Andropausa: o problema que eu e você ignoramos e não podemos
Escrito por Flavia Junqueira
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É difícil encontrar alguém que nunca ouviu falar sobre menopausa. Esse estágio natural da vida das mulheres é muito facilmente reconhecido e identificado pela população em geral. Quando os homens atingem 30 anos, começa a ocorrer a diminuição de 1% ao ano da produção de testosterona pelo corpo. E é aí que está o problema. Em geral, os pacientes querem manter o vigor sexual, mas a maioria deles não busca acompanhamento médico e tampouco procura saber sobre a andropausa até que algo que considerem realmente preocupante aconteça.
Na clínica onde trabalho atendo muitos pacientes homens e, em geral, quando eles têm mais de 30 anos, as queixas são bastante parecidas. É comum relatarem que estão com falta de disposição para fazer as coisas, sem gás para realizar atividades que sempre gostaram, sem motivação e paciência no trabalho, que andam irritados com tudo e que não estão mais nem a fim de sair com os amigos... Por último, quando perguntados, chegam a comentar sobre a queda de energia sexual, mas são mais resistentes a falar sobre dificuldade de ereção e impotência.
Tais relatos não acontecem à toa. Quando os homens atingem esta idade, começa a ocorrer a diminuição de 1% ao ano da produção de testosterona pelo corpo. E é aí que está o problema. Em geral, os pacientes querem manter o vigor sexual, mas a maioria deles não busca acompanhamento médico e tampouco procura saber sobre a andropausa até que algo que considerem realmente preocupante aconteça.
Mas o que os homens geralmente ignoram é que os primeiros sinais dessa menopausa masculina não são sexuais, mas comportamentais. E tais sinais são capazes de explicar boa parte da perda de apetite que acontece em vários aspectos da vida.
Grande parte dessa ignorância se dá por conta de um 'mito' de que só existe deficiência de testosterona em vigência de disfunção sexual. Por isso, muitos homens deixam de se tratar, recebem diagnósticos tardios ou, pior, são diagnosticados erroneamente com doenças como depressão, transtorno de humor e ansiedade. O que é preciso avaliar é se os sintomas tão comuns referidos acima são realmente indícios dessas doenças ou apenas os primeiros sintomas da andropausa.
Aquele 1%
Se você estiver atento, já deve ter notado que grande parte dessa enorme dificuldade para identificar quando os homens entram nesse período se dá porque não ocorre uma parada abrupta na produção hormonal e nem há um sinal tão claro do corpo masculino tal qual acontece no feminino. Pelo contrário, as taxas diminuem num ritmo lento (desconsiderando algumas exceções) e a percepção de quando a taxa atinge um limite que realmente afeta a vida do homem varia muito de um caso para outro. Por esse motivo, muitas vezes os sintomas se arrastam por anos, sem que as pessoas se deem conta, o que dificulta muito o autodiagnóstico.
Não bastasse isso, uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Urologia também identificou que 30% dos homens atribuem os sintomas da queda de testosterona ao excesso de trabalho ou ao estresse do dia a dia, 17% acreditam que as causas sejam emocionais e apenas 15% se dão conta de que a responsável pode ser a tal andropausa. Ou seja, por total desconhecimento, mesmo dentre aqueles que identificam os sintomas, apenas um índice muito pequeno é capaz de associá-los com a verdadeira causa do problema.
Me diz o que é que eu faço
Para minimizar os sintomas, a reposição hormonal costuma ser a melhor indicação. Mas existem ainda outras soluções. Por exemplo, alguns alimentos como couve, ovo, banana, melancia, mel, espinafre, amêndoas e abacate ajudam a otimizar a produção endógena de testosterona, através da presença de co-fatores do hormônio ou através do bloqueio dos inibidores da testosterona pelo corpo. Da mesma forma, alguns médicos costumam indicar alguns fitoterápicos como tribullos ou maca peruana.
Mas se seu médico mede seus níveis de testosterona e indica que o melhor caminho é a prescrição da reposição hormonal, aliado ao acompanhamento clínico, não há com o que se preocupar.
O grande receio dos pacientes com relação a essa forma de tratamento é se eles terão que ficar dependentes da reposição hormonal a vida inteira e se há efeitos colaterais. E para ambos os questionamentos a resposta é não. O corpo não fica condicionado às doses hormonais extras e não há nenhum tipo de efeito colateral nem restrições a bebidas alcoólicas, por exemplo.
Já com relação ao acompanhamento médico, no início, as consultas têm uma frequência maior para a definição certa das doses, porém, logo que definida, as tão evitadas passagens pelo consultório costumam acontecer apenas por volta de seis em seis meses.
Aí eu vi vantagem
Se não bastasse minimizar os sintomas da andropausa, a reposição hormonal, segundo estudos recentes, também significa maior proteção contra diabetes mellitus, doença cardiovascular, hipertensão arterial, obesidade e depressão. Fato que só reforça a importância do monitoramento dos níveis hormonais.
Mas se você ainda não está convencido, lá vai o golpe final. Quando tal reposição hormonal não é feita, uma mudança no biotipo masculino fica bem evidente. Normalmente, pacientes que enfrentam tais problemas, além de ficarem indispostos, assistem à barriga começar a crescer e o braço a afinar.
Antes de terminar, vale fazer uma ressalva: reposição hormonal tem contraindicações, por isso, é muito importante só fazê-la sob orientação de um médico especialista e um tratamento extremamente seguro. É importante que os homens fiquem atentos a sua saúde e ao seu nível de energia, mas é igualmente importante não sair por aí fazendo loucuras. Como costumo dizer, ter um problema não é uma opção, mas o que fazer a respeito dele é.
(*)Flavia Junqueira - Endocrinologista e metabologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Uma das responsáveis pelo Espaço Longevita, um centro de medicina preventiva e longevidade, no Rio de Janeiro. Artigo publicado em: http://www.papodehomem.com.br
FONTE -http://www.portaldoenvelhecimento.com/saudedoenca/item/4104-andropausa-o-problema-que-eu-e-voc%C3%AA-ignoramos-e-n%C3%A3o-podemos
FONTE -http://www.portaldoenvelhecimento.com/saudedoenca/item/4104-andropausa-o-problema-que-eu-e-voc%C3%AA-ignoramos-e-n%C3%A3o-podemos
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