AME – Como ficou com deficiência e qual
é o grau de comprometimento?
Mara Gabrilli: Sofri um acidente em 1994 quando voltava de uma viagem de praia. Estava de carro com um amigo e meu namorado. Sofri uma lesão medular na 4ª e 5ª vértebras da coluna e fiquei tetraplégica. Dependendo da altura da lesão reflete no comprometimento dos movimentos da pessoa. No meu caso, não mexo nada do pescoço para baixo. Desde então, tive de reaprender a viver e me adaptar a uma nova condição de vida. Acredito que o acidente foi um rito de passagem. Sou uma pessoa muito feliz hoje e vejo que conquistei muito mais coisas depois que me tornei uma pessoa com deficiência. A minha essência não mudou, contudo, acabei ganhando mais vontade de viver. De transformar.
Mara Gabrilli: Sofri um acidente em 1994 quando voltava de uma viagem de praia. Estava de carro com um amigo e meu namorado. Sofri uma lesão medular na 4ª e 5ª vértebras da coluna e fiquei tetraplégica. Dependendo da altura da lesão reflete no comprometimento dos movimentos da pessoa. No meu caso, não mexo nada do pescoço para baixo. Desde então, tive de reaprender a viver e me adaptar a uma nova condição de vida. Acredito que o acidente foi um rito de passagem. Sou uma pessoa muito feliz hoje e vejo que conquistei muito mais coisas depois que me tornei uma pessoa com deficiência. A minha essência não mudou, contudo, acabei ganhando mais vontade de viver. De transformar.
AME - Qual era o seu contato com a área
da deficiência antes do acidente?
Mara Gabrilli: Antes de sofrer o acidente eu já havia cuidado de uma moça tetraplégica, fui apaixonada por um lindo cadeirante e amiga de um professor que tinha deficiência. Também estagiei em uma escola para alunos com deficiência intelectual.
Mara Gabrilli: Antes de sofrer o acidente eu já havia cuidado de uma moça tetraplégica, fui apaixonada por um lindo cadeirante e amiga de um professor que tinha deficiência. Também estagiei em uma escola para alunos com deficiência intelectual.
AME - O que mudou em termos de visão
de mundo?
Mara Gabrilli: Não sinto mais tanta ansiedade e não trabalho mais só para ganhar dinheiro, ao exemplo de muitas pessoas que têm isso como objetivo de vida. A minha felicidade agora é trabalhar pelas causas que acredito. O meu trabalho transforma o que está ao meu redor. Não é mais uma ação individual. É social.
Mara Gabrilli: Não sinto mais tanta ansiedade e não trabalho mais só para ganhar dinheiro, ao exemplo de muitas pessoas que têm isso como objetivo de vida. A minha felicidade agora é trabalhar pelas causas que acredito. O meu trabalho transforma o que está ao meu redor. Não é mais uma ação individual. É social.
AME - O que a levou a trilhar os caminhos
da política?
Mara Gabrilli: Depois de um tempo que sofri o acidente, resolvi fundar uma ONG que apoiasse atletas com deficiência e angariasse fundos para pesquisas com células-tronco. Foi então que fundei o Projeto Próximo Passo (PPP), que hoje é o braço direito do Instituto Mara Gabrilli. Muitas pessoas não acreditam que quando fundei a ONG eu não pensava em política. E realmente, eu não era o tipo de pessoa ligada aos assuntos políticos. Era o tipo de leitora que não lia o Caderno de política. Quando comecei a batalhar na PPP, vi a dificuldade de várias pessoas com deficiência que não tinham a chance de ter dignidade. Não tinham acesso a transporte adaptado, não podiam trabalhar, não tinham acesso a políticas públicas decentes. Nesta época, mesmo não envolvida na política, eu já buscava mudanças. Para ajudar, eu era amiga da filha de José Serra, que conhecia a minha história e me convidou para comandar a Secretaria Especial da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, um órgão inédito no país e que teve extrema importância, tanto na minha vida, quanto na de outras pessoas com deficiência. A Secretaria abriu caminho para a minha vida política e para que o segmento tivesse um representante. De certa forma, a sensibilidade do Serra ao criar um órgão deste cunho e a minha vontade de mudar as coisas foram os fatores responsáveis para o meu ingresso na política.
