PESSOA
IDOSA: PRIVACIDADE RIMA COM LIBERDADE
Sou Vera, de 51 anos
enfermeira já faz uns trinta anos. Separada,
tenho três filhos adultos e um adolescente. Sou cuidadora no período da noite.
Também sou instrumentadora cirúrgica, e trabalhei bastante em hospitais
(psiquiátrico por cinco anos). Fiz vários cursos técnicos, mas ainda quero
fazer a faculdade de enfermagem.
Cuido de senhora de
75 anos no período noturno. Ela perdeu seu esposo de forma súbita, há cerca de um
ano e meio. Ele era ativo em seu trabalho, passando o dia em uma fazenda e
voltando à noite para um apartamento. Ela sempre o acompanhava, tendo um dia
cheio de atividades.Com seu falecimento, passou a ficar só no apartamento e
teve acidente vascular no ano passado, não enxergando mais com muita clareza,
trata-se de doença em progressão. Tem filhos adultos, netos preocupados em não
deixa-la sozinha. Mora assim por opção, e também por ter condições.
Toma vários
medicamentos, usa aparelho que tem comunicação com central de ajuda,
Muito lúcida,
procura manejar os horários de seus cuidadores para que “sobre” um tempo em que
possa ficar sozinha. Brinco com ela dizendo que luta por sua liberdade, e ela
responde dando risadas. É sistemática, até hoje quer fazer a higiene e
organizar a ordem da casa, quando poderia não fazer mais. Seu corpo se ressente
do esforço e vamos adaptando as tarefas para que possa continuar com seu prazer
sem se machucar.
Supervisionamos seu
banho, eventualmente se levanta sozinha à noite.
É tempo de respeitar
seu desejo justo de autonomia, sem falhar nos cuidados, em tarefa que exige
observação e ajustes incessantes.
“Não me deixe viver o que posso, que me seja permitido
desaprender os limites...” – Fabricio Carpinejar
Caso real, Elizabeth Fritzsons da Silva, psicóloga,
e-mail:bfritzsons@gmail.com
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