quarta-feira, 2 de abril de 2014

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01/04/2014
Revolução humana
Artigos / Entrevistas
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A revolução dos hábitos e da alma tem enorme impacto nos mercados, nas empresas e nas marcas
Nizan Guanaes
Muito além da intensa revolução tecnológica que transforma o dia a dia, vivemos uma revolução humana, da alma, dos hábitos. }

No mundo de tantas ofertas e supervalorização do dinheiro, as pessoas redirecionam suas bússolas para o natural e o essencial. Não estamos comendo pílulas em naves voadoras, como ficções nada científicas projetavam. A comida do futuro é orgânica. O carro do ano é a bicicleta.

As pessoas estão cada vez mais preocupadas em comer e em dormir livres de substâncias químicas. Diante de demandas incessantes da rotina hiperconectada, a solução é desconectar.

Estudos multidisciplinares realizados pelas melhores universidades do mundo apontam que a maneira mais eficiente de fazer as tarefas é gastar menos tempo fazendo tarefas.

Uma série de ações disruptivas - como atividade física e pequenas sonecas durante a jornada, sono mais prolongado à noite, paradas momentâneas no trabalho para renovação de ares e pensamentos - aumenta o desempenho profissional e a saúde. É o que alguns chamam de renovação estratégica, exemplificada pelos “nap pods” - casulos para sonecas instalados em empresas como o Google.

Nós não temos o poder de aumentar as horas do dia para atender às novas demandas do mundo, mas podemos aumentar a nossa energia. Tanto física quanto espiritual. Enquanto o nosso tempo é finito, nossa energia é renovável.

Estarei em Nova Iorque no fim de abril para encontro que Arianna Huffington promove em torno das ideias expostas em seu mais recente livro, “Thrive: The Third Metric to Redefining Success and Creating a Life of Well-Being, Wisdom, and Wonder” (“Prospere: a terceira medida para redefinir sucesso e criar uma vida de bem-estar, sabedoria e encantamento”, numa tradução livre).

Para Arianna, a noção de sucesso foi reduzida a poder e dinheiro. Pode funcionar no curto prazo, mas não é sustentável. Para vivermos a vida, é preciso encontrar essa terceira medida, a da felicidade, que, explica Arianna, sustenta-se em quatro pilares: bem-estar, sabedoria, encantamento e benemerência.

As pessoas estão entrando nessa página.

A Califórnia não é apenas o centro de tecnologia do mundo. Se você for a San Francisco, verá como a alimentação orgânica está tomando a cidade. Boulder, no Colorado, não é só a base de Jim Collins, o homem de gestão mais antenado do planeta, mas também a cidade sem glúten, sem lactose.

Existe uma revolução em curso. Ela transforma o ser humano com ritos de passagem que conheço em primeira mão. Já fui fumante e deixei de fumar, já fui gordo e desleixado, mas hoje cuido da alimentação e pratico atividade física - aliás, seguindo o exemplo e o conselho dos grandes líderes empresariais que conheço.

Sim, é possível mudar. Tudo está mudando.

A revolução dos hábitos e da alma tem enorme impacto nos mercados, nas empresas e nas marcas. Todos terão que entender e aderir, melhor cedo do que tarde.

Exemplo emblemático é a Whole Foods, varejista americana que vende comida orgânica e natural, uma espécie de Apple ou Samsung da comida.

Assim como Steve Jobs mudou nossa forma de consumir tecnologia e entretenimento, John Mackey, um dos fundadores da Whole Foods, quer mudar a forma como consumimos comida, rompendo hábitos de alimentação que podem estimular doenças mortais como câncer e cardiopatias.

Entre os objetivos declarados da Whole Foods em suas mais de 300 lojas espalhadas por EUA, Canadá e Reino Unido, estão: vender produtos orgânicos e naturais da mais alta qualidade; satisfazer e encantar os clientes; apoiar a excelência e a satisfação dos funcionários; cuidar das comunidades e do ambiente; criar parcerias ganha-ganha com todos os “stakeholders”.

Seu lema é comida saudável, pessoas saudáveis, planeta saudável.

É nessa linha que o mundo caminha. Como diz o Buda, ninguém pode nos salvar a não ser nós mesmos.

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