quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Experiência mostra que carros usam 17 vezes mais espaço que um ônibus

Numa avenida Pacaembu deserta e silenciosa, 48 figurantes entram e saem de carros e, depois, sentam-se em bancos dispostos dentro de um retângulo, demarcado por fita crepe, que reproduz as dimensões de um ônibus. 
A reportagem é de Ricardo Gallo, publicada por Portal Uol, 24-01-2016.
Vestidos com camisa e calças pretas, os figurantes especulam a razão de estar ali –nem todos foram informados pela produção. "Acho que é para mostrar o luto de ficar no trânsito", diz Adelson Freire, 49, figurante de programas de tevê e corretor.
Trata-se de um ensaio fotográfico da Folha para ilustrar a mobilidade na metrópole. O resultado: 48 pessoas em 40 carros (a média da cidade, 1,2 pessoa por veículo) ocupam, juntos, cerca de 840 metros quadrados, 17 vezes mais espaço na rua do que o mesmo contingente em um ônibus, em uma simulação de conforto dos passageiros.
Os figurantes também reproduziram três outras situações: sentados em bancos, como se estivessem dentro de um carro imaginário, sobre bicicletas (reais) e num espaço que simula um vagão.
Para tal, um trecho da avenida Pacaembu foi fechado pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) na manhã do domingo passado (17). A Folha pagou R$ 1.561,78 pela operação.
A experiência foi feita pela primeira vez em 1991, em Münster (Alemanha). Depois, repetida mundo afora. 
A intenção foi mostrar como o transporte coletivo e a bicicleta são capazes de ocupar menos espaço que o carro – e, no caso do ônibus e do metrô, carregando mais gente.
Em tese, perfeito. Mas, diante de uma rede de transporte coletivo que está aquém da velocidade ideal (menos de 20 km/h; o ideal são 25 km/h) e de uma rede de metrô restrita (78 km), muitos escolhem o carro para se deslocar.
"Esse ensaio induz à conclusão de que é uma maravilha andar de bicicleta. Bicicleta não é meio de transporte; é uma alternativa. E o ônibus não consegue atender todas as viagens. O carro não pode ser tratado como bandido. O pensamento idílico não resolve a questão da mobilidade", diz Sergio Ejzenberg, engenheiro e mestre de transportes pela USP.
Não é unanimidade. "Em uma grande avenida, no horário de pico, os ônibus levam de 5.000 a 10 mil pessoas – e carros, 1.300 pessoas. A relação é de um passageiro no carro para dez no ônibus", pondera Horácio Augusto Figueira, consultor em engenharia de transportes.

PARA LER MAIS:


  • 15/09/2015 - Há muita militância de ciclista e nada de pedestre
  • 11/01/2016 - Milhares de carros estão sendo abandonados
  • http://www.ihu.unisinos.br/noticias/551143-experiencia-mostra-que-carros-usam-17-vezes-mais-espaco-que-um-onibus
  • Nenhum comentário:

    Postar um comentário

    Oferecemos arquivo de textos específicos, de documentos, leis, informativos, notícias, cursos de nossa região (Americana), além de publicarmos entrevistas feitas para sensibilizar e divulgar suas ações eficientes em sua realidade. Também disponibilizamos os textos pesquisados para informar/prevenir sobre crescente qualidade de vida. Buscamos evidenciar assim pessoas que podem ser eficientes, mesmo que diferentes ou com algum tipo de mobilidade reduzida e/ou deficiência, procurando informar cada vez mais todos para incluírem todos.