Sou Adriana. Esperando a saída de meu caçula da escola presenciei discussão de pontos de vista diferentes entre ele e o coleguinha. Este dizia “- Sua mãe não tem um braço!”, e meu filho repetia insistentemente –” Tem sim, tem sim! Tem e iai - iai!”, sem um acordo possível. Sorri e decidi não interferir.
“Iai-iai” acabou sendo o apelido de parte de meu ante braço esquerdo, que tem a forma de um cone com pequeno dedo na ponta. Ele mexia nele, a pele se rompia , sangrando, eu gemia. Virou apelido.
Em criança, minha mãe pedia para não tornar evidente a falha do braço. Como?Faço todo o serviço de casa, prego botões, e desenho flores nas unhas da mão direita, com esmalte. Tive vários namorados.
Fui babá desde os dezoito anos (sem registro). Fui passadeira cuidando dos lençóis e travesseiros de um hotel. Depois fui camareira por seis anos. Com registro em carteira fui faxineira em escola, durante seis meses. Depois fui recepcionista em convenio de saúde durante quatro anos.
Mudança do quadro administrativo resultou em dispensa. Fui cobradora de ônibus, mas a falta de paciência das pessoas me fez desistir – era o tempo de fazer troco, não havia cartão.
Hoje trabalho em metalúrgica, no setor de produção. Sempre gostaram muito de meu trabalho. Tenho o 1º grau completo, 41 anos, muita vontade de aprender mais informática. Preciso de curso gratuito, tenho muitos compromissos financeiros. Moro sozinha com meus dois filhos e já existe um lindo netinho.
Sonho com carta de motorista. Ao avaliar uma pessoa com deficiência para uma função faça um teste com bastante tempo, carinhoso. Incluir com o devido cuidado é sadio e benéfico para empregado e empregador. “A vida é realmente simples. Nós é que insistimos em torná-la complicada.” – Confúcio.
Elizabeth Fritzsons da Silva, Psicóloga-Diretora/ UADPD.
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