quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

A VIDA COMO ORAÇÃO

Maria de Lourdes Guarda já com 25 anos de paralisia, precisando ficar deitada em espécie de forma de gesso, assumiu em 1980 a Coordenadoria Nacional da Fraternidade Cristã de Doentes e Deficientes (www.fraterbrasil.org.br), formando grupos de pessoas com deficiência ou com doenças sérias. Exerceu a função até 1992. A proposta de trabalho da FCD apresentava coerência com os valores de vida de Maria de Lourdes, buscando devolver em seus contatos com estas pessoas “o gosto e a alegria pela vida”, mudando a visão de vítimas das circunstâncias para a de responsabilidade de construção de uma nova postura, de uma nova existência, fortalecendo e ampliando laços pessoais e comunitários. Vida diferente, mas ainda assim, vida! O trabalho incluía necessariamente muitas viagens, para todas as sedes. As regiões do Brasil abrangiam então Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, com 250 núcleos em atividade e 20 em formação. O transporte por avião era possível graças a doações de empresa muito amiga (cada locomoção incluía necessariamente também um acompanhante, um médico e enfermeira). Maria de Lourdes nasceu na cidade de Salto e aos dezoito anos já lecionava professora. Nesta época começaram as dores na coluna, intensas, que acabaram impedindo a realização de seu desejo de seguir vida religiosa, como sua irmâ. Operada em 1947, continuou com dores. Nova cirurgia a deixou paraplégica. Durante cinco anos fez mais seis tentativas cirúrgicas sem sucesso, acabando por amputar a perna direita abaixo de seu joelho, ficando sem condições de permanecer sentada. Morava no hospital, em sua “cama” de gesso, fazendo tricô e crochê sob encomenda durante muitos anos, para poder pagar por suas diárias na enfermaria. Seu quarto era visitado constantemente por amigos e pessoas que desejavam seus conselhos para problemas pessoais e familiares. Maria de Lourdes achava que sua vida era “fazer a vontade de Deus” e “boa demais”. Pessoas que a conheceram ressaltam sua paz de espírito e alegria de viver, o rosto sadio, corado, com olhos de um azul brilhante. Nela, a necessidade de ser pessoa civilizante, a serviço da Humanidade, era valor maior que o próprio limite de sua existência. Faleceu em 1996. Existe movimento da diocese de Jundiaí para seu processo de canonização, reconhecendo sua trajetória de luta, dedicação e caridade, em processo que solicita ao Papa o título de “venerável”. Para ser declarada “beata” e depois “santa” será necessária a comprovação de um ou mais milagres de sua autoria. Sua frase mais constante foi: “Nenhuma limitação atrapalha a vida!”Sábio pensamento, Maria de Lourdes .


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