PÁSCOA: EM FAMÍLIA, SABER
ESPERAR, SABER DESFRUTAR
Sou Lurdes, e quero contar o
sabor do ritual de Páscoa em minha família. A data adquiriu dimensão mais forte
quando me casei com um festeiro descendente de suíços, hoje já falecido e
alegremente lembrado. Todos deviam informar qual seria a sua penitência
pessoal, durante todos os quarenta dias da quaresma – deixar de consumir carne,
ou refrigerante, ou cerveja (para os adultos) ou qualquer alimento muito
apreciado. Jiló não valia. Havia clima de cooperação entre os membros do grupo,
e discreta vigilância, claro! Afinal saber esperar, saber sacrificar o imediato
pelo futuro é lição importantíssima para crianças e jovens. Na Sexta Feira
Santa o jejum era quase absoluto, em respeito ao sofrimento de Jesus, sem poder
experimentar nenhuma das bolachas típicas da data, feitas com doce de abóbora
no recheio que estavam sendo assadas e guardadas com cuidado em latas especiais,
para o domingo. Elas só seriam feitas novamente na sexta feira santa, do
próximo ano! No sábado cada casa devia providenciar um acolhedor ninho para o coelho,
com água e cenoura picadinha, galhos folhas secas, e flores, muitas flores! As
crianças sabiam que deveriam se deitar, e quando adormecidas seus pais
recheariam os ninhos com ovos de chocolate (um para cada criança), e muitos
ovos de galinha cozidos com anil, casca de cebola ou retalhos de pano, dando
idéia colorida de alegria e fartura. É tão forte o sentido desta experiência
que os mais “novinhos” da casa (25, 16 e 14 anos) ainda hoje fazem o ninho,
para ao acordarem no domingo, seguirem a marca das patinhas (feitas com farinha
de trigo) e encontrarem seus ovos em mais uma Páscoa – e a vida continua, e eles
continuam sendo amados!
“O mais feliz dos felizes é
aquele que faz os outros felizes” – Alexandre Dumas, pai.
Caso real, Elizabeth Fritzsons da
Silva, psicóloga, e-mail: bfritzsons@gmail.com
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