QUERO QUE VOÇÊ ME CONHEÇA – SEM
PRECONCEITOS!
Minha mãe grávida
teve rubéola, e eu nasci surda. Com o uso do aparelho auditivo acrescento sons
do meio ambiente que me confundem e irritam. Prefiro não usar.
Sou Juliane, de
vinte e seis anos. Filha única, de pais amorosos que no passado não sabiam
Libras, mas hoje sabem o intermediário – eles se comunicam comigo por gestos,
Libras e eu consigo ler seus lábios, e é assim que nos entendemos.
O início da
escolaridade foi muito difícil. Professores não me explicavam nada, eu ficava
na sala de aula “de corpo presente”. Não fazia amigos – como estabelecer alguma
comunicação? Meu pai tinha um conhecido na igreja que frequentávamos. Seu filho
também era surdo, eu tinha seis anos e ele sete, foi meu primeiro amigo na
escola. Se as pessoas soubessem quais são nossas dificuldades, começaria a
existir verdadeira possibilidade de contato.
Cheguei à escola de
surdos, em Campinas, aos quinze anos. Aprender Libras foi libertador- fiz uma
porção de amigos! Uma intérprete desta língua explicou que algumas pessoas não
se aproximavam de mim por preconceito, acrescentando que não valia a pena me
preocupar com estas atitudes. Conceitos abstratos – como “preconceito” são de
difícil entendimento para pessoas surdas.
Passei um ano em
Campinas e depois, com auxílio de uma intérprete de Libras consegui, em escola
regular, terminar o segundo grau, aos vinte e quatro anos. Hoje frequento curso
específico para pessoas com deficiência, quero trabalhar. Sou grata por enxergar
e poder me comunicar em Libras. Tenho o sentimento de estar integrada ao meu
meio social, me sinto feliz.
Um sonho futuro?
Viajar muito, conhecer muitos lugares!
“Viajar é mudar a
roupa da alma. ” – Mario Quintana
Caso real, Elizabeth Fritzsons da Silva, psicóloga,
e-mail:bfritzsons@gmail.com
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