Confira entrevista concedida à NOVA ESCOLA em 2003, na qual Saramago argumenta que a língua é uma ferramenta de comunicação e cabe à escola ensinar a usá-la
Paola Gentile
O Prêmio Nobel de Literatura José Saramago começou a ter contato com livros ao freqüentar o curso técnico de mecânica, estimulado pela disciplina de Literatura. Escreveu seu primeiro romance aos 25 anos, Terra do Pecado, e parou. Ficou duas décadas sem nada publicar. Em 1966 lançou coletâneas de poemas e ensaios escritos nas horas vagas.
Sua carreira literária decolou mesmo quando ele estava com 57 anos, com Levantado do Chão. Dono de narrativa de estilo inconfundível, faz de seus romances verdadeiras reflexões sobre o ser humano, suas preocupações mais íntimas e aspectos da vida que o inquietam. Saramago esteve no Brasil em maio de 2003, lançando o romance, O Homem
Duplicado, quando nos concedeu esta entrevista por e-mail, contando um pouco de seu processo de criação e de sua visão do papel do professor e da escola na formação do aluno leitor e escritor. "Cabe à escola ensinar o aluno a escrever corretamente", afirma o autor, para quem a língua é a mais eficiente ferramenta de comunicação e, como tal, "precisa "...ler em voz alta. Não há maneira melhor de ganhar consciência do que se lê e do que se poderá vir a escrever."
José Saramago nasceu em 1922 em Azinhaga, aldeia próxima a Lisboa, Portugal, para onde se mudou com seus pais ainda pequeno. Por dificuldades econômicas, interrompeu os estudos ao concluir o liceu (equivalente ao Ensino Fundamental). Voltou a estudar mais tarde, em curso técnico. Foi serralheiro, mecânico, desenhista, funcionário público, editor e tradutor antes de consagrar-se como um dos mais destacados escritores contemporâneos. Em 1998 recebeu o Prêmio Nobel de Literatura. Em 2009, publicou seu último romance, Caim. Saramago faleceu no dia 18 de junho de 2010, aos 87 anos, em sua residência, nas Ilhas Canárias.
As idéias de Saramago põem em questão o papel da escola no desenvolvimento da criatividade. Ele provoca os educadores ao afirmar que para navegar sem regras é preciso ser um bom condutor, e este não se faz sem aprendê-las. Saramago não espera - e portanto não cobra - da escola a subversão da língua, e sim seu domínio.
Para ler a entrevista na integra, clique aqui
Fonte: Revista Nova Escola
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