quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Como fazer para envelhecer bem?

09 Feb 2015 por Carla Dórea Bartz em Saúde
Clineu Almada, da UNIFESP. Foto: IstoÉ.
Clineu Almada, da UNIFESP. Foto: IstoÉ.
Hoje em dia, muitos estudiosos tentam compreender melhor o envelhecimento e suas características.
Esse interesse se deve ao fato de que a população de idosos não para de crescer. Estima-se que em 2020, ela superará o número de crianças.
Em um mundo mais envelhecido, como viver mais e melhor?
É o que responde o geriatra Clineu Almada, da Escola Paulista de Medicina (UNIFESP/EPM).
Senhoras & Senhores – Há diferenças no modo de envelhecer entre homens e mulheres?Clineu Almada – Sim, há diferenças físicas,sobretudo hormonais. Nas mulheres, por exemplo, a queda na produção de estrogênio afeta, entre outros sintomas, a elasticidade da pele, a lubrificação de mucosas, a sustentação de alguns tecidos e a manutenção do cálcio nos ossos. Assim, a mulher tem um marco importante quando cessa a menstruação.
SS – As mulheres são mais afetadas?
CA – Nos seis ou sete primeiros anos após a menopausa, a mulher tem uma perda maior de cálcio do que os homens e tem um risco maior de fragilidade óssea. Após este período, a perda é semelhante para os dois sexos. No caso dos músculos, no geral, após os 35 anos, os dois sexos perdem massa muscular à taxa de 1% ao ano. Mas, na menopausa, a perda também é maior na mulher. Já no homem, a produção do hormônio testosterona é reduzida, porém não cessa. Esta diminuição hormonal causa perda de vigor, contudo, no geral, o homem é mais poupado do que a mulher. No caso, claro, de um envelhecimento sem doenças associadas.
SS – Além de diferenças físicas, há também diferenças sociais?CA – Sim. Embora, se discuta bastante o preconceito relacionado à velhice, há questões culturais que permanecem. A mulher muitas vezes acaba levando uma desvantagem na inserção no mercado de trabalho ou nos relacionamentos afetivos. Esses problemas, no entanto, parecem estar diminuindo. Em países desenvolvidos, essas questões estão mais diluídas. Aqui no nosso país, ainda há preconceito e uma segregação maior para a mulher que está envelhecendo.
SS – Há campanhas que busquem eliminar esses estigmas?CA – Não que eu conheça. Contudo, o debate existe. É importante lembrar que, em 2020, um milhão de pessoas cruzarão a barreira dos 60 anos por mês em todo o mundo. É bastante. Então, cada vez mais, principalmente em países como o Brasil, o envelhecimento ativo se tornará prioridade, tanto para homens quanto para mulheres.Trata-se de trabalhar a motivação e envelhecer da melhor forma possível.
SS – Como fazer para envelhecer bem?CA – Não que eu tenha uma fórmula, mas posso dizer que há vários aspectos. Primeiro, temos que entender que envelhecer é a melhor hipótese que se apresenta. Esse processo vai acontecer de qualquer jeito e é uma fase da vida e do desenvolvimento pessoal de cada indivíduo. Segundo, envelhecer é passar por alterações físicas, contudo, não significa se sentir doente. Um idoso pode desempenhar todas as suas atividades muito bem, mesmo com esse declínio físico. Para isso, são necessários alguns cuidados como ter uma vida ativa e saudável.Alimentação adequada, não estar acima do peso, nem desnutrido e fazer atividade física são fundamentais.
SS – E as doenças associadas à velhice?CA - Quando envelhecemos temos muitas chances de desenvolver doenças. Estatísticas apontam que temos, após os 60 anos, de duas a cinco doenças associadas ao processo de envelhecimento. Mas não precisamos ser doentes. Se a doença é diagnosticada precocemente, ela não vai deixar sequelas e, com isso, não haverá prejuízo funcional. Contudo, não é o que acontece. Um exemplo: 50% das pessoas com mais de 60 anos têm pressão alta, que leva a um risco muito maior de infarto ou derrame. Mas estudos populacionais mostram que somente 20% dos pacientes se tratam adequadamente. Assim, temos um alto contingente de pessoas sob risco. É importante visitar o médico com regularidade e obter diagnósticos precoces. Quanto mais cedo é o tratamento, melhor é o resultado. Por fim, não esquecer da saúde mental, ou seja, manter a mente ativa, ter planos, projetos e atividades que estimulam.
SS – Como manter esta motivação?CA – Cada vez mais se estuda também o impacto da espiritualidade na terceira idade. Toda pessoa com mais 50 anos deveria cultivar seu lado espiritual, independente da religião. Estudos mostram que ela ajuda a fortalecer seu interior. Na velhice, a dinâmica da vida muda, as perspectivas mudam e, invariavelmente, questões sobre solidão, finitude e morte acabam aparecendo. A espiritualidade pode ajudar a envelhecer de uma forma melhor.

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