quinta-feira, 23 de julho de 2015

QUI, 16 DE JULHO DE 2015 02:00      ACESSOS: 533
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Foto: Paula Froes - BBCUma exemplo se superação. 
Uma haitiana deficiente visual, que sofreu bastante antes e depois de chegar ao Brasil, conseguiu superar os obstáculos e está cursando o terceiro semestre da faculdade de Direito .
Hoje Nadine Talleise, que vive em Brasília, sonha em ser diplomata.

Ela já passou necessidade, morou e abrigo, e esperava que sobrasse comida, das quentinhas disputadas pelos colegas do alojamento, no Acre, onde morou quando chegou ao Brasil.
Foi lá que a jovem, de 29 anos, foi descoberta pela BBC, durante uma reportagem sobre a crise migratória no Acre, em 2013.
Após a entrevista, ela pediu ajuda para que pudesse deixar o alojamento, um ginásio cercado por lama onde 1.300 imigrantes dividiam dois banheiros e dormiam num espaço que deveria abrigar 200.
Sem conseguir se deslocar pela cidade, pois só tem 15% da visão, ela contava com voluntários e funcionários do abrigo para encontrar algum emprego como massagista, ou telefonista, funções que já tinha desempenhado ao viver por três anos na República Dominicana, antes de se mudar para o Brasil.
Na capital Santo Domingo, ela fez um curso de massagem e, ao trabalhar num call center, aprendeu a falar espanhol e inglês. Como já conhecia o francês e o creole, as línguas oficiais do Haiti, passou a dominar quatro idiomas.
História
Nadine cruzou a fronteira com a República Dominicana após o terremoto que atingiu o Haiti em 2010. 
Ela vivia no país natal com o avô, que a criou desde que seus pais morreram, em sua infância.
Filha única, Nadine diz ter herdado duas casas dos pais, o que lhe garantiu certa segurança financeira.
No entanto, o terremoto pôs abaixo os dois imóveis, causando um grande prejuízo.
Ela veio para o Brasil quando soube que um tio havia migrado e que o país era mais aberto a estrangeiros.Hoje Nadine fala português com desenvoltura e se apresenta como "Nadjíne", versão abrasileirada de seu nome.
Emprego
Foi sua habilidade linguística que chamou a atenção de funcionários do alojamento no Acre. Como não contavam com intérpretes, eles passaram a recorrer a Nadine para traduzir diálogos com imigrantes haitianos, senegaleses e dominicanos.
Um dos funcionários lhe sugeriu que tentasse a sorte em Brasília e lhe pôs em contato com pessoas que poderiam ajudá-la na capital.
Essas pessoas, diz ela, acabaram se tornando sua "família adotiva".
Faculdade
Nadine passou alguns meses na casa deles e ouviu que uma faculdade próxima, na cidade de Taguatinga, abrira inscrições para o vestibular.
Ela se registrou e fez a prova para direito. Passou. "Foi o dia mais feliz da minha vida", recorda.
Mas Nadine não tinha dinheiro para pagar o curso, e sua "mãe adotiva" sugeriu que ela procurasse um trabalho e, quando estivesse estabilizada, tentasse a vaga outra vez.
Ela resolveu se matricular mesmo assim. "Eu disse para ela: 'eu vim aqui para estudar. Se fosse para ficar sem fazer nada, não precisaria ter vindo'."
No primeiro semestre, Nadine pagou as mensalidades da faculdade Mauá com a ajuda da família adotiva. 

Até que conseguiu uma emprego de auxiliar administrativa na própria instituição e ganhou uma bolsa integral para prosseguir com o curso.
Hoje ela aluga um apartamento perto da faculdade, em Vicente Pires.
Sonhos
A haitiana já planeja os próximos passos. Depois de se formar, quer seguir a carreira diplomática. Ela pretende usar a facilidade que tem de se comunicar para ajudar países a se entenderem.
Como a legislação brasileira proíbe a contratação de diplomatas estrangeiros, Nadine sabe que talvez tenha de buscar trabalho em outros países.
Por enquanto, ela tem outro objetivo mais imediato: publicar um livro sobre sua vida. Nadine começou a escrever a obra neste mês e pretende terminá-la até o ano que vem.
Ela diz acreditar que sua trajetória possa inspirar outras pessoas.
"Não vou dizer que tenho tudo, mas estou feliz porque, apesar de todos os problemas, consegui encontrar o meu caminho."

Com informações da BBC
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