sábado, 10 de outubro de 2015

Relatório Mundial de Envelhecimento e Saúde

Escrito por  Margaret Chan(*)
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relatorio-mundial-de-envelhecimento-e-saude-foto-destaquelateralA Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou o Relatório Mundial de Envelhecimento recentemente. O documento apresenta alguns conceitos e novas formas para um envelhecimento saudável. Recomenda mudanças profundas na maneira de formular políticas em saúde e prestar serviços de saúde às populações que estão envelhecendo. Também baseia suas recomendações na análise das mais recentes evidências a respeito do processo de envelhecimento e observa muitas percepções e suposições comuns baseadas em estereótipos ultrapassados.
Em uma época de desafios imprevisíveis para a saúde, sejam devidos à mudanças climáticas, às doenças infecciosas emergentes ou a próxima bactéria a desenvolver resistência aos medicamentos, uma tendência é certa: o envelhecimento das populações está se acelerando rapidamente em todo o mundo. Pela primeira vez na história, a maioria das pessoas pode esperar viver além dos 60 anos. As consequências disso para a saúde, para os sistemas de saúde, seus orçamentos e para os trabalhadores de saúde serão profundas. 
O Relatório Mundial sobre Envelhecimento e Saúde responde a esses desafios ao recomendar mudanças igualmente profundas na maneira de formular políticas em saúde e prestar serviços de saúde às popu- lações que estão envelhecendo. O relatório baseia suas recomendações na análise das mais recentes evidências a respeito do processo de envelhecimento, e observa que muitas percepções e suposições comuns sobre as pessoas mais velhas são baseadas em estereótipos ultrapassados. 
Como mostra a evidência, a perda das habilidades comumente associada ao envelhecimento na verdade está apenas vagamente relacionada com a idade cronológica das pessoas. Não existe um idoso “típico”. A diversidade das capacidades e necessidades de saúde dos adultos maiores não é aleatória, e sim advinda de eventos que ocorrem ao longo de todo o curso da vida e frequentemente são modificáveis, ressaltando a importância do enfoque de ciclo de vida para se entender o processo de envelhecimento. Embora a maior parte dos adultos maiores apresente múltiplos problemas de saúde com o passar do tempo, a idade avançada não implica em dependência. Além disso, ao contrário do que se pensa, o envelhecimento tem muito menos influência nos gastos com atenção à saúde do que outros fatores, inclusive os altos custos das novas tecnologias médicas. 
Guiado por estas evidências, o relatório busca avançar o debate sobre a resposta de saúde pública mais apropriada ao envelhecimento das populações em direção a um território novo e muito mais amplo. A mensagem principal é otimista: na vigência das políticas e serviços apropriados, o envelhecimento da população pode ser considerado uma preciosa oportunidade tanto para os indivíduos como para as sociedades. O marco conceptual resultante apresentado no relatório tem como objetivo guiar a implantação de medidas concretas de saúde pública e pode ser adaptado para uso em países em todos os graus de desenvolvimento econômico. 
Ao formular este marco conceptual, o relatório realça que o envelhecimento saudável é mais que apenas a ausência de doença. Para a maioria dos adultos maiores, a manutenção da habilidade funcional é mais importante. Os maiores custos à sociedade não são os gastos realizados para promover esta habilidade funcional, mas sim os benefícios que poderiam ser perdidos se não implementarmos as adaptações e investimentos necessários. O enfoque social recomendado para abordar o envelhecimento da população, que inclui a meta de construir um mundo favorável aos adultos maiores, requer uma transformação dos sistemas de saúde que substitua os modelos curativos baseados na doença pela prestação de atenção integrada e centrada nas necessidades dos adultos maiores. 
relatorio-mundial-de-envelhecimento-e-saude-foto1As recomendações do relatório são substanciadas pela evidência, abrangentes e orientadas para o futuro, mas sumamente práticas. Do princípio ao fim, o relatório usa exemplos de experiências de diferentes países para ilustrar como problemas específicos podem ser abordados através de soluções inovadoras. Os temas explorados variam desde estratégias para prestar atenção integral e centrada nas pessoas, às populações mais velhas, às políticas que permitam que os adultos maiores vivam com conforto e segurança e às maneiras de corrigir os problemas e injustiças inerentes aos sistemas atuais de atenção a longo prazo. 
Na minha opinião, o Relatório Mundial sobre Envelhecimento e Saúde tem potencial para transformar a maneira como os formuladores de políticas e prestadores de serviço veem o envelhecimento da população - e ajudá-los a programar-se para aproveitar este fenômeno ao máximo. 
Leia o relatório na íntegra:
Em espanhol: Aqui 
Em inglês: Aqui
http://www.portaldoenvelhecimento.com/publicacoes0/item/3809-relatorio-mundial-de-envelhecimento-e-saude
(*)Dra. Margaret Chan é Diretora-geral da Organização Mundial da Saúde

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