropriem da cidade”, explica Rota.
Essa postura ativa já rendeu transformações no entorno da escola. “Recentemente recebemos a notícia que a Prefeitura irá reformar a Praça Roger Patti”, revelou o coordenador. A notícia foi comemorada com entusiasmo na comunidade escolar, já que durante o ano de 2013 o local foi palco de uma intervenção conjunta entre os alunos de 5 e 6 anos do ensino infantil e alunos de 10 e 11 do fundamental, que visitaram a praça, coletaram o lixo do local, enfeitaram o espaço com objetos decorativos, fizeram manifestações, identificaram problemas e propuseram intervenções.
Após o estudo sobre a cidade e o espaço público, durante aquele ano, os alunos coletaram assinaturas de pais, professores e moradores do bairro, e o documento foi encaminhado à Sub-prefeitura. A ação surtiu efeito. Este é só um exemplo de como podem sair ganhando, os alunos, a escola e toda a comunidade.
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