Thereza Christina Jorge descreve sua observação sobre o próprio processo de envelhecer.

O que vou escrever não tem nada de original e muito menos significa a verdade universal do envelhecer. Vou descrever minha observação sobre o meu próprio processo de envelhecer. Assim como fui uma adolescente muito diferente das outras cinco filhas dos meus pais, meu envelhecer é único. Nem melhor nem pior, nem igual.
Tenho percebido que não estou diferente só exteriormente. Minhas emoções estão mudando. Às vezes gosto da maneira como me tornei uma pessoal mais amável. Em contrapartida, tenho de filtrar meus sentimentos para não ficar mexida a cada surpresa que o dia me traz.
Tenho entendido que aprender a me relacionar bem comigo nunca foi tão importante. Saber preencher meus dias com novos desafios. Ao acordar, digo a mim mesma que o dia trará uma lição e devo me esforçar ao máximo para aprendê-la.
Aprender a relevar minhas dificuldades me lembra dos primeiros dias da minha filha Mariana na creche. Adaptação é outra palavra-chave nesse processo.
Aprender, como ensinou o escritor Monteiro Lobato, a olhar e ver.
Praticar o quê o Pequeno Príncipe ensinou ao aviador: o essencial é invisível para os olhos.
Entender que a palavra paciência é outra ferramenta na sobrevivência. E que ela é formada por duas palavrinhas que rearrumadas falam do seu significado, a ciência da paz.
E ter diante de mim outra ferramenta do envelhecer ativo. Humildade para aceitar a finitude.
Descobrir coisas novas _ boas e ruins _ a cada dia e fazer disto uma brincadeira.
Educar-me como fiz com meus filhos, porque na verdade sou uma pessoa bem diferente da mulher que fui um dia.
Ser grata. A vida é um dom e um compromisso. Não é uma festa ou celebração constante. Temos dias “escuros”, nebulosos e sol de verão.
Apender a sair do foco, a ocupar o segundo plano nas fotos.
Aprender a controlar o medo que adora roubar sonhos.
Apender com a poeta Elizabeth Bishop que envelhecer é mais um ciclo dos vários que ocorreram comigo desde que nasci. Tenha eu percebido ou não.
Um milagre: adoro o silêncio e a solidão não é um monstro devorador. Quando desejo deixar a redoma, tenho amigos e amigas (não sou a campeã do Face) que gosto de estar com.
E para concluir o meu “mantra” para este momento tão rico no existir. Repito este versículo bíblico a todo instante “Não seja demasiado sábia ou demasiado justa. Por que você destruiria a si mesma?”
Thereza Christina Jorge é jornalista e criadora do blog vivacombeleza – http://vivacombeleza.com.br
http://www.cursodavida.com.br/aprendizagem2/passe-o-seu-saber-adiante/o-envelhecer-de-cada-um.html