Paciente há 45 anos na UTI 'visita' convenção no Canadá
Reprodução/Vancouver Sun | ||
Paulo Machado, que vive na UTI do Hospital das Clínicas, participou de uma conferência no Canadá usando um tablet e um robô adaptado
CLÁUDIA COLLUCCI
27/08/2014DE SÃO PAULO
Da sua cama em uma UTI do Hospital das Clínicas, Paulo Henrique Machado, 47, percorreu estandes, participou de sessões e conversou com participantes de uma convenção internacional de computação gráfica, que aconteceu em Vancouver, no Canadá.
Um robô de telepresença foi o seu "avatar". O rosto de Machado aparecia na tela de um tablet, conectado a um robô. Sua voz era transmitida por meio de um alto-falante. No "pescoço" do robô, havia um crachá com o seu nome.
Do leito onde vive ligado a um respirador artificial há 45 anos, quando contraiu poliomielite, Paulo dava os comandos ao robô, movendo-o para onde ele queria e elevando-o para cima e para baixo.
"Foi como se eu estivesse lá. Eu guiava o robô daqui [da cama no HC] e era muito engraçado. Quando menos esperavam, eu estava caminhando, indo em direção as enormes janelas do Vancouver Convention Center, que fica perto de porto. Dava para ver os aviões anfíbios pousando e subindo", conta.
A viagem virtual de Machado foi possível graças a ajuda de empresas americanas de tecnologia que emprestaram os equipamentos.
"Ele é parte da nossa comunidade [de animadores gráficos]. Por isso, pensamos: 'bom, como podemos aplicar a tecnologia e trazê-lo até nós?" diz o presidente do evento, Dave Shreiner.
Segundo Machado, que aprendeu a fazer animação gráfica no leito hospitalar, a convenção também lhe abriu novas portas. "Conheci profissionais da Pixar, Blizzard, e o pessoal do estúdio que trabalhou no filme 'O Planeta dos Macacos - O Confronto'."
Ele conta que foi convidado a participar de uma convenção similar na Alemanha, usando a mesma tecnologia.
Machado diz que aproveitou o evento também para divulgar uma animação que está produzindo. A série infantil, chamada de "As Aventuras de Léca e seus Amigos", trata da inclusão social de crianças com deficiência.
Léca é o apelido de Eliana Zagui, sua melhor amiga, também sobrevivente da pólio e vizinha de leito no HC.
O projeto, viabilizado por financiamento coletivo que arrecadou R$ 120 mil, será lançado em outubro.
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