sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Caso Real - Ser cuidador(a) - artigo derivado de entrevista

POSSO ESTAR CANSADA, MAS CONTINUAR É A ÙNICA OPÇÃO



Com a receita de antidepressivo em minhas mãos, senti que era hora de repensar minha vida. Em situação parecida, uma amiga se reorganizou buscando uma faculdade para ampliar seus objetivos pessoais, encontrando ali parceiro e nova profissão.  Percebeu enfim que não poderia resolver sempre todas as dificuldades que surgiam em sua grande família Sou a caçula, sempre trabalhei em confecções costurando, e continuei costurando em casa, mesmo aposentada. Saia bastante nos fins de semana, com amigas que foram se casando, o grupo foi ficando menos coeso, mesmo com novas amigas chegando. Tive namorados, mas que não me entusiasmaram a assumir um casamento. Sempre morei com meus pais. Meu pai faleceu, há treze anos Meus irmãos, todos casados, com a vida resolvida, concluíram sozinhos que eu cuidaria desta mãe em tempo integral, assim como dos reparos e manutenção da casa, custeando tudo, trabalhando quando pudesse com meus serviços de costura, e descansando e tendo lazer quando possível. A questão não é só de dinheiro (temos fontes alternativas de renda), é perder a identidade neste furacão de providências e responsabilidades. Hoje tenho 53 anos, hipotiroidismo, sinto muita inquietação. Na Hidroginástica e na Yoga acabei encontrando um grupo de amizades que é uma benção, luto muito para preservar este tempo para mim. Gosto de ver gente, de sair de casa. Minha querida mãe tem 90 anos, cai muito ao se locomover, tem duas próteses de fêmur, resiste ao uso de andador ou bengala. Telefona ansiosamente para meu celular quando saio, requisitando minha volta. Só agora pensei em possível surdez se instalando. Sou seu único acesso ao mundo.  Vou providenciar urgente audiometria. “Porque metade de mim é abrigo, a outra metade é cansaço” – Oswaldo Montenegro.


Caso real, Elizabeth Fritzsons da Silva, psicóloga, e-mail: bfritzsons@gmail.com

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