Garota, que sofre de paralisia cerebral, tinha dificuldades para se comunicar
Com um simples toque da criança na tela, tablet 'expressa' as suas necessidades e os seus sentimentos
LUISA PESSOA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A família estava na sala de espera de uma clínica de fisioterapia nos EUA para a pequena Clara, então com dois anos, realizar um tratamento médico, quando foi surpreendida. Um garotinho ao lado se comunicava descontraidamente com seus pais.
Seria algo comum se o menino não tivesse paralisia cerebral e não estivesse fazendo isso com um tablet.
"Fiquei encantado", lembra Carlos Pereira, 33, pai de Clara, 4. "Principalmente porque a paralisia cerebral dele era muito mais grave do que a de minha filha."
O garoto usava um aplicativo que funciona como uma prancha tradicional de comunicação alternativa -normalmente feita em papel. Ou seja, apresenta imagens que se referem ao que a pessoa deseja comunicar. Copo com água, por exemplo, pode significar "sede", vaso sanitário, "vontade de ir ao banheiro".
Se tradicionalmente a pessoa deve apontar para a imagem e outra observa para entender o que está sendo expressado, com esse aplicativo uma voz eletrônica "fala" conforme você toca na imagem: "Estou com sede"; "Por favor, quero ir ao banheiro".
No ano passado, Clara começou a demonstrar frustação por não conseguir se comunicar plenamente com os pais. Pereira se lembrou do que tinha visto nos EUA.
LIBERDADE EM VOZ ALTA
Os tablets começavam a se popularizar no Brasil. Ele pensou: "Aquele sistema de comunicação pode ajudar a minha filha". Pereira procurou as empresas que haviam desenvolvido aqueles programas. Perguntou, sem sucesso, se havia interesse em fazer uma versão em português.
Analista de sistemas, ele nunca tinha desenvolvido nada para tablets. Mesmo assim, resolveu encarar o desafio. Ele mesmo criaria para a filha algo muito parecido com o que tinha visto lá fora.
Durante meses, fez dupla jornada. Lembra que ficou emocionado quando descobriu que Clara sabia o seu nome e o de sua mulher, Aline. Mais: passou a fazer suas escolhas por meio do tablet.
Pereira levou o projeto para fonoaudiólogas e terapeutas ocupacionais, para que esses profissionais o ajudassem a "turbinar" o aplicativo.
Já tinha nome: Livox, palavra que, para ele, resume a ideia de "liberdade em voz alta". Ao ver a alegria da filha com a possibilidade de comunicação, Pereira decidiu disponibilizar o serviço. É preciso, porém, ajustá-lo às necessidades motoras de cada um. "É um recurso médico, não uma brincadeira", avisa.
Workshops sobre o uso do Livox já estão sendo organizados pelo país.
Do caderno cotidiano da Folha de São Paulo Junho de 2012.
Com um simples toque da criança na tela, tablet 'expressa' as suas necessidades e os seus sentimentos
LUISA PESSOA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A família estava na sala de espera de uma clínica de fisioterapia nos EUA para a pequena Clara, então com dois anos, realizar um tratamento médico, quando foi surpreendida. Um garotinho ao lado se comunicava descontraidamente com seus pais.
Seria algo comum se o menino não tivesse paralisia cerebral e não estivesse fazendo isso com um tablet.
"Fiquei encantado", lembra Carlos Pereira, 33, pai de Clara, 4. "Principalmente porque a paralisia cerebral dele era muito mais grave do que a de minha filha."
O garoto usava um aplicativo que funciona como uma prancha tradicional de comunicação alternativa -normalmente feita em papel. Ou seja, apresenta imagens que se referem ao que a pessoa deseja comunicar. Copo com água, por exemplo, pode significar "sede", vaso sanitário, "vontade de ir ao banheiro".
Se tradicionalmente a pessoa deve apontar para a imagem e outra observa para entender o que está sendo expressado, com esse aplicativo uma voz eletrônica "fala" conforme você toca na imagem: "Estou com sede"; "Por favor, quero ir ao banheiro".
No ano passado, Clara começou a demonstrar frustação por não conseguir se comunicar plenamente com os pais. Pereira se lembrou do que tinha visto nos EUA.
LIBERDADE EM VOZ ALTA
Os tablets começavam a se popularizar no Brasil. Ele pensou: "Aquele sistema de comunicação pode ajudar a minha filha". Pereira procurou as empresas que haviam desenvolvido aqueles programas. Perguntou, sem sucesso, se havia interesse em fazer uma versão em português.
Analista de sistemas, ele nunca tinha desenvolvido nada para tablets. Mesmo assim, resolveu encarar o desafio. Ele mesmo criaria para a filha algo muito parecido com o que tinha visto lá fora.
Durante meses, fez dupla jornada. Lembra que ficou emocionado quando descobriu que Clara sabia o seu nome e o de sua mulher, Aline. Mais: passou a fazer suas escolhas por meio do tablet.
Pereira levou o projeto para fonoaudiólogas e terapeutas ocupacionais, para que esses profissionais o ajudassem a "turbinar" o aplicativo.
Já tinha nome: Livox, palavra que, para ele, resume a ideia de "liberdade em voz alta". Ao ver a alegria da filha com a possibilidade de comunicação, Pereira decidiu disponibilizar o serviço. É preciso, porém, ajustá-lo às necessidades motoras de cada um. "É um recurso médico, não uma brincadeira", avisa.
Workshops sobre o uso do Livox já estão sendo organizados pelo país.
Do caderno cotidiano da Folha de São Paulo Junho de 2012.
Boa tarde,
ResponderExcluirComo faço pra baixar esse aplicativo que o Pai criou para falar com a Filha?
No aguarde, obrigada
Minha filha é portadora de uma síndrome rara, chamada Prader Willi, ela tem atraso mental, entende tudo que falamos mas não consegue se comunicar, será que ela tem condições de aprender em uma tablet? São fotos? Gostaria muito de ver, não tenho tablet, mas se for funcional, se ela conseguir se comunicar ficarei muito feliz e faço um esforço para comprar um. Ela é meu Anjo, eu a adotei com 3 aninhos, não andava, mal sentava, hoje está com 8 e já anda, só que não conseguiu desenvolver a fala, ela faz várias terapias. Muitas pessoas me falaram dessa reportagem, e quero muito testar em minha filha, como faço: leda.gerencia@ambienty.com.br
ResponderExcluir