sábado, 9 de maio de 2015

Público de pessoas com deficiência: quebrando barreiras

by Ricardo Shimosakai
Os empreendedores devem se preparar para receber essa multidão que cada vez mais está saindo da invisibilidadeOs empreendedores devem se preparar para receber essa multidão que cada vez mais está saindo da invisibilidade
As pessoas com deficiência enfrentam muitas barreiras todos os dias, desde obstáculos físicos nas ruas, em edifícios, às barreiras sistêmicas no emprego, além da falta de acessibilidade para sua educação e lazer. Porém, as barreiras mais difíceis de ultrapassar são as atitudes da sociedade em relação às pessoas com deficiência. A sociedade está se concentrando na deficiência de uma pessoa, quando deveria concentrar-se nas habilidades do indivíduo.
barreira atitudinal é uma barreira existente entre as pessoas; é um preconceito que coloca uma parede entre uma pessoa com deficiência e a outra sem deficiência. É uma atitude que exclui.
As barreiras atitudinais geralmente não aparecem isoladas, elas apoiam-se umas nas outras. Vou listar algumas dessas barreiras:
  • Substantivação da deficiência – Referência à pessoa com deficiência como se o seu todo fosse a deficiência: “o cego”, “o Down”. O mais adequado seria: “a pessoa cega” ou “a pessoa com deficiência visual”, “a pessoa com Síndrome de Down”. Sempre considerando primeiramente a condição de ser pessoa. A deficiência é uma caraterística humana.
  • Adjetivação ou rotulação – Atributos depreciativos em função da deficiência. Designar as pessoas como lentas, incapazes, etc.
  • Rejeição – Recusa irracional a receber um público com deficiência, bem como de interagir com esses expectadores. Não oferecer acessibilidade já e uma forma de exclusão.
  • Negação – Desconsiderar as dificuldades para compreensão da obra ou para a participação em evento sem acessibilidade.
  • Medo – Receio de receber o público com deficiência – Temer a reação dos frequentadores do evento; temer fazer ou dizer algo de errado, ou acreditar que o conteúdo possa ferir a pessoa com deficiência.
  • Baixa expectativa (subestimação) – Juízo antecipado e sem fundamento de que a pessoa com deficiência é incapaz de fazer algo, de entender um espetáculo ou mesmo de nele atuar.
  • Efeito de propagação (expansão) – Como se a pessoa com deficiência tivesse suas habilidades cognitivas afetadas. Como se a pessoa surda, por exemplo, tenha também deficiência intelectual e que por isso não compreenderá uma produção cultural.
  • Estereótipos – Representação social “positiva” ou “negativa” sobre pessoas com a mesma deficiência. É como imaginar que todas as pessoas cegas tenham o sentido da audição altamente aguçado, ou que todas as pessoas que usam cadeiras de rodas são dóceis ou tenham que competir em Jogos Paralímpicos.
  • Generalização – Acreditar que porque uma pessoa com determinada deficiência prefere um determinado produto ou serviço, todos os outros com a mesma deficiência também vão preferir.
  • Menos valia – Crença na incapacidade das pessoas com deficiência, avaliar depreciativamente o trabalho por elas desenvolvido. É como se uma obra feita por uma pessoa com deficiência tivesse valor menor que a obra da pessoa sem deficiência.
  • Padronização – Acreditar que todos os indivíduos com a mesma deficiência agem da mesma forma e gostam das mesmas coisas.
  • Particularização – Segregação das pessoas em função de determinada deficiência e entender que elas atuam de modo específico ou particular diferente de todos os outros expectadores que não têm deficiência.
  • Ignorância – Desconhecimento dobre determinada deficiência em relação às habilidades e potenciais daquele que a tem. As pessoas cegas, por exemplo, saber a marcação do tempo em um relógio e visitar museus; as pessoas surdas podem jogar futebol e desfrutar de música, por exemplo.
  • Adoração do herói – Supervalorização/exaltação, elogio desmedido à pessoa com deficiência, como se a capacidade da pessoa fosse algo inusitado ou excepcional. A maioria das pessoas com deficiência não quer elogios pela realização de tarefas do dia a dia, pois o indivíduo simplesmente aprendeu a se adaptar, usando suas habilidades e conhecimentos, assim como todo mundo se adapta a ser alto, baixo, forte, rápido, fácil de lidar, careca.
  • Exaltação do modelo – Uso da imagem da pessoa com deficiência como modelo de persistência e de coragem, comprando-a com o público em geral.
  • Compensação – Sob o manto da piedade e paternalismo achar que o público com deficiência deve ser merecedor de algo além da obra que foi apresentada com acessibilidade.
  • Dó ou pena – Expressão ou atitude piedosa, restringindo-as ou mesmo constrangendo-as. Pessoas com deficiência geralmente não querem piedade e caridade, apenas a igualdade de oportunidades para ganhar o seu próprio caminho e viver de forma independente.
  • Superproteção – É a proteção desproporcional. A sociedade acaba impedindo que a pessoa com deficiência faça suas escolhas.
Quebrando Barreiras
As barreiras atitudinais, que muitas vezes levam à discriminação ilegal, não podem ser superadas simplesmente por meio de leis. O melhor remédio é a familiaridade, a interação das pessoas com e sem deficiência para que se misturem como colegas de classe, colegas de trabalho e conhecidos sociais. Com o tempo, naturalmente, a maioria das atitudes de barreira dará lugar ao conforto, ao respeito e à amizade.
Como você, empreendedor, está se preparando para receber o público de pessoas com deficiência?
Fonte: Administradores
Ricardo Shimosakai | 30/03/2015 às 11:00 | Categorias: acessibilidade | URL: http://wp.me/pSEPi-5JB

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