terça-feira, 27 de novembro de 2012

Nota 10 Crianças com deficiência são craques em inventar novas maneiras de brincar


Lamiss faz pose emréplica do cenário de 'Carrossel', no Teleton




BRUNO MOLINERO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Gabriel Fernandes, 10, é fera no videogame, nem lembra quando perdeu um jogo de corrida pela última vez. Lamiss Taghlebi, 7, adora brincar de escolinha. Fernanda de Souza, 5, é a artilheira no futebol do seu quintal.
Além de craques da brincadeira, os três possuem outra coisa em comum: têm deficiência intelectual e física e andam de cadeira de rodas. "Criança sempre dá um jeito de brincar. Não importam as limitações", diz Lina Borges, terapeuta ocupacional da AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente).
Para driblar as deficiências, as atividades são adaptadas. No futebol, por exemplo, a bola é mais pesada para que role mais lentamente, e as crianças jogam sentadas no chão.
Há duas semanas, durante o Teleton (evento do SBT que arrecada dinheiro para a AACD), Ivan Fontenelli, 4, andava pra lá e pra cá com seu skate. Com má formação das pernas e dos braços, é com ele que o menino se locomove. "Brinco de futebol, corrida, tudo. Tenho até duas namoradas", conta baixinho para a mãe não escutar.
No próximo sábado, dia 1º, começa a 3ª Virada Inclusiva, organizada pelo governo de São Paulo em mais de 80 cidades, com lazer e esportes adaptados. Termina em 3/12, Dia Internacional da Pessoa com Deficiência (viradainclusiva.sedpcd.sp.gov.br).

'TIA' DAS BONECAS
Todos os dias, o quarto de Lamiss Taghlebi, 7, transforma-se em sala de aula. Enquanto ela passa a lição, Barbies e ursinhos de pelúcia prestam atenção à professorinha de cadeira de rodas. "Finjo que estou em 'Carrossel' e que sou a professora Helena", conta.

A regra é brincar
Ideias simples podem ajudar crianças na hora da diversão

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Já viu boliche com canaleta para arremessar a bola? E pega-pega no colo de adultos? Essas e outras adaptações ajudam crianças com deficiência na hora de brincar.
"É muito gostoso quando alguém me pega no colo e sai correndo na hora do pega-pega", conta Lamiss Taghlebi, 7. Crianças sem deficiência se adaptam às regras diferentes para brincar junto. A lei é se divertir sempre.
(BM)
BRINCADEIRAS ADAPTADAS
Veja como crianças com deficiência brincam

FUTEBOL
Todos ficam no chão (mesmo quem anda de cadeira de rodas). Vale chutar, para quem consegue, ou jogar a bola com as mãos. Cada gol tem duas crianças, assim, uma pode ajudar a outra na defesa. A bola é mais pesada para correr mais lentamente e facilitar o jogo para quem tem dificuldade de coordenação motora.

BOLICHE
O primeiro passo é cortar um cano de PVC pela metade e revestir a parte de dentro com EVA (aquela borracha que tem em brinquedotecas e academias). Sentada na cadeira de rodas, a criança segura a canaleta no colo para ajudar a jogar e a direcionar a bola.

ELETRÔNICOS
Para brincar com carrinho de controle remoto ou utilizar o mouse do computador, as crianças usam um adaptador. Ele é fixado no brinquedo e funciona como um interruptor de luz. Basta encostar para que o brinquedo ligue ou para clicar o mouse. Muitas crianças não têm coordenação motora para acionar as funções dos brinquedos com botões muito delicados.

PEGA-PEGA
As regras nesses casos são as mesmas da brincadeira original. A diferença é que, em vez de correr atrás dos outros, as crianças são carregadas no colo por adultos. Isso pode ser utilizado também em brincadeiras de roda, como corre-cotia e passa-anel.

CASINHA
Em uma plataforma horizontal (como se fosse uma tábua), coloca-se velcro -aquelas tirinhas que "grudam" uma na outra. A outra parte do velcro é colocada em cada objeto da brincadeira (a casa, a boneca, a panelinha, o fogão, o sofá, etc.). Com isso, os objetos "ficam colados" na tábua e não caem no chão -o que ajuda a criança a encaixar as peças nos devidos lugares.

BRINCAR É NA RUA Emely Gabriely Silva, 10, nasceu duas vezes. Até os três anos, corria e estava aprendendo a andar de bicicleta. Aí veio um caminhão e ela não viu mais nada. Quando acordou, estava sem a perna direita. Foi então que nasceu de novo: ela reaprendeu a andar e hoje se equilibra na bicicleta e até pula corda. "Não gosto de boneca. Prefiro brincar na rua", diz.

ALTA VELOCIDADE Todos os dias, Gabriel Fernandes, 10, espera ansioso para ir à casa da vizinha. Como o garoto não tem videogame, é lá que ele se transforma em piloto, a cadeira de rodas, em carro de corrida e o quarto, em autódromo. Gabriel pisa fundo e garante: é difícil ganhar dele em jogos de velocidade. Antes, os amigos não davam muita bola para Gabriel. Mas ele é um corredor. Rapidinho, conquistou os meninos e agora todos jogam videogame juntos.

Fonte: Jornal Folha de são Paulo, on-line, suplemento folhinha - Dicas

Um comentário:

  1. Isso é muito bom pois isso faz com que as crianças,
    usem a imaginação,e com isso também se movimente e acabe se exercitando melhorando sua coordenação motora e sente mais felizes.

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