“Meu nome é Adônis. De outubro de 2011 para cá minha vida mudou. Para melhor. Minha história com a deficiência já foi contada aqui. O texto integral está no endereço do blog acima, o título é “Nunca mais bebi.”. Sobrevivi a um acidente automobilístico que me custou comprometimento em boa parte do antebraço e mão direita.
Posso dirigir e trabalhar, mas em certas situações a diferença de força muscular entre os dois braços me impede de fazer algumas coisas. Depois de recuperado, fiquei durante um ano e meio procurando trabalho, e a tal da diferença de força mão-braço tirando minhas oportunidades.
Eu estava muito apreensivo, tenho 22 anos, companheira e filhinho para cuidar e sonho em cursar faculdade de administração ou engenharia. Mas dei sorte – meu currículo foi parar em setor de Recursos Humanos de multinacional que já é inclusiva há três anos – eles capacitam mais pessoas com deficiência do que podem absorver. De graça, dando condução e alimento.
Daí, em movimento socialmente sadio, devolvem a pessoa mais capaz para o mercado, depois de preencher suas vagas. Tenho vários colegas de trabalho com diferentes deficiências, dentro da empresa, e o clima é ótimo com todos. Já passei por três funções diferentes em meu cargo, com as respectivas capacitações, o que me tornou um funcionário útil para cobrir eventuais faltas de colegas e férias. Sei que esta condição é uma vantagem a mais – quanto mais qualificado o funcionário e quanto mais flexível para diferentes funções, menor é a chance de desemprego.
Sistematicamente sou consultado para fazer horas extras, e procuro colaborar o máximo possível. Agora indagaram se eu concordaria em trabalhar no turno inverso ao meu, com o objetivo de integrar mais a equipe, misturando novos funcionários em cada turno. É um desafio, acho que vou concordar como toda situação de vida há vantagens e desvantagens, mas há o que aprender, e isso mexe comigo.
Eu me sinto útil e capaz, é uma sensação ótima.Hoje minha função é transportar por toda a seção um carrinho abastecido com diferentes peças,deixando com cada funcionário os componentes de sua mesa de trabalho, economizando seu tempo.
Quero deixar clara a importância de postura flexível e acolhedora para todas as pessoas, deficientes ou não.Às vezes basta um olhar acolhedor para gerarmos muito mais chances de felicidade à nossa volta – faz bem para todos, ao mesmo tempo, por muito tempo”. “O que nos leva a escolher uma vida morna ? A resposta está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos “Bom dia”, quase que sussurrados” – Luis Fernando Veríssimo.
Caso real. Elizabeth Fritzsons da Silva, psicóloga e diretora da Unidade de Atenção aos Direitos da Pessoa com Deficiência, colaboradora do “O Liberal”.
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