sábado, 7 de março de 2015

Depoimento : o delicado caminho que familiares e cuidadores precisam trilhar junto de seus idosos

PESSOA IDOSA: PRIVACIDADE RIMA COM LIBERDADE

   Sou Vera, de 51 anos enfermeira já faz uns trinta anos.  Separada, tenho três filhos adultos e um adolescente. Sou cuidadora no período da noite. Também sou instrumentadora cirúrgica, e trabalhei bastante em hospitais (psiquiátrico por cinco anos). Fiz vários cursos técnicos, mas ainda quero fazer a faculdade de enfermagem.
   Cuido de senhora de 75 anos no período noturno. Ela perdeu seu esposo de forma súbita, há cerca de um ano e meio. Ele era ativo em seu trabalho, passando o dia em uma fazenda e voltando à noite para um apartamento. Ela sempre o acompanhava, tendo um dia cheio de atividades.Com seu falecimento, passou a ficar só no apartamento e teve acidente vascular no ano passado, não enxergando mais com muita clareza, trata-se de doença em progressão. Tem filhos adultos, netos preocupados em não deixa-la sozinha. Mora assim por opção, e também por ter condições.
   Toma vários medicamentos, usa aparelho que tem comunicação com central de ajuda,
      Muito lúcida, procura manejar os horários de seus cuidadores para que “sobre” um tempo em que possa ficar sozinha. Brinco com ela dizendo que luta por sua liberdade, e ela responde dando risadas. É sistemática, até hoje quer fazer a higiene e organizar a ordem da casa, quando poderia não fazer mais. Seu corpo se ressente do esforço e vamos adaptando as tarefas para que possa continuar com seu prazer sem se machucar.
   Supervisionamos seu banho, eventualmente se levanta sozinha à noite.
   É tempo de respeitar seu desejo justo de autonomia, sem falhar nos cuidados, em tarefa que exige observação e ajustes incessantes.
 
“Não me deixe viver o que posso, que me seja permitido desaprender os limites...” – Fabricio Carpinejar
Caso real, Elizabeth Fritzsons da Silva, psicóloga, e-mail:bfritzsons@gmail.com


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