Tenho trinta e três anos, meu nome é Anderson. Hoje estou em uma pista de atletismo, correndo. Dependo de parceiro, orientando os meus passos e respeitando o meu ritmo. A falta de visão não me impede de correr e de nadar, como paratleta de Americana.
Já cuidei de gado, já fui pedreiro, já fui motorista profissional. Aos vinte e um anos tive sério desentendimento com minha seguradora, após roubo de meu carro, fiquei muito tenso e penso que este fato precipitou o aparecimento de fragilidade vascular em meus olhos, que aguardava momento propício para se manifestar (doença de Von Hippel-Lindau, hereditária e mais freqüente nos homens). Minha retina se descolou e em poucos dias a visão se foi. Fiquei recluso dois anos em casa, sem enxergar me sentia inútil no mundo.
Começar a tocar violão me fez voltar à vida. Sete anos depois, forte dor de cabeça indicou tumor vascular, na região do cerebelo, também manifestação da doença. Operei e fiquei ótimo. Sorte contar com parceira, que ficou firme ao meu lado. Sou aposentado há quatro anos, e sempre busquei o esporte como atividade.
Mas por mais boa vontade que o paratleta tenha, ele esbarra em falta de patrocínio. Tenho um grande amigo que me ajuda, quando preciso muito. Paratletas podem levar anos para conseguir apoio financeiro, e os suplementos alimentares e equipamentos específicos de que necessito para competir são caros. Uso computador, com o leitor de tela JAWS.
Acho que poderia me esforçar mais para usar o Braille, tenho o segundo grau. Minha filhinha de cinco anos pega a minha mão e desliza na foto do celular, para que eu “veja”. Gosto de minha vida. Penso que “Existem pessoas com deficiência muito mais eficientes do que muita gente.”
Caso real. Elizabeth Fritzsons da Silva, psicóloga e diretora da Unidade de Atenção aos Direitos da Pessoa com Deficiência.
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Oferecemos arquivo de textos específicos, de documentos, leis, informativos, notícias, cursos de nossa região (Americana), além de publicarmos entrevistas feitas para sensibilizar e divulgar suas ações eficientes em sua realidade. Também disponibilizamos os textos pesquisados para informar/prevenir sobre crescente qualidade de vida. Buscamos evidenciar assim pessoas que podem ser eficientes, mesmo que diferentes ou com algum tipo de mobilidade reduzida e/ou deficiência, procurando informar cada vez mais todos para incluírem todos.
Artigo muito interessante.
ResponderExcluirObrigado! O esporte deveria ser mais divulgado, principalmente aqueles praticados por pessoas com deficiência.Assim como os patrocinadores deveriam apoiar a causa.
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