Mara Gabrilli: Depois de um tempo que sofri o acidente, resolvi fundar uma ONG que apoiasse atletas com deficiência e angariasse fundos para pesquisas com células-tronco. Foi então que fundei o Projeto Próximo Passo (PPP), que hoje é o braço direito do Instituto Mara Gabrilli. Muitas pessoas não acreditam que quando fundei a ONG eu não pensava em política. E realmente, eu não era o tipo de pessoa ligada aos assuntos políticos. Era o tipo de leitora que não lia o Caderno de política. Quando comecei a batalhar na PPP, vi a dificuldade de várias pessoas com deficiência que não tinham a chance de ter dignidade. Não tinham acesso a transporte adaptado, não podiam trabalhar, não tinham acesso a políticas públicas decentes. Nesta época, mesmo não envolvida na política, eu já buscava mudanças. Para ajudar, eu era amiga da filha de José Serra, que conhecia a minha história e me convidou para comandar a Secretaria Especial da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, um órgão inédito no país e que teve extrema importância, tanto na minha vida, quanto na de outras pessoas com deficiência. A Secretaria abriu caminho para a minha vida política e para que o segmento tivesse um representante. De certa forma, a sensibilidade do Serra ao criar um órgão deste cunho e a minha vontade de mudar as coisas foram os fatores responsáveis para o meu ingresso na política.
AME - Como primeira secretária municipal
da área da deficiência, o que destacaria
em sua atuação?
Mara Gabrilli: Realizamos muita coisa em termos de acessibilidade - aumento da frota de ônibus, projetos culturais acessíveis, calçadas reformadas e vários outros acessos – mas se não fosse o trabalho de derrubar barreiras da informação, nós jamais teríamos conseguido tudo isso. Acredito que conseguimos abrir os olhos das pessoas para a questão da acessibilidade. Depois tudo ficou mais fácil. Ao derrubar conceitos errôneos sobre as deficiências, construir rampas fica bem mais simples.
Mara Gabrilli: Realizamos muita coisa em termos de acessibilidade - aumento da frota de ônibus, projetos culturais acessíveis, calçadas reformadas e vários outros acessos – mas se não fosse o trabalho de derrubar barreiras da informação, nós jamais teríamos conseguido tudo isso. Acredito que conseguimos abrir os olhos das pessoas para a questão da acessibilidade. Depois tudo ficou mais fácil. Ao derrubar conceitos errôneos sobre as deficiências, construir rampas fica bem mais simples.
AME – Em sua gestão como vereadora,
sua principal ênfase foi na área da acessibilidade?
Mara Gabrilli: Sim, mas meu trabalho não é só pela acessibilidade; é pela inclusão, em um sentido realmente amplo. Não trabalho só para melhorar a vida do surdo, ou do cadeirante ou de um determinado grupo. Acredito que este princípio acabou inspirando outros vereadores. Depois que assumi uma cadeira na Câmara Municipal, o número de projetos protocolados que contemplam esta questão aumentou de maneira significativa. Junto com as minhas leis, este é o meu legado na Casa legislativa e na cidade: a difusão do conceito de inclusão.
Mara Gabrilli: Sim, mas meu trabalho não é só pela acessibilidade; é pela inclusão, em um sentido realmente amplo. Não trabalho só para melhorar a vida do surdo, ou do cadeirante ou de um determinado grupo. Acredito que este princípio acabou inspirando outros vereadores. Depois que assumi uma cadeira na Câmara Municipal, o número de projetos protocolados que contemplam esta questão aumentou de maneira significativa. Junto com as minhas leis, este é o meu legado na Casa legislativa e na cidade: a difusão do conceito de inclusão.
AME – E agora, quais são suas expectativas
e prioridades como deputada federal?
Mara Gabrilli: Quero levar propostas de todas as minhas leis que funcionam aqui em São Paulo para o âmbito federal e fazer com que elas sejam aplicadas no Brasil inteiro. Tenho fé que vou conseguir transformar em lei no nosso País a reforma de calçadas, que exista Centrais LIBRAS, atendendo outros surdos brasileiros. Já imaginou se todas as pessoas com deficiência do Brasil tiverem acesso a Centros de Reabilitação e Saúde Auditiva? O Censo Inclusão, última lei minha sancionada pelo Prefeito de São Paulo, vai mapear todas as pessoas com deficiência da cidade. A ideia é ter um banco de dados detalhado sobre estas pessoas, para que assim sejam elaboradas políticas públicas eficientes e dirigidas a cada público. Como deputada federal faço questão que este mapeamento seja articulado em outros lugares do nosso país. Além de implantar minhas leis no País, o que já garantiria muito mais qualidade de vida e autonomia às pessoas com deficiência e mobilidade reduzida, quero cobrar melhorias na Saúde e na Educação. A fila para se conseguir uma cadeira de rodas no SUS é de dois anos. Não dá para continuar assim. Outra coisa que me preocupa é o numero de pessoas com deficiência sem acesso ao estudo, muitas vezes por falta de transporte e acessibilidade nas próprias escolas. É uma realidade que precisa ser mudada. Sem o básico, não dá para chegar a outros lugares. Não dá nem para sonhar.
