quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Segunda, 07 de dezembro de 2015

Nem toda comida é sinônimo de saúde

A cada 75 segundos uma pessoa morre no mundo por causa de enfermidades transmitidas pelos alimentos. Foi o que advertiu a Organização Mundial da Saúde (OMS), através de um relatório elaborado por especialistas, no qual destaca que 420.000 pessoas morrem por ano por causa da ingestão de alimentos contaminados. As crianças menores de cinco anos representam um terço dessa proporção de mortos. De acordo com o relatório, a maioria dos casos se deve ao consumo de carne e ovos crus ou mal cozidos, frutas e verduras mal lavadas, e produtos lácteos contaminados. Além disso, a OMS destaca que o risco de sofrer enfermidades transmitidas pelos alimentos é maior nos países de rendas baixas e médias.
A reportagem é publicada por Página/12, 04-12-2015. A tradução é do Cepat.
“Sempre existiu um mito de que as enfermidades transmitidas pelos alimentos são leves ou de curta duração, mas na realidade podem ter complicações até se tornar gravidade”, explicou Enrique Pérez Gutiérrez, consultor em temas de Segurança Alimentar e Zoonoses da OPS/OMS. Neste sentido, a organização com sede em Genebra apresentou o relatório “Estimativa da carga mundial das enfermidades por transmissão alimentar”, um trabalho de oito anos realizado por mais de 100 especialistas.
Segundo o estudo - o primeiro a avaliar o impacto dos alimentos contaminados na saúde e o bem-estar -, todos os anos até 600 milhões de pessoas de todo o mundo, ou quase um a cada 10, adoecem após consumir alimentos contaminados. Deste número, tem-se que são 125.000 os menores de cinco anos que morrem, todos os anos, por causa de enfermidades transmitidas pelos alimentos, ou seja, quase um terço do total dos que morrem por esta razão, apesar do fato das crianças dessa idade representar apenas 9% da população mundial.
Em relação à situação da América, “95% destes tipos de enfermidades se manifestam por diarreia”, afirmou Pérez Gutiérrez, e de acordo com o relatório, a região tem a segunda menor carga em nível mundial: 77 milhões de pessoas adoecem por ano, sendo que morrem aproximadamente 9.000 no mesmo período. Dentro dessa proporção, 31 milhões são menores de cinco anos e mais de 2.000 desse grupo perdem a vida ao término de um ano. Segundo o estudo, a diarreia costuma ter como causa a ingestão de carne e ovos crus ou mal cozidos, verduras e frutas mal lavadas, e produtos lácteos, contaminadas por norovírus, Campylobacter, Salmonella não tifoide e Escherichia coli patogênica.
Além disso, existem outros fatores importantes que contribuem para a carga mundial das enfermidades transmitidas pelos alimentos como a febre tifoide, a hepatite A, Taenia solium (parasita que vive no intestino delgado) e as aflatoxinas (produzidas pelo mofo em grãos armazenados de forma inapropriada). Dos mais de 200 agentes que podem provocar intoxicações alimentares, a OMS conseguiu estudar em profundidade os efeitos de 31 elementos – entre eles bactérias, vírus, parasitas, toxinas e produtos químicos -, já que o restante não conta com informação suficiente ou concludente em nível mundial.
Neste sentido, Pérez Gutiérrez ressaltou que a OMS/OPS esteve trabalhando com os ministérios da Saúde de diferentes países para prevenir enfermidades e para que as pessoas saibam o que podem fazer diante dos riscos aos quais estão expostos. O especialista apontou que há cinco chaves para a inocuidade dos alimentos, informação que na Argentina foi trabalhada e difundida em conjunto pelo Ministério da Saúde e a Administração Nacional de Medicamentos, Alimentos e Tecnologia Médica (Anmat), por meio do Instituto Nacional de Alimentos (INAL).
As cinco chaves propostas pela Anmat se relacionam ao cuidado com a higiene, evitar a contaminação cruzada, cozinhar bem os alimentos, manter as temperaturas adequadas, e procurar lugares seguros para a compra de alimentos. “Os alimentos funcionam como veículos de micro-organismos, bactérias e suas toxinas, parasitas e vírus, por isso há hábitos importantes a ser incorporados para evitar problemas de intoxicação ou contaminação, tanto na compra, no consumo como no cozimento dos alimentos”, explica a médica nutricionista Andrea Miranda. Nesse sentido, a especialista ressalta a importância de “cortar frutas e verduras em separado e com diferentes utensílios de cozinha, prestar atenção na temperatura do cozimento que requer cada alimento, conferir se os enlatados que compramos não estão amassados e, é claro, sua data de vencimento”.
A respeito da importância do estudo, a diretora geral da OMSMargaret Chan, ressaltou que “saber quais agentes patogênicos transmitidos pelos alimentos estão causando os maiores problemas e em quais partes do mundo, possibilita uma ação focada no público, governos e na indústria alimentar”.

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