LIXO RECICLÁVEL E AMIZADES
PERMANENTES
Com o marido “afastado” por doença
temporária, INSS em greve, reservas financeiras chegando ao fim, compramos a
estrutura antiga de carrinho de coleta de lixo reciclável. Gilberto usou folhas
de zinco, que tínhamos no quintal fechando laterais e fundos.
Juntos recolhíamos latas, garrafas, jornais
e papelão na semana e vendíamos na sexta-feira. A primeira venda pagou nosso
querido leiteiro, três meses fornecendo para nosso filhinho sem receber.
Quando ele reassumiu seu trabalho, eu continuei
a coletar, tendo a companhia ocasional dele, quando o horário de trabalho
permitia.
Usava
calças compridas, mangas longas e chapéu. Buscava proteção e imagem de
seriedade.
Fui fazendo muitas amizades neste trabalho
Em padaria parceira pedi que guardassem os sacos de farinha para mim. Lavei e
passei a deixar um saco limpo na casa amiga, sempre que levava o usado
preenchido com o lixo da semana.
Levava a máquina fotográfica, tirava as
fotos das pessoas amigas. Ganhava tantos objetos e roupas boas que passei a
dividir com amigos e parentes.
Muitas amigas-coletoras telefonavam avisando que era hora de ir
buscar o material.
Muitas permitiam também que eu usasse seu
banheiro – nossa rotina é dura, começa às 6:30 e vai até 13:30 horas.
Precisei parar por saúde, meu
corpo reclamava do excesso de esforço. Já passei por empregos fixos, e hoje
faço faxinas – assim posso escolher pessoas interessantes para conviver! Sou
Sandra, tenho 44 anos.
“Pouca coisa é necessária
para transformar inteiramente uma vida: amor no coração e sorriso nos lábios” –
Martin Luther King.
Caso real, Elizabeth
Fritzsons da Silva, psicóloga, e-mail:bfritzsons@gmail.com
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