sexta-feira, 28 de outubro de 2011

“CUIDO DE QUATRO PRESENTES DE DEUS”

Esta frase é de Priscila. A família achou que ela deveria diminuir o volume de trabalho, pois mora há muitos anos com irmãs e sobrinhas que são pessoas com deficiência (quatro ao todo). Ela e o marido assumem todos os cuidados, mais as funções de mãe/pai (dois filhos), avó/avô (duas netas) e donos de dois cachorros, acrescenta, rindo. Participa a mais de vinte anos do AL-ANON, movimento de orientação a familiares e amigos de alcoólicos, de alcance internacional. Tem irmãos que a apóiam. A vida foi criando oportunidades muito bem aproveitadas dentro do orçamento suficiente, mas restrito do grupo familiar de Priscila. Moram em boa chácara, com duas residências (a de sua família e a das irmãs e sobrinhas). A convivência é aliada à máxima autonomia e liberdade possíveis. Como é difícil a organização da saída para o mundo, decidiram trazer o mundo para elas – todos os aniversários e datas festivas são comunitariamente comemorados, a grande família se organiza e vem até a chácara, juntando até 22 pessoas, dividindo as tarefas e a alegria do reencontro. Os adolescentes também participam – uma pequena herança de Priscila foi transformada em piscina com hidromassagem aquecida – “Bom para todo mundo!”. Procuram sempre integrar a grande família com atividades da comunidade, como as festas juninas, todos “de caipira”. Para seus irmãos,aliviar sua carga de múltiplas responsabilidades seria “dividir” as quatro “cuidadas” entre suas casas, o que desarticularia (ou diminuiria) os contatos da grande família. Priscila agradeceu e negou – “Não consigo viver sem elas!”. Ela aprendeu a ser cuidadora com a experiência. A geladeira da casinha das irmãs precisa ser trancada a cadeado à noite, pois uma delas não tem boa propriocepção de fome ou quantidade ingerida. Outra adora dar recados, fazer pequenas tarefas e ver TV depois. A medicação precisa ser vigiada. Três delas tem traços autistas e a outra é Down, todas com importantes dificuldades de coordenação motora que custam tombos freqüentes e sérios machucados, sabonetes e pastas de dente desperdiçados, sem a percepção do acontecido. Priscila vai reorganizando tudo, compartilhando com elas e com seu esposo todas as tarefas de manutenção das casas e o espaço da chácara. Aos sábados divulga AL-ANON nas visitas dos familiares de alcoólicos em hospital, semanalmente doa duas horas para o grupo organizador do movimento, além de ajudar a estruturação de encontros regionais e nacionais. Fala: “Nós somos felizes e temos tudo o que a gente precisa, pedimos saúde e sabedoria.” Já tem, especialmente a saúde e sabedoria  social!



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