sábado, 17 de outubro de 2015

ACEITO A SURDEZ. DEUS PRESERVOU A VIDA.

   Eu tinha quatro anos, quando minha mãe na entrada da minha escolinha pegou no colo uma criança que estava no início de uma meningite viral. Soubemos disto só depois de minha sobrevivência. Desenvolvi a doença, que tardou a ser diagnosticada e devidamente medicada. Tinha rigidez da nuca, perdi a condição de fala e da audição, fiquei internada no hospital muito tempo, chegando a ser desenganada pelos médicos que me atendiam, não reconhecendo mais minha mãe, não abrindo mais os olhos, só dormindo.
   Meus pais contam que em desespero passaram um dia ajoelhados ao meu lado, pedindo a Deus pela minha vida. Acordei me lembrando de minha mãe. Não sabia mais andar, e quase não tinha mais voz.
   Com a sequela de surdez, fui encaminhada para aprender Libras e oralizar com fonoaudióloga. Precisei fazer exercícios para reaprender a andar e a comer.
   Frequentei escolas regulares, com dificuldades de inclusão e escola para surdos, concluí o ensino médio com ajuda especializada, no CEEJA. Faltam Intérpretes de Libras em todos os lugares públicos, falta preparo para os professores entenderem uma criança deficiente auditiva e orientarem os demais alunos para comportamento respeitoso e colaborador.
   Para um deficiente auditivo a solução neste país é batalhar muito. Em algum momento um coração vai escutar você. E abrir uma porta.
   Trabalhei em firma inclusiva, faço meu segundo curso do SENAI para pessoas com deficiência (Almoxarifado). Quero muito um emprego. Sou Samella, tenho 26 anos, namoro (há quatro anos e dois meses), considero minha vida social plena, sou feliz!
   Sobrou a vida inteirinha, não sobrou?

“Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho. ” – Mahatma Ghandi.

Caso real, Elizabeth Fritzsons da Silva, psicóloga, e-mail:bfritzsons@gmail.com

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