Mara Gabrilli: Quero levar propostas de todas as minhas leis que funcionam aqui em São Paulo para o âmbito federal e fazer com que elas sejam aplicadas no Brasil inteiro. Tenho fé que vou conseguir transformar em lei no nosso País a reforma de calçadas, que exista Centrais LIBRAS, atendendo outros surdos brasileiros. Já imaginou se todas as pessoas com deficiência do Brasil tiverem acesso a Centros de Reabilitação e Saúde Auditiva? O Censo Inclusão, última lei minha sancionada pelo Prefeito de São Paulo, vai mapear todas as pessoas com deficiência da cidade. A ideia é ter um banco de dados detalhado sobre estas pessoas, para que assim sejam elaboradas políticas públicas eficientes e dirigidas a cada público. Como deputada federal faço questão que este mapeamento seja articulado em outros lugares do nosso país. Além de implantar minhas leis no País, o que já garantiria muito mais qualidade de vida e autonomia às pessoas com deficiência e mobilidade reduzida, quero cobrar melhorias na Saúde e na Educação. A fila para se conseguir uma cadeira de rodas no SUS é de dois anos. Não dá para continuar assim. Outra coisa que me preocupa é o numero de pessoas com deficiência sem acesso ao estudo, muitas vezes por falta de transporte e acessibilidade nas próprias escolas. É uma realidade que precisa ser mudada. Sem o básico, não dá para chegar a outros lugares. Não dá nem para sonhar.
AME - Como consegue conciliar vida profissional
e pessoal, com tanto dinamismo
e participação na vida pública?
Mara Gabrilli: Com amor, com vontade de viver. E com o reconhecimento do meu trabalho. Cada vez que vejo o quanto avançamos, vejo que não posso parar, pois outras pessoas contam comigo. Depositaram sua confiança em mim. Isso me impulsiona. Além disso, um pouquinho de disciplina não faz mal a ninguém, tenha ou não uma deficiência.
Mara Gabrilli: Com amor, com vontade de viver. E com o reconhecimento do meu trabalho. Cada vez que vejo o quanto avançamos, vejo que não posso parar, pois outras pessoas contam comigo. Depositaram sua confiança em mim. Isso me impulsiona. Além disso, um pouquinho de disciplina não faz mal a ninguém, tenha ou não uma deficiência.
AME - Você já se expos em fotos e cenas
sensuais em revista impressa e vídeo. O
que muda na sexualidade da mulher com
deficiência?
Mara Gabrilli: Nada. O fato de não me mexer não subtrai o meu prazer, nem a sensibilidade despertada quando estou com alguém. Mulheres com deficiência podem amar como qualquer outra. Não há uma diferença neste sentido. O que diferencia são as adaptações que você faz em sua vida cotidiana.
Mara Gabrilli: Nada. O fato de não me mexer não subtrai o meu prazer, nem a sensibilidade despertada quando estou com alguém. Mulheres com deficiência podem amar como qualquer outra. Não há uma diferença neste sentido. O que diferencia são as adaptações que você faz em sua vida cotidiana.
AME - O que deixaria como mensagem
aos nossos leitores, grande parte sem
deficiência?
Mara Gabrilli: Fui uma pessoa sem deficiência e compartilhei deste universo muito antes de sofrer o acidente. E é maravilhoso. Compartilhar a diversidade humana é incrível, te faz crescer como gente, instiga a sua sensibilidade. Nunca limite-se a dividir um universo só. Deixe-se levar pela diversidade.
Mara Gabrilli: Fui uma pessoa sem deficiência e compartilhei deste universo muito antes de sofrer o acidente. E é maravilhoso. Compartilhar a diversidade humana é incrível, te faz crescer como gente, instiga a sua sensibilidade. Nunca limite-se a dividir um universo só. Deixe-se levar pela diversidade.
Fonte: http://www.ame-sp.org.br/
Conheço a história da Mara mas para ser sincero não me canso de ler a história dela,e de outros exemplos que tenho como inspiração.
ResponderExcluirTabata contri Nick vunjice entre outros.
isso só me ajuda a ter mais motivação a fazer as coisas,