sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Caso Real: FAÇO TUDO O QUE TODO MUNDO FAZ

Mas podia ser mais fácil.Se as pessoas fossem mais discretas, ao invés de falar com espanto “nossa, voçê é cega?!”.

Fico constrangida , principalmente se estou acompanhada. Surge espanto também quando informo que namoro há cinco anos, pessoa sem deficiência.Não foi meu primeiro namorado, tenho 22 anos.Parece que as pessoas acham que não enxergar faz a pessoa não ser atraente em qualquer sentido, inclusive no sexual.

No balcão de lanchonete, quando acompanhada, sempre perguntam para quem esta ao meu lado o que quero comer!Sempre fui boa aluna, com boas notas. Aprendi a ler antes de entrar na pré-escola, minha família sempre me estimulou muito.

No ensino básico tive quatro grandes amigos, que a cada ano sentaram ao meu lado repetindo tudo o que estava escrito na lousa para eu copiar em caderno comum, conseguia ver as linhas desde que tivessem bom contraste.

Nasci com amaurose congênita, o que me dá visão subnormal de 20%. Apesar de ser boa aluna,no ensino médio, grupo de estudos reclamou com a professora que “a Fernanda sempre sobrava para eles.” Detalhe: a “sobra” fazia a parte dela e não raras vezes a dos outros também, com facilidade.

Recentemente prestei concurso público, para ser professora de escola estadual.Aprovada, escola escolhida, faço curso para ingressantes, antes da admissão .

Tenho insônia quando penso que passarei por perícia médica, e que posso ser considerada inapta por ser deficiente visual.Já dei aulas no Estado como professora temporária, com competência,  meus alunos gostavam de mim.

Eleanor Roosevelt falou que “O futuro pertence àqueles que acreditam na beleza dos seu sonhos.”Eu acredito na beleza dos meus.Vocês poderiam, por favor, acreditar também?

Tenho contas a pagar e projetos de vida.

Caso real. Elizabeth Fritzsons da Silva, psicóloga e diretora da Unidade de atenção aos Direitos da Pessoa com Deficiência.

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