Acesso à cidade. Na visão do planejador de transportes Chris Pangilinan, que recentemente deixou a Agência Municipal de Transportes de San Francisco para integrar a Autoridade de Trânsito de Nova York, esse é o produto oferecido pelas operadoras de transporte coletivo nas cidades. Não deslocamentos ou viagens, mas o acesso: ao trabalho, ao comércio, à sua casa – a qualquer lugar.
Graças, em parte, ao trabalho realizado por Pangilinan, San Francisco tem hoje um mapa interativo de acesso. A ferramenta indica as áreas da cidade aonde é possível chegar, de ônibus, trem ou caminhando, em um dado período de tempo a partir do ponto de localização escolhido. Ajustando as configurações, é possível perceber a diferença entre a área que pode ser acessada em dias bons, ruins ou regulares no que diz respeito à operação dos serviços de transporte.
Embora tenha sido desenvolvido para uso interno da agência, o mapa se mostrou extremamente útil para os passageiros do transporte coletivo na cidade: com o botão reliability (confiabilidade), a ferramenta mostra a área que pode ser alcançada com um alto grau de certeza conforme o intervalo de tempo especificado. Na imagem abaixo, por exemplo, a parte em vermelho indica os destinos a que o usuário pode chegar em até 30 minutos, considerando os piores cenários de operação do sistema. As linhas amarelas, por sua vez, determinam a área incerta, permitindo que a pessoa se programe para sair mais cedo caso seu destino esteja nesses locais.
A partir do mapa, é possível ver claramente até onde é possível chegar com o transporte coletivo, considerando intervalos de tempo relativamente curtos, em um bom dia de operação dos sistemas. O que leva à conclusão apontada por Pangilinan: operar bem um serviço de transportes está no mesmo patamar que a construção de um novo.
Quando acompanhada de outras variáveis, como a oferta de trabalhos ou a localização de serviços comerciais, a ferramenta torna-se ainda mais funcional. Nova York, por exemplo, partiu dessa premissa e criou um mapa interativo de oportunidades de trabalho, divididas por setor e disponíveis de acordo com o período de tempo de deslocamento e o modal escolhidos.
Mapas como os de San Francisco, baseados na área de alcance a partir de um dado ponto, colocam as cidades e a mobilidade aos nossos olhos de um jeito novo: menos interessado na velocidade que o transporte coletivo pode atingir do que nas oportunidades às quais permite o acesso.
(Fonte: CityLab, Washington Post)
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