MENOS
INFORMAÇÃO PODE RESULTAR EM MAIORES DEFICIÊNCIAS
Sou Daiane, tenho 26
anos, nasci deficiente visual. Meu olho direito é todo branco, sou monocular. Minha
mãe teve catapora em minha gestação.
Meus avós assumiram
minha criação. Da roça, aonde plantavam cana e colhiam laranja, mudaram para a
cidade. O avô trabalha como jardineiro e a avó como empregada doméstica. Precisava
de óculos, desde pequena. Aos dez anos
parei de usar – era muito caro comprar sempre novos óculos, fazer mais
consultas. Resolvia meu problema comprando estes óculos que se vende em algumas
farmácias. Fiquei dos 10 aos 25 anos sem consulta oftalmológica.
Quando tinha 20 anos
trabalhava em confecção – lembro da[U1] [U2] [U3] intensa irritação que sentia em meus
olhos quando precisava movimentar o tecido.
Aos 25 anos senti
muita dor de cabeça. Minha avó me levou para uma instituição que atende
deficientes visuais, examinada por especialista, submetida à perícia. Concluíram
que precisava de óculos para preservar os 70% de visão que eu ainda tinha no
olho sadio. Fui encaminhada pela assistente social para curso de auxiliar
administrativo na escola SENAI, programado para pessoas com deficiência. Gostei
e aprendi muito, conheci uma realidade (a dos limites que enfrentam) que não
sabia existir.
Fiz ensino médio
completo, e não está fácil encontrar um novo trabalho. Perdi o emprego na
confecção também porque precisei me dedicar a um problema recorrente de saúde,
que terminou diagnosticado e resolvido como tumor benigno, em minha espinha.
Agora é a fase de enviar currículos e rezar para ter sorte. Tenho muita fé em
Deus e em Jesus.
A primavera chegará, mesmo que ninguém
mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para
recebê-la.
Caso
real, Elizabeth Fritzsons da Silva, psicóloga, e-mail: bfritzsons@gmail.com
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