ACEITO A
SURDEZ. DEUS PRESERVOU A VIDA.
Eu tinha quatro anos,
quando minha mãe na entrada da minha escolinha pegou no colo uma criança que
estava no início de uma meningite viral. Soubemos disto só depois de minha sobrevivência.
Desenvolvi a doença, que tardou a ser diagnosticada e devidamente medicada.
Tinha rigidez da nuca, perdi a condição de fala e da audição, fiquei internada
no hospital muito tempo, chegando a ser desenganada pelos médicos que me
atendiam, não reconhecendo mais minha mãe, não abrindo mais os olhos, só
dormindo.
Meus pais contam que
em desespero passaram um dia ajoelhados ao meu lado, pedindo a Deus pela minha
vida. Acordei me lembrando de minha mãe. Não sabia mais andar, e quase não
tinha mais voz.
Com a sequela de
surdez, fui encaminhada para aprender Libras e oralizar com fonoaudióloga.
Precisei fazer exercícios para reaprender a andar e a comer.
Frequentei escolas
regulares, com dificuldades de inclusão e escola para surdos, concluí o ensino
médio com ajuda especializada, no CEEJA. Faltam Intérpretes de Libras em todos
os lugares públicos, falta preparo para os professores entenderem uma criança deficiente
auditiva e orientarem os demais alunos para comportamento respeitoso e
colaborador.
Para um deficiente
auditivo a solução neste país é batalhar muito. Em algum momento um coração vai
escutar você. E abrir uma porta.
Trabalhei em firma
inclusiva, faço meu segundo curso do SENAI para pessoas com deficiência (Almoxarifado).
Quero muito um emprego. Sou Samella, tenho 26 anos, namoro (há quatro anos e
dois meses), considero minha vida social plena, sou feliz!
Sobrou a vida
inteirinha, não sobrou?
“Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o
caminho. ” – Mahatma Ghandi.
Caso real, Elizabeth Fritzsons da Silva, psicóloga,
e-mail:bfritzsons@gmail.com
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