terça-feira, 24 de março de 2015

QUI, 19 DE MARÇO DE 2015 02:08      ACESSOS: 477
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Foto: BBC
Muitas vezes a gente pensa que não há saída. A mulher da foto acima também achou.
Ela chegou ao fundo do poço, pela tristeza causada com a crueldade que sofreu nesses tempos de internet, quando foi zombada, humilhada e chamada de "a mulher mais feia do mundo" por milhões de pessoas.
Mas ela deu a volta por cima e hoje tem muito mais audiência a bandeira anti-bullying que defende, do que os comentários  ácidos que fizeram contra ela.

A história
Navegando na internet, a americana Lizzie Velasquez encontrou um vídeo que se chamava "A mulher mais feia do mundo" e clicou. Não esperava que o vídeo fosse sobre ela.
O vídeo, de oito segundos, já havia sido assistido 4 milhões de vezes.
Imagine como ela se sentiu... e essa história aconteceu quando ela tinha 17 anos, na adolescência.

Agora, nove anos depois, Velasquez é uma ativista anti-bullying e protagoniza um documentário que estreou nos Estados Unidos no último sábado.

Comentários horríveis
"Fiquei chocada" com o vídeo, conta Velasquez. "Mas foi quando comecei a ler os comentários que meu estômago realmente virou."

"Por que os pais ficaram com ela?!" dizia um dos internautas; "Matem isso com fogo", disse outro. E assim por diante.

Alguns disseram que ela deveria se matar, e um deles disse que as pessoas ficariam cegas se a vissem nas ruas. Velasquez não resistiu e leu todos os comentários - eram milhares.

"Eu chorei por muitas noites - era adolescente, pensei que a minha vida tinha acabado", diz ela.

"Eu não conseguia falar com ninguém sobre isso, não contei a nenhum dos meus amigos. Estava tão chocada com o fato de que isso tinha acontecido."

Desde pequena
Velasquez já estava acostumada a sofrer bullying diariamente devido a sua aparência.
Ela lembra que, quando entrou no jardim de infância, as crianças costumavam a se afastar dela, com medo.

Nascida com duas condições raras - síndrome de Marfan e lipodistrofia - ela é incapaz de ganhar peso, não importa o quanto coma.

Agora com 26 anos, ela mede 1,57 e pesa 27 quilos. É totalmente cega no olho direito e enxerga pouco com o esquerdo, e cresceu entrando e saindo de hospitais.

Com uma série de problemas de saúde, fez cirurgia no olho, na orelha, reconstrução completa do pé, testes de densidade óssea e uma série de exames de sangue, enquanto médicos tentavam decifrar o que ela tinha.

"Quando eu era adolescente, olhava no espelho e queria me livrar da minha síndrome", diz ela. "Eu odiava, porque causava muita dor na minha vida. Ser uma garota de 13 anos que é constantemente atormentada é insuportável."

A virada
Velasquez decidiu que ela poderia tentar mudar.

Ela lançou seu próprio canal de YouTube para que as pessoas saibam quem a pessoa por trás do vídeo "Mulher mais feia do mundo" realmente era, e para ensinar aos outras pessoas que sofriam bullying que elas também poderiam ter mais confiança.

Atualmente tem cerca de 240 mil assinantes de seu canal e uma palestra que deu no TED, em 2013, chamado "Como você se define?" tem mais de sete milhões de visualizações no YouTube.

Ela diz que a comunidade que se formou em torno de sua presença on-line tem sido incrível, e vítimas de bullying postam comentários dizendo que ela faz com que se sintam capazes de procurar ajuda, falar com alguém ou enfrentar quem faz bullying.

Lei anti-bullying
Ela se uniu a Tina Meier, cuja filha Megan se suicidou após sofrer bullying on-line, e, juntas, eles estão fazendo campanha para que congressistas dos EUA votem o primeiro projeto de lei federal anti-bullying.

Isso significaria que todas as escolas teriam de começar a registrar os casos de bullying e receberiam recursos para medidas contra o problema.

E agora a luta de Velasquez contra o bullying é o foco de um novo documentário que estreou no festival de South by Southwest em Austin, no Texas.

Sara Hirsh Bordo, diretora do filme, diz que ele não é apenas sobre Velasquez, mas uma história universal, para todo mundo que sofreu bullying.

"Sua experiência de superar a adversidade e ver o outro lado de uma experiência dolorosa é universal", diz ela.

"Assim que Lizzie tornou-se mais aberta e honesta - seja pelo TED Talk ou pelos vídeos do YouTube -, ela deixou claro que as pessoas estavam sedentas por uma história em que alguém se levanta e diz 'eu não vou ser uma vítima', eu vou fazer uma mudança."

O vídeo dela no Ted já foi visto mais de 7 milhões de vezes, bem mais do que aquele primeiro, que a difamava.
Assista:



Com informações da BBC

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