domingo, 6 de março de 2016

MENOS INFORMAÇÃO PODE RESULTAR EM MAIORES DEFICIÊNCIAS

  Sou Daiane, tenho 26 anos, nasci deficiente visual. Meu olho direito é todo branco, sou monocular. Minha mãe teve catapora em minha gestação.
   Meus avós assumiram minha criação. Da roça, aonde plantavam cana e colhiam laranja, mudaram para a cidade. O avô trabalha como jardineiro e a avó como empregada doméstica. Precisava de óculos, desde pequena.  Aos dez anos parei de usar – era muito caro comprar sempre novos óculos, fazer mais consultas. Resolvia meu problema comprando estes óculos que se vende em algumas farmácias. Fiquei dos 10 aos 25 anos sem consulta oftalmológica.
   Quando tinha 20 anos trabalhava em confecção – lembro da[U1] [U2] [U3]  intensa irritação que sentia em meus olhos quando precisava movimentar o tecido.
  Aos 25 anos senti muita dor de cabeça. Minha avó me levou para uma instituição que atende deficientes visuais, examinada por especialista, submetida à perícia. Concluíram que precisava de óculos para preservar os 70% de visão que eu ainda tinha no olho sadio. Fui encaminhada pela assistente social para curso de auxiliar administrativo na escola SENAI, programado para pessoas com deficiência. Gostei e aprendi muito, conheci uma realidade (a dos limites que enfrentam) que não sabia existir.
   Fiz ensino médio completo, e não está fácil encontrar um novo trabalho. Perdi o emprego na confecção também porque precisei me dedicar a um problema recorrente de saúde, que terminou diagnosticado e resolvido como tumor benigno, em minha espinha. Agora é a fase de enviar currículos e rezar para ter sorte. Tenho muita fé em Deus e em Jesus.
 A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la.
Caso real, Elizabeth Fritzsons da Silva, psicóloga, e-mail: bfritzsons@gmail.com


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