Uma avaliação recente feita pela organização Proteste Associação de Consumidores constatou que algumas empresas ainda tentam seduzir seus clientes com falsos apelos ecológicos. Foram detectados 12 produtos suspeitos de utilizar ações de marketing que enganam consumidores quanto às práticas ambientais da companhia ou quanto aos seus benefícios ambientais.
A reportagem foi publicada por EcoD, 13-03-2016.
Foram pedidas providências ao Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) por propaganda enganosa, para que obrigue as empresas a alterarem as informações das embalagens dos produtos.
Ainda não foi marcada a data de julgamento dos casos, porém o Conar instaurou processo ético em seis dos casos, envolvendo: Fósforo Fiat Lux, Ypê Lava-louças, Bombril Eco, Sacos de lixo Embalixo, Fósforo Paraná eGuardanapos de papel Carrefour. Veja as principais irregularidades encontradas nestes produtos:
- Fósforo Fiat Lux: A embalagem informa ser "madeira 100% reflorestada", mas não tem o selo de certificadora ambiental como o FSC ou Cerflor.
- Ypê Lava-louças: rotulagem destaca conter tensoativo biodegradável, como se fosse um diferencial do ponto de vista ambiental. Ao comparar o produto com equivalentes de outras marcas, como a Limpol e a BioBrilho, foi observado que ambas possuem o mesmo ativo em sua composição, mas declaram isso sem chamar atenção;
- Bombril Eco: se diz produto “100% ecológico”, porém, deveria ter removido este termo de sua embalagem, segundo decisão do Conar ainda em 2013, após denúncia da Proteste. O produto é degradável e, além disso, há outros impactos ambientais gerados durante a produção. Também há outras esponjas com a mesma composição sem que se anunciem como "ecológicas".
- Sacos de lixo Embalixo: declaram ser feitos de material reciclado, mas não informam a porcentagem relativa à quantidade de material reciclado na composição;
- Guardanapos de papel Carrefour: informa ser 100% de fibras naturais, o que já é comum a este tipo de produto e não cabe ser usado como diferencial para a escolha do consumidor. Ainda assim as fibras, apesar de naturais, não representam nenhum tipo de benefício ao meio ambiente.
- Fósforo Paraná: Utiliza o termo "Ecológico" em destaque e declara como diferencial não ter enxofre em sua composição, quando outros fósforos no mercado também não têm (ex: Fósforos Fiat Lux). Além disso, alega utilizar madeira reflorestada sem apresentar selo de certificadora ambiental, como o FSC ou Cerflor.
Como funciona o Greenwashing
No Greenwashing, a principal forma de convencer o consumidor é chamando a atenção para informações irrelevantes. São artifícios que se aproveitam do aumento da demanda por produtos ligados à sustentabilidade do planeta, em decorrência do agravamento dos problemas ambientais.
Confira mais irregularidades encontradas em outros produtos:
- Limpa carpetes e tapetes Bombril (linha Ecobril): utiliza um símbolo referente a um sistema de gerenciamento ambiental em sua embalagem, o que é indevido pois pode induzir o consumidor a erro.
- Saco de lixo Carrefour: declara ser composto por material reciclado, mas não informa a porcentagem relativa à reciclagem na composição.
- Borracha Maped: informa ser livre de PVC, como se fosse um diferencial, quando na realidade, produto equivalente da Faber-Castell tem a mesma composição e diferente da Maped, não chama a atenção para este fato.
- Papel Higiênico Cotton: informa na embalagem utilizar celulose de reflorestamento sem apresentar nenhum selo de certificadora reconhecida. Diferente da marca Neve, que em sua embalagem faz a mesma declaração, mas apresenta o selo e o número de seu correspondente certificado do FSC.
- Papel higiênico Personal: apresenta um símbolo com o termo "Ajuda a preservar o meio ambiente" sem fornecer nenhuma outra informação que justifique este fato. Diferente do produto da marca Neve, que especifica no rótulo alguns dos processos de produção do papel e como faz para de fato preservar a natureza.
- Sabão glicerinado BioBrilho: na embalagem informa que “preserva o planeta", sem mais informações. De acordo com as normas, as auto-declarações ambientais devem ser acompanhadas de explicações.
Os casos estão sendo analisados pelo Conar. Contactada pela reportagem do programa Cidades e Soluções, daGlobo News, a maioria dos fabricantes citados reconheceu que precisa realizar ajustes em suas embalagens, sobretudo ao que se refere a oferecer informações mais fidedignas e detalhadas aos consumidores.
Segundo pesquisa da consultoria DOM Strategy Partners, que ouviu executivos de 223 companhias de grande porte no país, 61% das empresas comunicam seus planos para o tema de forma ineficiente ou oportunista, o que faz com que os funcionários não abracem a ideia e o público perca a credibilidade.
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