POSSO ESCOLHER. QUERO CAMINHO DIFERENTE DO PATERNO.
Não censuro,
constato tragédia individual – ele era preocupado com nossa educação, não
agredia, conversava, queria dos filhos respeito, não medo. Alcóolatra, com
dependência tão intensa que não se locomovia ou se higienizava sem auxilio, não
aderindo às tentativas de tratamento, precisando de sua dose diária de álcool até
a morte, faz três anos. Sou Daniel, com 18 anos.
Morávamos nos fundos
da casa de meus avós e tios, minha mãe nos sustentava trabalhando como
empregada doméstica. Conviver com esta realidade teve custo emocional. Mas sei como
esta história pode terminar e posso escolher não começar.
Pude frequentar
treinamento de vôlei oferecido pela Prefeitura de Santa Bárbara. Comecei aos 12
anos e funcionava também como lugar adequado para extravasar toda a tensão em
que eu vivia. Eram cinco horas por dia, de segunda a segunda. Joguei pela
cidade, durou 3 anos.
Quando tinha 15
anos, minha treinadora fez convite para um encontro de sua comunidade
religiosa. Fui, gostei da postura dinâmica e da ênfase em prática imediata. Fez
e continua fazendo sentido para mim.
Faço curso técnico
de Administração no SENAC. Procurei emprego para bancar a mensalidade, e nestes
tempos de crise não encontrei. Minha treinadora de vôlei sugeriu venda de
trufas. Aceitei e simplifiquei – vendo bombons e paçocas em semáforo. Determino
os dias em que trabalho para pagar meus estudos e os dias que destino para
arrecadar para as ações de atendimento de minha igreja, que envolvem todo tipo
de fragilidade social.
Tenho formação em
auxiliar administrativo. Quero emprego na área para custear faculdade de
logística.
A verdadeira religião é a vida que levamos, não o credo que professamos.
Caso real,
Elizabeth Fritzsons da Silva, psicóloga, e-mail:bfritzsons@gmail.com
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