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Calouro na melhor idade

Faculdade é realidade também para quem já passou dos 50

Em dez anos, número de ingressantes com mais de 50 aumentou 182%

24/11/2014 | 17h14

Foto: Adriana Franciosi / Agencia RBS

Começa o semestre e as universidades são tomadas por jovens começando a vida no Ensino Superior. Nos últimos 15 anos, um grupo um pouco mais velho também virou calouro. Entre 2000 e 2010,  houve um aumento de 182% de alunos com mais de 50 anos nas universidades, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep).

O perfil varia: há aqueles já acostumados com o clima universitário e há estreantes, aqueles que estão realizando nessa fase o sonho da graduação. Aos 54 anos, Dilma Suzel Tedesco finalmente vai conquistar o diploma de Administração.

– Morei no “interior do interior” de Cachoeira do Sul. Aos 20 comecei a cursar Ciências Contábeis, mas não pude terminar. Casei, mudei para Porto Alegre, tive uma filha e abri uma empresa e, há dois anos, senti que era hora de viver essa experiência da graduação – conta a estudante e empresária.

Maior expectativa de vida favorece criação de novos negócios
Aumenta número de pessoas com mais de 60 anos no mercado de trabalho

Formada em Design, a filha convidou a mãe para uma palestra numa universidade. Dilma gostou do ambiente e lembrou do objetivo que ainda não tinha conseguido cumprir. Passou a buscar por cursos na área de Administração para aliar o gosto pelos números e aprender sobre marketing, gestão e projetos em instituições que fossem próximo de casa.

A vida é tão corrida quanto para quem é mais jovem. Dilma vai para o trabalho, sai no tumultuado trânsito do final do dia para, então, chegar à sala de aula, na Unisinos. Durante 20 anos, trabalhou em diferentes empresas e há 16, junto com o marido, abriu uma empresa de ferramentas para usinagem.

– Tenho agregado todo tipo de tecnologia para melhorar a rotina da empresa. No curso tenho aprendido novos métodos. Apesar de ter que reorganizar toda minha rotina, estudar é muito bom, tem mudado minha forma de encarar a vida.

Na turma de Dilma, ela é a mais experiente. Isso nunca foi motivo para qualquer tipo de distinção ou preconceito. Formou um grupo com colegas que se tornaram amigas e, com elas, faz os trabalhos em conjunto. A bagagem de experiências que traz consigo é um diferencial.

– Eu podia estar só com a minha empresa agora e me preparar para parar. Mas não consigo me ver dessa maneira. Eu sempre soube que iria terminar a faculdade. Não queria ficar limitada ao dia a dia da empresa apenas, precisava agregar mais conhecimento, precisava conhecer coisas diferentes. No fundo, eu sempre fui uma administradora. O que eu faço de diferente é sair da caixa.

A caixa é a zona de conforto. A estudante não queria ficar lá. Hoje, se sente mais experiente e pronta para superar qualquer desafio.

– Não penso em me aposentar, porque ainda tenho muito gosto pelo trabalho. Estudar é uma forma de aproveitar a vida. Me sinto muito realizada hoje conquistando esse sonho.

Fonte: http://zh.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/vida/melhor-idade/noticia/2014/11/faculdade-e-realidade-tambem-para-quem-ja-passou-dos-50-4649605.html