Cristiane aos doze anos teve retinose pigmentar, doença ocular degenerativa que comprometeu 65% de sua visão até seus dezesseis anos, e que hoje, aos 29 anos deixou somente 1,5% de acuidade visual. Ela quer e precisa trabalhar. Está em processo de reabilitação profissional do INSS, responsável por indicar à firma em que Cristiane trabalhava qual a melhor possível função a ser ocupada para conseguir ser produtiva (o que é um grande desejo seu) na situação atual.
Ficou “afastada”, com vencimentos menores do que seu salário original durante mais tempo do que seria confortável, fazendo cursos de Informática e Telemarketing, e quando o retorno aconteceu havia a dificuldade de providenciar um computador para a telefonista que não poderia consultar uma lista de endereços em papel. Uma pessoa sem visão pode ser excelente telefonista se dispuser de um softer capaz de ler com voz sintética a lista de endereços que está impresso na tela do computador, que precisa também ser de uma versão (idade do equipamento) capaz desta leitura.
A pessoa com deficiência visual precisa ter sua cópia pessoal do softer leitor de tela para instalar no computador. O softer servirá àquele computador, não é “portátil” para o computador doméstico. O custo deste softer é alto (cerca de mil e oitocentos reais), de difícil acesso para quem já tem uma vida com menos oportunidades de evolução profissional e salários melhores. Um banco internacional, que possui filial brasileira, disponibiliza gratuitamente este softer, desde que a pessoa com deficiência solicite o mesmo a qualquer gerente, de qualquer agência, no país (vide blog acima). Foi assim que Cristiane pode voltar a se sentir útil e produtiva, com computador compatível à tarefa. Nos últimos seis anos esta ação distribuiu 3.300 softwares no país.
Para a superintendente executiva de Desenvolvimento Sustentável deste banco, é “importante que as pessoas divulguem a distribuição do Virtual Vision para amigos e familiares com deficiência visual, ou indiquem uma instituição que trabalhe com este público. Crianças e adolescentes também podem utilizar o programa”. Divulguemos então, todos nós! É disponível para clientes e não-clientes.
O fabricante do softer informa que foi desenvolvido em 1997, com modelos de processamento de linguagem natural, capaz de leitura, de usar Windows, de reconhecer o Word, e Excel, Internet Explorer, Outlook, MSN, Skype e outros. Exige treino específico para uso, assim como nós (videntes) precisamos. Cristiane luta. “O verdadeiro ato de descoberta consiste não em encontrar novas terras, mas em ver com novos olhos. ’ – Marcel Proust.
Caso/nome reais.Elizabeth Fritzsons da Silva, psicóloga e diretora da Unidade de Atenção aos Direitos da Pessoa com Deficiência. Colaboradora do LIBERAL.
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