A revolução dos sessentõeshttp://zh.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/vida/melhor-idade/noticia/2015/02/os-60-sao-os-novos-40-4708754.html
"Os 60 são os novos 40"
Ainda que o IBGE e a Organização Mundial da Saúde considerem idoso quem tem 60 anos ou mais, quem chegou nessa fase não se encara como parte da terceira idade
28/02/2015 | 16h03
Foto: Mateus Bruxel, Júlio Cordeiro, Caco Konzen (Especial) e Mateus Bruxel / Agência RBS
A cada ano, cerca de 650 mil brasileiros chegam aos 60 anos. Para a Organização Mundial da Saúde, é aí que começa a terceira idade, quando, oficialmente, eles podem ser chamados de idosos. Na prática, a palavra gera desconforto.
Conhecidos como baby boomers (nascidos entre 1945 e 1960), os sessentões de hoje estão longe da ideia de aposentados que encaram a fase como o fim das atividades úteis. Alguns se preparam para encerrar o ciclo do trabalho formal, mas descansar não é um plano viável: para eles, chegar aos 60 significa abandonar a idade cronológica e aproveitar o momento para realizar sonhos que tinham ficado para trás. É chegada a hora de conquistar a vida que queriam ter. E o que define a vida dos sessentões são liberdade e autonomia: 65% das mulheres nessa faixa etária vivem sozinhas – eles são apenas 31% –, e 71% dos idosos brasileiros têm independência financeira.
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– Há alguns anos, pensar na velhice era algo que acontecia só dentro das famílias, era algo privado. Hoje, há uma atenção cada vez maior para a qualidade do envelhecimento. Finalmente, o idoso é considerado um ator político, um importante consumidor com espaço maior na sociedade – afirma Guita Grin Debert, professora de antropologia na Universidade Estadual de Campinas.
Hoje, há 23 milhões de pessoas com mais de 60 anos no Brasil. Esse número é 50% maior do que na década passada. Proporcionalmente, as regiões Sul e Sudeste concentram a maior parte dessa população. De acordo com o último Censo, das 20 cidades com maior proporção de pessoas com mais de 60 anos, 18 são gaúchas.
– Os 60 são os novos 40. A OMS encara esse grupo como idosos e isso tem suas vantagens e desvantagens. É bom porque garante direitos a um público que não era muito assistido. Ao mesmo tempo, é ruim porque eles enfrentam preconceito. São vistos como velhos, mas estão mais preocupados com a saúde, mudaram o estilo de vida porque querem viver mais e ainda têm pique para continuar trabalhando – explica Newton Terra, diretor do Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUCRS.
Segundo o IBGE, 27% dos idosos brasileiros continuam trabalhando _ e isso inclui os setentões e os longevos (pessoas com mais de 80 anos). A "cronologização" da vida mudou. Para Guita, a idade é um sistema que padroniza a hora de iniciar a escola e de se aposentar, por exemplo, mas que hoje exige flexibilização.
– Estou com 63 anos e me preparando para a aposentadoria. Não é o fim da vida útil, apenas quero ter mais tempo, depois de tantos anos de produção intensa, para aproveitar outras experiências. Antigamente, a idade tinha conotação de perda, de declínio. Hoje, são os ganhos que têm destaque na vida das pessoas mais velhas – comenta a antropóloga.
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