O avanço da obesidade
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- Getty Images
Leio no boletim da Rebia (Rede Brasileira de Informação Ambiental) de 16 de junho passado que quase um terço da população mundial padece com obesidade e sobrepeso. Isso corresponde a 2,1 bilhões de pessoas, segundo a pesquisa Global Burden Disease, de 2013, realizada pelo Instituto de Métrica e Avaliação em Saúde da Universidade de Washington (EUA).
Já faz tempo que a obesidade tornou-se preocupação constante, principalmente em países que integram a lista dos "10 mais obesos", de acordo com a informação da Rebia: Estados Unidos, China, Índia, Rússia, Brasil, México, Egito, Alemanha, Paquistão e Indonésia.
Dos BRICS, apenas a África do Sul está fora da lista, o que me faz pensar que, além de acordos comerciais e futebol, os dirigentes do bloco que se reúnem no Brasil pós-Copa poderiam incluir essa importante questão de saúde pública na pauta de suas reuniões.
Pior em casa do que na escola
No Brasil, medidas como a proibição da venda de refrigerantes e alimentos industrializados nas cantinas escolares e oferta de refeições mais equilibradas nas merendas de creches e escolas públicas marcaram pontos a favor da saúde de nossas crianças.
O veto ao uso de gorduras trans em alimentos industrializados foi outro passo importante no combate à obesidade. Há, ainda, uma publicação a cargo do Ministério da Saúde, o Guia Alimentar para a População Brasileira, lançado pela primeira vez em 2005. Na época, falava-se em R$ 11 bilhões, cerca de 70% de todos os gastos do SUS para o tratamento de doenças crônicas como a obesidade, diabetes, hipertensão e doenças cardíacas eventualmente causadas por alimentação inadequada.
Mas, se nas escolas as crianças estão parcialmente protegidas, o mesmo não acontece em suas próprias casas. A praticidade e o apelo do mercado levam as pessoas a substituir legumes e frutas por refrigerantes, doces, balas, bolos, salgadinhos, sorvetes.
Também sabemos da relação entre ociosidade e calorias, seja para adultos, seja para crianças. Comemos demais, nos mexemos de menos e passamos muitas horas no computador ou diante da televisão, o que ajuda a explicar o surto de obesidade, mas não de todo.
A receita de um guia alimentar
O estudo divulgado pelo boletim Rebia trouxe ainda outros elementos para reflexão. Em determinado trecho, o texto diz que "em todo o planeta, a obesidade e sobrepeso aumentaram de 29% para 37% entre os homens e, entre as mulheres, de 30% para 38%. Os homens lideram o ranking nos países ricos e as mulheres, nos pobres". E, na sequência, traz o comentário do dr. Paulo Lotufo, diretor da Divisão de Clínica Médica do Hospital Universitário da USP, e um dos três autores brasileiros do estudo: "No caso feminino, quanto menor a instrução e a renda, maior é o peso. Para os homens, esses fatores não são tão importantes. Com menos acesso à informação, a mulher deixa de ter alimentação variada. Além disso, o preço dos alimentos altamente calóricos é baixo".
A economia doméstica está pesando na balança? A inflação acelera a obesidade? Faz sentido, mas, com paciência e criatividade, é possível reverter o processo. Em 2014, o Guia Alimentar para a População Brasileira ganhou uma edição atualizada e acessível pela internet. Vale a pena baixar o arquivo e ler o seu conteúdo com atenção.
Da introdução, destaco três recomendações que, por si só, já nos ajudam a dar os primeiros passos para uma reeducação alimentar: 1) "Faça de alimentos, de todos os tipos, em grande variedade e predominantemente de origem vegetal, a base de sua alimentação"; 2) "Utilize óleos, gorduras, sal e açúcar com moderação no preparo de alimentos"; 3) "Limite o uso de produtos prontos para consumo, evitando seu consumo regular ou consumindo-os em pequenas quantidades, como parte de refeições baseadas em alimentos e preparações culinárias. A regra de ouro é alimentos e preparações culinárias em vez de produtos prontos para consumo".
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