VIDA DO
CAMPO EM PLENA CIDADE
Quem nos vê em nossa
rotina de trabalho talvez às vezes se espante – dois “idosos” cuidando há
dezoito anos de uma horta de considerável tamanho, gerando sementeiras,
plantando, cuidando de pragas, fazendo reparos, regando, colhendo, organizando
e atendendo a nossa boa freguesia, sem feriado, sem fim de semana, sem folga ou
dias de descanso? Existem dias de trabalho de treze horas.
Sou Leo, com 70 anos
e meu esposo, Wanderley tem 71.
Mocinhos morávamos
em Tupi Paulista, ambas famílias cuidando de lavoura e com uma horta para
consumo próprio. Viemos para Americana, eu trabalhava em comércio e meu marido
em produção têxtil, em regime de turnos.
Ainda trabalhando,
iniciamos a horta com um sócio. Havia dias em que Wanderley chegava às seis da
manhã e ia direto para a horta. Sempre ajudei e também cuidei de tudo em casa.
Conseguimos ajudar nossos dois filhos a cursar ensino universitário. Os dois
netos quase mocinhos comem salada!
Uma rotina destas
favorece a saúde – o Wanderley até brinca dizendo que não se troca por nenhum
dos moços de hoje, e minha densitometria teve resultado ótimo para a minha
idade. E com tantos legumes e folhas, nossa alimentação é variada e vitaminada!
Outra coisa boa é
estar em contato com diferentes pessoas todos os dias – isto enriquece, cria
laços, amizades – aprendo muito com meus fregueses-amigos e ensino um pouco
também.
Mas alguma coisa
precisa mudar, pois é só trabalhando assim que dois “aposentados” conseguem
pagar com tranquilidade um convênio médico particular – o que consideramos uma
segurança necessária.
“O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada.
Caminhando e semeando no fim terás o que colher. ” – Cora Coralina.
Caso real,
Elizabeth Fritzsons da Silva, psicóloga, e-mail:bfritzsons@gmail.com
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