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É evidente a dificuldade de heróis, estrelas, “gurus”, esportistas e tantos outros notáveis do nosso passado, em lidar com o ostracismo e o despreparo para encarar o envelhecimento de uma forma positiva. Até porque, para muitos, o sucesso esteve muito baseado, quase que exclusivamente, na beleza física. Em uma entrevista, Alain Delon confessa “que teve uma grande vida, e que aquilo não poderia durar para sempre. Muita gente que amo já morreu. E até tentar rever os velhos filmes virou uma experiência dolorosa.”
Para todos nós, 70+, é no mínimo curioso, ou até mesmo entristecedor, verificar a dificuldade que astros, estrelas e pessoas ilustres da nossa geração, vem apresentando na forma como lidam com o seu envelhecimento.
Como exemplo, cito o caso, veiculado pela mídia, de um dos maiores galãs do cinema, no século XX, Alain Delon. Contemporanêo de Brigitte Bardot, Romy Schneider, Cláudia Cardinale, Jeane Moureau, Jean Gabin, Lino Ventura e Jean Paul Belmondo, entre tantos outros, ele acaba de completar 80 anos e revela-se pessimista e entristecido em relação ao seu futuro.
Em recente entrevista à publicação Paris Match, revelou que perdeu o interesse pelo mundo e que esperava passar o resto da vida cercado pelos netos e por seus animais, para não morrer sozinho.
Reconheceu que costumava ser uma pessoa apaixonada, mas que é exatamente esta paixão que lhe falta nos dias atuais.
Estrela de filmes consagrados como “Rocco e seus irmãos”, “O sol por testemunha”, “O Leopardo” e “O samurai”, entre tantos outros, se considera hoje um homem amargurado.
Diz ele em um momento da entrevista “que teve uma grande vida, e que aquilo não poderia durar para sempre. Muita gente que amo já morreu. E até tentar rever os velhos filmes virou uma experiência dolorosa.”
É evidente que não precisamos sair do Brasil para constatar esta dificuldade de heróis, estrelas, “gurus”, esportistas e tantos outros notáveis do nosso passado, em lidar com o ostracismo e o despreparo para encarar o envelhecimento de uma forma positiva. Até porque, para muitos, o sucesso esteve muito baseado, quase que exclusivamente, na beleza física.
Mas também não devemos esquecer que temos figuras do mundo artístico, dos esportes e universo político, que tem se mantido dignos e interessantes. Ou seja, preservam sua autoestima e obtém o devido reconhecimento, ainda em vida.
Estas histórias, e as reflexões que nos provocam, ganham ainda mais importância numa etapa em que a longevidade ganha repercussão mundial.
Educados num sistema – tanto familiar como formal - que considera em seu processo uma visão para o curto, e no máximo para o médio prazos, é necessária uma urgente revisão de todo este processo.
O preparo para a vida exige um olhar mais distante. É da maior importância que sejamos estimulados a nos apropriarmos da nossa história e destino, e digo isto, nas diferentes etapas da vida, incluindo a meia-idade. O mesmo deve contemplar um projeto de vida que leve em conta a qualidade, e uma permanente busca de sentidos para a mesma.
Embora boa parte desta responsabilidade seja dos próprios indivíduos, se torna prioritário também que os vários sistemas que compõe a estrutura da nossa sociedade – corporações, instituições de ensino, políticas públicas, meios de comunicação, etc. – revejam seu papel e compromissos.
Aos indivíduos fica registrada uma provocação final: Desenvolva a arte de se reinventar, permanentemente, ao longo de toda sua vida.
E isto não pode ser delegado. É sua responsabilidade.
(*)Renato Bernhoeft é presidente da Höft Consultoria. Parceiro da Angatu IDH em Programas de Pós Carreira. Autor de várias publicações nas temáticas: trabalhar e desfrutar: equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Colaborador do Portal do Envelhecimento. Email: contato@angatuidh.com. br
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