Pais recorrem ao Judiciário para validar parecer médico
FÁBIO TAKAHASHI
Aos oito anos, Bernardo já passou por oito escolas privadas de São Paulo. No começo, a dificuldade era encontrar uma que segurasse o seu interesse. Para ele, as atividades eram chatas. Ao mesmo tempo em que se preocupava com as dificuldades escolares, a família percebeu que o garoto tinha vocabulário refinado demais para a idade. Especialistas perceberam que ele é superdotado e que deveria pular duas séries para manter a motivação do aluno na sala de aula. A dificuldade, então, foi encontrar uma escola que aceitasse este parecer especializado, que contraria a política da Secretaria Estadual da Educação, agente reguladora da rede privada.
Alunos recebem reforço extracurricular para suprir sede de conhecimento
A política educacional da pasta é manter os superdotados nas séries correspondentes à idade, mas oferecendo reforço extracurricular para complementar a necessidade de absorção de conhecimento dos alunos especiais. Para garantir a aceleração dos superdotados, famílias como a de Bernardo têm recorrido à Justiça. A reportagem identificou quatro pedidos judiciais recentes na capital deste tipo. Em três deles, incluindo o de Bernardo, os alunos vão começar 2012 nas séries adiantadas. Mas a situação deles é provisória, pois as decisões são liminares e podem ser revertidas a qualquer momento.
“Para a escola não havia nenhum problema, nós estávamos contentes, mas a supervisora de ensino da secretaria da escola veio com tudo para que ele voltasse de série”, contou Ana Paula Amaral do Carmo, mãe de Bernardo, que encerrou 2011 no quinto ano do colégio Marco Polo (Zona Sul). “O processo foi traumático. O Bernardo já estava adaptado. Ele pediu que, caso tivesse de voltar, que mudasse novamente de escola. Senão, os amigos iam tirar sarro”, contou Ana Paula. Sua filha Júlia também foi considerada superdotada e avançou de série por meio de decisão judicial liminar.
A legislação educacional oferece duas possibilidades para alunos superdotados: aceleração de série ou manutenção na série aliada a reforços extracurriculares. Os pedagogos que defendem a primeira opção dizem que o reforço é insuficiente, e o período regular de aulas se torna enfadonho.
Os que defendem a segunda afirmam que o avanço de série pode trazer problema de relacionamento à criança, e a avidez por conhecimento é suprida com o reforço. “A aceleração de série não é para qualquer criança”, diz a gestora de projetos da associação, Gabriela Toscanini. “Ela precisa ter altas habilidades em todas as matérias. E preparo psicológico para conviver com mais velhas.”
Os que defendem a segunda afirmam que o avanço de série pode trazer problema de relacionamento à criança, e a avidez por conhecimento é suprida com o reforço. “A aceleração de série não é para qualquer criança”, diz a gestora de projetos da associação, Gabriela Toscanini. “Ela precisa ter altas habilidades em todas as matérias. E preparo psicológico para conviver com mais velhas.”
Fonte: Folhapress, 28/01/2012
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